Sábado, 20 de Abril de 2013
"Para!" gritei.
"Não sou capaz" ele respirou fundo "Eu preciso disto" ele passou a mão pela minha bochecha, eu tentei desviar-me, mas não fui capaz, fechei os olhos.
"Eu não quero" eu disse num pequeno sussurro.
"Porque não? O que te impede?" senti o meu cabelo a ser colocado por de trás da orelha.
"Eu não quero" abri os olhos, a raiva começava a apoderar-se de mim
"Mas eu quero" ele riu alto, o som ecoou pela pequena sala.
Mal abri os olhos, observei a rua, um carro tinha passado. Tinha adormecido, outra vez no sofá, espreguicei-me ainda deitada, começando a sentir as dores.
Os sonhos tinham voltado, mas não me importei, já não me assustavam como dantes, com o tempo comecei a perceber que era tudo fruto da minha imaginação. Nunca tinha visto aquele homem na minha vida, nunca tinha estado naquela casa e muito menos seria fraca ao ponto de não dar luta.
"Pintaste o cabelo" olhei tão rapidamente que o meu pescoço começou a doer ainda mais. "Essa cor fica-te bem, o que disse a tua mãe quando te viu?" a sua voz estava mais rouca do que me lembrava e os seus olhos mais brilhantes.
"O que fazes aqui?" disse rapidamente, sem mostrar qualquer emoção.
"Vim ver como estas" ele começou a brincar com as mãos. "Pensava que ias estar mais..." ele não terminou.
"Eu estou bem! Não é a primeira vez que isto acontece." olhei para a estrada, um carro parou em frente a minha casa.
"Mas... ele é o teu pai" ele levantou-se da cama, começou a passear pelo meu quarto.
"Ele é forte, nunca nada o derrubou." observei-o, ele estava nervoso. "Porque estas aqui?" voltei a repetir.
"Já te disse" ele parou a observar as minhas fotos. "Onde foi isto?" ele apontou para a parede repleta de fotos. Eu fui ter com ele.
"Marrocos, Portugal e Espanha" olhei para as fotos, tinha ido a Marrocos quando tinha 12 anos, a Espanha ia todos os anos, as ditas "férias de verão durante o mês de maio"
"Tens tantas" ele olhou para mim
"Eu vou a Espanha todos os anos, além disso Portugal é onde vivia, é claro que tenho muitas de lá." olhei também para ele "O que fazes aqui?" já começava a ficar farta de lhe estar sempre a perguntar o mesmo.
"Estive com a tua mãe a três dias atrás, ela disse-me que o teu pai tinha levado um tiro, pensei que precisasses de alguém." cruzei os braços.
"Não preciso de ti!" disse bruscamente.
"Podes parar? Eu sei que errei, mas..." ele voltou a sentar-se na cama. ""
"Cala-te! Já estou a perder a paciência contigo, outra vez!" .
"Não precisas." ele sorriu.
"Já viste como estou, podes ir embora!" dirigi-me á porta e abri-a.
"A tua mãe disse que podia ficar o tempo que quisesse" ele deitou-se na minha cama colocando os braços por debaixo da cabeça. Ele piscou-me o olho enquanto que sorria.
"Não quero saber, vai para onde tu quiseres, mas no meu quarto tu não ficas" fui ao encontro da cama e comecei a puxa-lo pelos pés, mas ele era muito pesado. "Devias fazer dieta." disse ofegante.
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Made of ice
Ficção Adolescente"Quando era pequena, costumava chorar por tudo e por nada. Hoje, com 17 anos apercebo-me que me estou a tornar numa pessoa fria." "Não és fria, és verdadeira" olhei-o nos olhos " é isso que mais gosto em ti" ele sorriu e foi nesse momento que perce...