Chapter 8

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Sábado, 20 de Abril de 2013 

"Para!" gritei. 

"Não sou capaz" ele respirou fundo "Eu preciso disto" ele passou a mão pela minha bochecha, eu tentei desviar-me, mas não fui capaz, fechei os olhos. 

"Eu não quero" eu disse num pequeno sussurro. 

"Porque não? O que te impede?" senti o meu cabelo a ser colocado por de trás da orelha. 

"Eu não quero" abri os olhos, a raiva começava a apoderar-se de mim  

"Mas eu quero" ele riu alto, o som ecoou pela pequena sala. 

Mal abri os olhos, observei a rua, um carro tinha passado. Tinha adormecido, outra vez no sofá, espreguicei-me ainda deitada, começando a sentir as dores. 

Os sonhos tinham voltado, mas não me importei, já não me assustavam como dantes, com o tempo comecei a perceber que era tudo fruto da minha imaginação. Nunca tinha visto aquele homem na minha vida, nunca tinha estado naquela casa e muito menos seria fraca ao ponto de não dar luta. 

"Pintaste o cabelo" olhei tão rapidamente que o meu pescoço começou a doer ainda mais. "Essa cor fica-te bem, o que disse a tua mãe quando te viu?" a sua voz estava mais rouca do que me lembrava e os seus olhos mais brilhantes. 

"O que fazes aqui?" disse rapidamente, sem mostrar qualquer emoção. 

"Vim ver como estas" ele começou a brincar com as mãos. "Pensava que ias estar mais..." ele não terminou. 

"Eu estou bem! Não é a primeira vez que isto acontece." olhei para a estrada, um carro parou em frente a minha casa. 

"Mas... ele é o teu pai" ele levantou-se da cama, começou a passear pelo meu quarto. 

"Ele é forte, nunca nada o derrubou." observei-o, ele estava nervoso. "Porque estas aqui?" voltei a repetir. 

"Já te disse" ele parou a observar as minhas fotos. "Onde foi isto?" ele apontou para a parede repleta de fotos. Eu fui ter com ele. 

"Marrocos, Portugal e Espanha" olhei para as fotos, tinha ido a Marrocos quando tinha 12 anos, a Espanha ia todos os anos, as ditas "férias de verão durante o mês de maio" 

"Tens tantas" ele olhou para mim  

"Eu vou a Espanha todos os anos, além disso Portugal é onde vivia, é claro que tenho muitas de lá."  olhei também para ele "O que fazes aqui?" já começava a ficar farta de lhe estar sempre a perguntar o mesmo. 

"Estive com a tua mãe a três dias atrás, ela disse-me que o teu pai tinha levado um tiro, pensei que precisasses de alguém." cruzei os braços. 

"Não preciso de ti!" disse bruscamente. 

"Podes parar? Eu sei que errei, mas..." ele voltou a sentar-se na cama. "" 

"Cala-te! Já estou a perder a paciência contigo, outra vez!" . 

"Não precisas." ele sorriu. 

"Já viste como estou, podes ir embora!" dirigi-me á porta e abri-a. 

"A tua mãe disse que podia ficar o tempo que quisesse" ele deitou-se na minha cama colocando os braços por debaixo da cabeça. Ele piscou-me o olho enquanto que sorria. 

"Não quero saber, vai para onde tu quiseres, mas no meu quarto tu não ficas" fui ao encontro da cama e comecei a puxa-lo pelos pés, mas ele era muito pesado. "Devias fazer dieta." disse ofegante. 

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