Made of ice

Chapter 34

Sábado,19 de Outubro de 2013 - Bristol, Inglaterra 

Sentia-me cansada, apetecia-me dormir por dias ou até semanas, por outro lado queria abrir os olhos o mais rapidamente possível, queria saber o que me tinha acontecido depois de tentar fugir. Doía-me a cabeça como se tivesse batido com ela em algum lado fortemente, ri-me internamente, eu tinha mesmo batido contra um vidro.
Ouvi um ruído ao longe, pessoas a sussurrar, maquinas a trabalhar, onde estaria agora? Ainda a poucos minutos estava num quarto a tentar lutar pela minha liberdade e agora quase que parecia que estava num local mais acolhedor. Não podia baixar a guarda, eles podiam estar por perto e fazer-me mal. Manti os olhos fechados. Sentia uma mão quente a segurar a minha e isso assustava-me, deveria abrir os olhos? Uma porta fechou-se, o que se passava a minha volta? Sentia uma respiração pesada contra o meu braço, quem estaria ali? Abri lentamente os olhos e olhei para o meu braço, senti-me automaticamente aliviada quando o vi a dormir, o que me aconteceu realmente, será que isto tudo não passou de um dos meus devaneios?
Olhei a minha volta e apercebi-me que estava num quarto de hospital, como vim aqui parar? Será que tudo passou de um sonho? Estarei a enlouquecer novamente? Tentei mexer-me na cama mas sentia o meu corpo pesado. Tentei dizer algo mas o cansaço começava a tomar conta de mim, senti a mão dele a apertar mais a minha e olhei para ele.
"Acordas-te!" ele sorriu calorosamente. Os seus olhos brilhavam intensamente no entanto conseguia notar o cansaço nas suas feições, e como por incrível que parece-se ele continuava bonito, continuava maravilhosamente perfeito. Fechei os olhos e abanei-me mentalmente, porque estou a pensar nisto? Porque é que tudo agora se baseia neste rapaz? Não posso deixar-me levar por uma corrente de ilusões, porque no final de contas é só uma ilusão o que vejo a minha frente, não é amor nem paixão, não o posso iludir como me estou a iludir, isto tem que parar. Tentei sorrir mas sentia-me cansada demais para fazer alguma coisa.
"Eu não te quero deixar mas eu tenho que ir chamar a tua mãe, ela pediu-me para a chamar assim que acordasses" ele levantou-se e saiu do quarto a correr.

Dei por mim novamente sozinha num quarto desconhecido, olhei para a janela, chovia torrencialmente, no entanto não conseguia ouvir o som das gotas a embaterem no vidro da janela, sentia a falta de andar a chuva, de brincar nela e sorrir como já não sorria a muito tempo. O sossego do quarto começava a atormentar-me ou talvez fosse o facto de estar vazio, sempre gostei de estar em sítios sossegados, mas neste momento o sossego atraia-me para locais que me assustavam, a solidão, sem ninguém para me ajudar neste tormento mas talvez esse fosse o meu destino, deixar as pessoas fugirem, deixa-las abandonarem-me sem mesmo elas se aperceberem, eu era esse tipo de pessoa, o tipo de nunca poder contar com ninguém. Não me importo de estar sozinha afinal nos somos a melhor companhia que podemos ter, mas magoa ver as pessoas a aparecerem e desaparecerem das nossas vidas constantemente. Não quero sentir mais isto, quero uma vida calma e sem preocupações. Sorri. Sou eu quem provoca estes obstáculos e preocupações porque afinal de contas é fácil viver sem ninguém o problema é não o querer.
"Filha" a minha mãe sussurrou tirando me dos meus pensamentos. "Acordas-te" ela soluçou, o seu rosto estava pálido como se não dormi se a bastante tempo, parecia que tinha envelhecido cinco anos. Franzi a testa. Porque estaria assim? Assustei-a assim tanto desta vez? Tentei abrir a boca para falar mas não conseguia emitir nenhum som, sentia a minha garganta presa, não conseguia falar nem forças tinha para falar, voltei a fechar a boca. A minha mãe passou a mão pelos meus cabelos e sorriu tristemente "Tens que falar comigo quando te sentires..." ela fechou os olhos por uns momentos, talvez a tentar encontrar as palavras certas para não me magoar mais "...mais em baixo, vá agora dorme mais um pouco querida!" ela fez-me mais uma festa e eu voltei a abraçar a minha própria escuridão.

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Peço desculpa pela demora!!! O verão trás mais capitulos ;)