Chapter 12

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Domingo, 19 de maio de 2013 - Bristol, Inglaterra

"Como é que se apaixonou pelo avô James?" ela olhou-me nos olhos, tristeza era visível no seu rosto.

"Não sei." ela abanou a cabeça.

"Como não sabe?" ela suspirou enquanto que revivia os momentos que tinha passado com ele.

"Eu no inicio não gostava dele, pensava que ele era má pessoa." coloquei a minha mao sobre a dela.

"O que a fez mudar de ideias?"

"Não sei, talvez foi por causa das suas palavras, talvez por causa do seu sorriso, talvez da maneira como ele me fazia rir quando eu só queria chorar, talvez por causa da sua preocupação." enruguei a testa "Ele queria sempre proteger-me, mesmo quando era ele quem deviria ser protegido."

"Mas como é que os sentimentos mudaram?"

"Porque eu deixei de ver o exterior e passei a ver o interior." ela sorriu.

Hoje a avó estava bem, podia falar com ela, podia perguntar-lhe tudo o que queria, que ela responderia a tudo com honestidade. Poderia descobrir o que era o amor, o que se deveria sentir.

"O que sentia quando estava a beira dele"

"Eu estava sempre a suar pelas mãos, mas ele não se importava, passávamos horas com os dedos entrelaçados e ele nunca se importava."

"Apenas isso?" voltei a olha-la confusa.

"Não, não!" ela riu-se "Era uma mistura de sentimentos, não consigo explicar, porque existem mil e uma maneira de explicar como me sentia perto dele e nenhuma delas seria suficiente."

A porta abriu-se. Era a minha mãe. "Mãe, esta na hora de tomar os medicamentos e dormir um pouco" a avó acenou com a cabeça enquanto que eu me levantava.

"Depois falamos. E não te preocupes, quando acontecer tu saberás de imediato." ambas sorrimos.

O Harry estava a ver televisão, quando cheguei a sala. Ele só se apercebeu da minha presença quando me sentei ao seu lado.

"Então? Do que estiveste a falar com ela?" ele perguntou ainda com os olhos fixos no ecrã da televisão.

"Nada de especial" ele encolheu os ombros.

Hoje quando acordei, quis vir logo para aqui. Queria fazer tantas perguntas a avó. Mas sempre que eu recebo uma resposta, meia dúzia delas surgem na minha mente, navegando e atormentando-me até que eu receba uma resposta. Nunca consegui receber respostas por mim própria, tenho sempre o pressentimento que estão erradas, que não é o que preciso como resposta. A minha mãe diz que sou como uma criança ainda a descobrir o mundo, que nunca passei a fase das perguntas, a fase dos mistérios que me rodeiam.

"O que pensas tanto?" quando olhei para ele, ele já me observava.

"Nada demais, apenas algumas perguntas." encolhi os ombros.

"Eu sabia!" ele disse entusiasmado, olhei-o confusa "Desde a uns tempos a trás, percebi que so fazes perguntas, que estas sempre a pensar, devias relaxar." ele colocou a mão sobre a minha perna.

"Não consigo, existem tantas coisas por decifrar, as vezes nem consigo dormir" tirei a mão dele de cima de mim.

"Tu tens noção que nunca vais conseguir viver se estiveres sempre a pensar. Deixa que cada pergunta siga o seu rumo e com o tempo tu descobriras tudo o que precisas de saber" ele sorriu e mudou de canal.

"Mas é inevitável não pensar." entrelacei os meus dedos.

"Não te preocupes, eu ajudo-te." levantei a cabeça e olhei-o, ele tinha os olhos fixos na televisão.

"Como?"

"Vou ensinar-te a relaxar e a aproveitar cada momento. Não vais pensar, vais agir."

"Promete-me só uma coisa." ele olhou-me intensamente, os olhos verdes dele estavam a brilhar ainda mais que o habitual.

"Diz la!"

"Não desistas de mim." ele aproximou os seus lábios da minha orelha. Inspirei, senti o seu cheiro a apoderar-se de mim. Cheirava tao bem, tao familiar, mas ao mesmo tempo tao misterioso.

"Nunca." ele sussurrou.

O meu telemóvel começou a tocar, ambos olhamos um para o outro. Depois apenas vi o Harry a correr em direção a cozinha. Segui-o rapidamente, mas ele atendeu o telemóvel antes de eu o apanhar, saltei para as suas costas tentando apanhar o telemóvel.

"Diz." ele riu-se."Sim." Não consegui perceber quem era.

"Dá-me o telemóvel" disse por entre os dentes.

"Interrompes-te um momento muito romântico" ele gargalhou "Eu sei... Fica para a próxima" cai no chão quando o Harry se livrou das minhas mãos.Ele baixou-se e deu-me o telemóvel

"É para ti."

"A serio? E a novidade?" disse sarcasticamente enquanto que lhe tirava o telemóvel.

"Quem é?"

"Sou eu. O Richard." o meu sorriso aumentou de imediato, o Harry revirou os olhos. "Preciso de ti." ele parecia cansado.

"Que se passa?" levantei-me de imediato, dirigindo-me para o jardim.

"Apenas preciso de um abraço e de falar." ele suspirou.

"Onde estas?" "A porta da casa da tua avó."

"Eu já vou." desliguei rapidamente e corri em direção da porta. Quando a abri, ele estava ali, com a cabeça baixa, não pensei duas vezes e abracei-o.

"Anda!" puxei-o pela mão e dirigimo-nos ao antigo quarto da minha mão.Ele sentou-se na cama e não falou por alguns minutos, não o pressionei. Respirei fundo quando mil e uma perguntas brotavam na minha mente.

"Eu gosto de rapazes" ele colocou a cabeça por entre as mãos.

"Mas tu namoraste com a Caroline..."

"Também gosto de raparigas." ele suspirou " sou bissexual "

"Qual é o problema disso? "

"Os meus pais sao homofobicos."

"Tenho a certeza que eles te aceitariam"

"Tenho medo" ele sussurou.

Tirei-lhe as mãos da cabeça, ele olhou-me nos olhos " Não faz mal, vai ficar tudo bem." abracei-o quando ele começou a chorar.

Ele apenas murmurava que tinha medo, vezes e vezes sem conta. E eu consolava-o da melhor maneira que podia.

Quando ele se foi embora, voltei a fechar-me no quarto. Era injusto, simplesmente injusto ele não poder revelar quem ele era de verdade, não poder ser honesto, apenas viver com medo que os pais não o aceitem, que a sociedade o descrimine. Era injusto.

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never forgettovote :)

este capitulo pode conter erros ( escrevi no telemóvel ) sorry xs

double update ahhhhhhhh!

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