Sexta-feira, 1 de Fevereiro de 2013 - Bristol, Inglaterra
Ele não podia ter dito isto, não podia ser verdade. Quando cheguei perto dele esta manhã, eu tinha mesmo esperança que ele disse-se muita coisa, mas não isto.
"O que disseste?" eu perguntei irritada.
Ele suspirou enquanto que passava a mão pelo cabelo, ele olhava para todos os lugares menos os meus olhos."A verdade é que fiz um acordo com a menina Elizabeth. Se me torna-se teu amigo, já não teria que limpar as escola no fim das aulas." Eu apertei as minhas mãos, estava a conter-me muito para não lhe dar um murro.
"Não preciso da vossa pena, estou muito bem assim. Não preciso das tuas falsas promessas e amizades." eu olhei-o nos olhos e sorri "Foi divertido enquanto durou?"
Ele estreitou os olhos, não estava a perceber a minha súbita mudança de humor "Não foi divertido, foi um trabalho."
Eu ri-me alto, os alunos que se encontravam no corredor começavam a olhar para nos "Sabes o que es? Um miúdo mimado, que pensa que consegue tudo fazendo batota e passando por cima das pessoas. Eu não sou um trabalho, sou uma pessoa!" a minha voz começou a aumentar mas não quis saber "Não sei como fui tão idiota, vocês são todos iguais. Nenhum sabe ser sincero, todos uns interesseiros."
"Todos? Estas a falar de que?" ele tentou agarrar-me o braço mas eu desviei-me "Sofia?"
"Se me tocas com um dedo que seja, eu juro que vais acabar a deitar sangue." eu disse por entre os dentes, não aguentava mais, estava a ficar enervada demais.
"Por favor tem calma" ele olhou a nossa volta e sussurrou-me "Não faças uma cena"
"Esta bem, eu não faço uma cena" ele sorriu "Mas só não faço se tu deixares de usar as pessoas"
"Eu não uso as pessoas" ele olhou-me nos olhos intensamente
"Bem me avisaram, sou mesmo burra!" levantei os braços mas depois suspirei "Pelo menos não fui estupida ao ponto de confiar assim tanto em ti."
"Vais parar? Eu não fiz nada de mal" ele apontou para ele e depois para mim "Até te fiz um favor, se não fosse eu andavas por ai a vaguear nos corredores, não terias ninguém para falar, serias uma solitária" ele sorriu "Tu tens é que me agradecer!"
Eu não estava a aguentar mais ouvir a voz dele, a cada palavra que ele dizia parecia uma facada nas costas "Oh, não te preocupes eu agradeço" levantei o braço e dei-me um murro na cara, com todo o desprezo e raiva e que tinha acumulado, ele caiu no chão "Obrigada Harry!" eu sorri e depois caminhei em direção as portas principais da escola.
Quando abri as portas, eu respirei fundo. Ele magoou-me quando disse aquilo pela primeira vez, da segunda apenas me deixou chateada e no fim foi como libertar as más energias. Isto já não me deixa triste como me deixava, tornei-me forte, não me apego as pessoas facilmente, já não consigo confiar em ninguém, já não sinto nada...
A minha mãe ia ficar chateada comigo se eu fosse para casa, mas eu sei que no fim de contas ela ia perceber tudo, ela compreende sempre.
Enquanto que caminhava para casa lentamente, comecei a sentir algumas gotas de chuva a bater contra o meu corpo, comecei a sorrir, sentia a falta disto, olhei ao meu redor, avistei uma enorme possa de agua, estava a usar as minhas botas preferidas, tirei-as, ficando apenas de meias e corri. Mal os meus pés embateram na agua, eu ri-me bem alto, foi ótimo, foi como se a melhor parte da minha infância começa-se a reaparecer dentro de mim.
* * *
A minha mãe acabou por não fazer perguntas quando chegou a casa e me viu trancada no quarto, ela percebeu que era um daqueles momentos em que eu não queria ser incomodada.
"Está aqui o jantar" disse batendo na porta e entrando lentamente. "Devias comer algo" eu acenei com a cabeça e voltei a concentrar-me no computador. "Seja o quer que esteja a incomodar-te eu sei que vais ultrapassar, como sempre o fazes." depois só ouvi a porta a bater. Fechei o ecrã do computador e fui para a minha janela. Quando me sentei no sofá ali encostado, observei a rua, estava tudo escuro, e apenas se conseguia ver algumas lâmpadas ao longo da rua.
Se alguém passa-se mesmo em frente á minha casa eu não a iria ver, mas ela provavelmente iria ver-me a mim, mas o que iria ver em mim? Provavelmente nada de interessante, nada de relevante, nada que me destaca-se dos outros, nada de especial.
Quando andava no quarto ano, a professora Camila perguntou-me o que queria ser quando cresce-se, eu ri-me, porque já naquela altura eu sabia que nada mudaria. A realidade é que não tenho nenhum talento, não sei no que seria boa, porque na realidade não sou a melhor em nada, o meu sorriso não encanta ninguém, sou trapalhona demais, preguiçosa e não consigo obedecer a ninguém. Por isso é que quero tirar um ano depois da minha graduação, quero viajar, porque isso é o que sei fazer de melhor, afastar-me de tudo e de todos. Quero ler um bom livro no Central Park, quero saltar de um avião sem ter medo de morrer, quero ir á ilha da pascoa e ver o quão pequena sou ao lado das estatuas, quero ir a Itália comer pizza e massa, quero ir ao festival das cores na India, quero tentar endireitar a torre de pisa, mil e uma aventuras e experiencias que quero ter antes de saber o que quero fazer com a minha vida. Acho que no fim de contas só quero saber aonde é que me vou poder encachar.
Estava a ficar mais frio, abracei-me a mim própria enquanto que ouvia 'Don't Stop Believin'' dos Journey. Eu adoro esta musica, não sei bem porque, sempre me encantou, mesmo que algumas partes não tenham nada a ver comigo. Fechei os olhos enquanto que ouvi a minha parte preferida.
"Working hard to get my fill
Everybody wants a thrill
Payin' anything to roll the dice
Just one more time
Some will win, some will lose
Some were born to sing the blues
Oh, the movie never ends
It goes on and on and on and on
Strangers waiting
Up and down the boulevard
Their shadows searching in the night
Streetlights, people
Living just to find emotion
Hiding somewhere in the night"
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Desculpem a demora mas foi um fim-de-semana agitado. Espero que tenham gostado, e votem e comentem para eu noa me sentir tao perdida em relaçao ao que estao a achar desta historia.
O que acham desta nova faceta do Harry? Sera que é verdadeira? Sera que ele foi verdadeiro com a sofia? E a reacçao da Sofia? Comentem a dizer o que acham disto tudo...
Beijos...
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Made of ice
Novela Juvenil"Quando era pequena, costumava chorar por tudo e por nada. Hoje, com 17 anos apercebo-me que me estou a tornar numa pessoa fria." "Não és fria, és verdadeira" olhei-o nos olhos " é isso que mais gosto em ti" ele sorriu e foi nesse momento que perce...
