Quarta-feira, 26 de junho de 2013 - Bristol, Inglaterra
Eu coloquei o lápis sobre a mesa e olhei a minha volta, ainda faltavam vinte minutos para o exame acabar e os outros alunos continuavam inquietos a escrever apressadamente. Não conhecia ninguém naquela sala, por isso, escolhi o lugar a janela, sempre gostei de olhar lá para fora no fim dos testes, era relaxante e não me fazia pensar tanto se errei alguma pergunta ou não. Não queria rever o teste, dava-me azar e o mais provável seria riscar tudo e escrever algo sem nexo.
Eu limpei a minha testa, hoje estava calor, muito calor, nunca tinha sentido um dia tão calorento desde que tinha chegado aqui. Era bom sentir o sol a brilhar contra o meu rosto, a iluminar-me, mas por outro lado, só me apetecia entrar dentro de uma piscina e ficar lá eternamente a refrescar-me. O bom de quando esta frio é que posso vestir toda a roupa possível e imaginável para me aquecer, mas quando está calor como esta hoje estar nua não seria suficiente para não sentir calor.
Mexi-me na cadeira, sentindo-me de repente muito desconfortável, pelo tempo estar a passar devagar, ainda faltavam onze minutos e eu só desejava beber uma garrafa enorme de agua bem fresca. Não era boa com o calor, suava por todos os lados o que tornava uma imagem perturbadora para quem olha-se para mim. Abanei a minha camisola tentando deixar entrar um pouco de ar, mas apenas aliviou um pouco o meu desconforto. Deviam arranjar o ar condicionado desta sala, ou pelo menos arranjar uma ventoinha para cada aluno, isso iria facilitar e muito o nosso desempenho.
A professora olhou para mim de forma estranha, desde que chamou pelo meu nome e me olhou de alto a baixo, senti que ela não gostava de mim, não tinha razoes para não gostar de mim, afinal nunca tínhamos falado na vida, talvez fosse o facto de eu ter passado metade do teste a olhar para a janela ou para o outros alunos, talvez pensa-se que eu não queria nada da vida e simplesmente estivesse ali para ver a vida dos outros seguir o seu rumo enquanto que eu ficava aqui a observar. O outro professor tinha sido amável comigo quando me entregou o teste desejando-me boa sorte tal como o ouvi dizer aquilo mais algumas vezes, ele estava sempre a sorrir enquanto que passeava por entre as filas, talvez estivesse orgulhoso por ver os alunos tao aplicados a escrever.
"Já acabaste?" ele olhou para o meu teste e depois para mim, sorrindo amavelmente. Eu acenei. "Muito bem" ele continuou a andar.
"Têm cinco minutos" a professora avisou severamente, o resto dos alunos mexeram-se nas suas cadeiras preparando-se para escrever ainda mais depressa. A duas mesas a minha frente uma rapariga já tinha acabado tal como eu, encontrava-se a brincar com o lápis. Eu sorri e voltei a olhar para a janela. Na verdade não havia nada de interessante para ver lá fora, apenas via o jardim da escola e depois as casas do outro lado da estrada, lá fora não se encontrava ninguém, o jardim estava imaculado e a rua deserta, mas que dentro de poucos minutos ficaria movimentado e toda a paz que se via tornar-se-ia em desordem. Já conseguia imaginar os alunos a falarem de como tinha corrido o exame, a sentirem-se aliviados enquanto que saiam da escola contentes por não terem que estudar mais. Eu sentia-me aliviada, tinha passado estas ultimas semanas impaciente enquanto que estudava, nunca gostei de estudar e acho que nunca vou gostar, para mim era algo maçador e sem interesse. O Harry tinha aparecido ocasionalmente na minha casa a pedir para irmos passear mas eu expulsava-o sempre da minha casa sem o deixar acabar a frase, não me podia dar ao luxo de passear, porque por mais que não aprecia-se estudar, eu tinha que o fazer sem distrações, eu precisava de tirar ótimas notas, eu dependia disso.
A campainha tocou fazendo-me saltar da minha cadeira, os professores já estavam a recolher os exames. Quando terminaram toda a gente saiu daquela sala abafada. Os corredores estavam movimentados demais e o barulho tinha aumentado de tal forma que até doía.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Made of ice
Dla nastolatków"Quando era pequena, costumava chorar por tudo e por nada. Hoje, com 17 anos apercebo-me que me estou a tornar numa pessoa fria." "Não és fria, és verdadeira" olhei-o nos olhos " é isso que mais gosto em ti" ele sorriu e foi nesse momento que perce...