Chapter 17

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Domingo, 2 de Junho de 2013 - Benidorm, Espanha 

"Eu voltei a beijar os seus doces lábios, ele puxou-me mais para ele, mas era impossível aproximarmo-nos mais. Quando nos separamos apenas se ouvia as nossas respirações no quarto, ele mexeu as suas mãos sobre a minha anca enquanto que eu brincava com o seu cabelo, eu gostava do seu cabelo, macio mas selvagem ao mesmo tempo. 

Não conseguia controlar os meus pensamentos, estava confusa, não sabia o que estava a sentir, sentia-me perdida, não devia de ter bebido, não me conseguia recordar porque tinha bebido tanto, mas tinha gostado da sensação do álcool a percorrer a minha garganta. Estava sentada em cima dele, apenas um pequeno tecido nos separava, o dos seus boxers, não me sentia incomodada por estar nua, não sentia vergonha por me ter despido tão facilmente, não tinha frio, aliás sentia muito calor, talvez fosse por causa de ele me estar abraçar, talvez fosse por causa do desejo que sentia naquele momento. 

Sorri-lhe e comecei a beijar o seu queixo cuidadosamente, desci até ao seus pescoço, percorrendo-o e deixando marcas desta noite, deste momento. Ele voltou a sussurrar o meu nome e eu sorri contra o seu pescoço. 

"Quando vais tirar esses boxers?" tentei fazer uma voz sedutora mas apenas saiu uma voz rouca e desleixada. 

"Sabes que não vou fazer sexo contigo." ele deixou escapar uma gargalhada e eu levantei a cabeça observando-o confusa. 

"Porque não? Pensava que também querias." 

"Sofia." ele suspirou enquanto que percorria o meu corpo exposto com os seus olhos, as suas mãos apertaram-me mais "Eu quero mas não posso tirar-te a virgindade, estás bêbeda e cansada, devias dormir" ele voltou a suspirar. 

"Mas eu quero." olhei-o nos olhos e voltei a mexer no seu cabelo tentando persuadi-lo "Não me importo que me tires a virgindade, não significa nada para mim este momento" deixei as palavras voarem da minha boca lentamente. 

"Não podemos"  

"Porque?" 

"Somos amigos, nunca me perdoaria se te magoa-se, além disso se algum dia quiseres tens que estar sóbria. Nem pareces tu, quando falas dessa forma, não te devia ter dado bebidas" ele suspirou e olhou intensamente para mim "Tens que fazer com alguém que gostes, não comigo. És especial demais para fazer comigo..." abracei-o e coloquei a minha cabeça sobre o seu ombro, o cansaço começava a acumular-se, já não conseguia ouvir mais do que ele dizia, as palavras dele pareciam derivar na minha cabeça mas não conseguia perceber mais o que ele dizia." 

Observei o céu pouco estrelado, não tinha comparação com o que observava quando estava na casa dos meus avós, aqui as estrelas eram obstruídas pela luz dos prédios, lá o céu era preenchido por estrelas. Eu gostava daquele céu, não deste, este era vazio e sem vida, o outro tinha mais vida do que se podia explicar, era magnifico. 

Mexi com as mãos na agua, não sabia a quanto tempo estava ali, apenas parecia o lugar certo para estar naquela noite, não fechada no quarto a observar um quarto vazio e escuro. O Harry não tinha dormido no quarto, sinceramente não sabia onde estava mas sentia que tinha que lhe agradecer pelo que fez, por me impedir. Não podia acreditar que ele tinha dito aquilo, mas desejava não ter adormecido a meio do seu discurso sobre o quão especial eu era, ele gostava de mim, éramos mesmo amigos e isso aquecia-me o coração. Deixei-me afundar, não me apetecia flutuar mais, deixei-me ir ao fundo até não conseguir respirar mais, quando voltei á superfície comecei a nadar, percorri a piscina várias vezes até ficar cansada. Quando parei, olhei a minha volta tentando recuperar a respiração.  

O Harry estava de pé a observar-me, não sabia a quanto tempo ele estava ali, com as mãos nos bolsos e encostado  á parede. 

"A quanto tempo estás ai?" ainda estava ofegante, ele não me respondeu, talvez tivesse falado baixo demais. 

"Não sei" ele caminhou na minha direção e parou na margem da piscina. "E tu?" 

"Acordei as 4h por isso, estou aqui desde essa hora" nadei na sua direção colocando os meus braços sobre a pedra quente. 

"Pensava que estavas cansada" ele sentou-se no chão, mesmo ao meu lado, as suas pernas mexiam-se dentro de agua enquanto que as suas mãos repousavam na pedra quente. Os seus olhos estavam ainda mais bonitos com a luz que vinha da piscina. 

"Nunca consegui dormir muito" encolhi os ombros "Onde estiveste?" 

"Por ai..." ele não olhava para mim, não conseguia perceber porque.  

"O que tens? Estas esquisito." 

"Desapareceste durante o dia inteiro e quando finalmente apareceste nem falaste comigo em condições." 

"Desculpa, é que... eu ..." não conseguia explicar-me. Suspirei. "Estava confusa em relação ao que se tinha passado" 

"Nós não fizemos sexo." ele olhou-me intensamente 

"Eu agora sei, eu estava apenas confusa e cansada, mas já não estou" eu sorri "Obrigada" 

"Porque?" ele olhou-me confuso. 

"Por não me deixares ter o pior sexo da minha vida" eu ri alto. Sentia que tinha que quebrar esta conversa monótona e séria. 

"Estas tão enganada" ele também se riu. "A que horas é o avião?" 

"As nove horas" eu olhei para o céu, já começava a clarear. 

"Devias dormir mais um pouco" ele olhou para o seu reflexo na agua. 

"Prefiro ficar aqui, a flutuar." afastei-me dele e relaxei sobre a agua fechando os olhos "Anda, a agua está boa" sussurrei. Ele não me respondeu, mas também não abri os olhos para saber se ele ainda estava ali. Poucos minutos depois ele entrou dentro de agua, eu sorri. Continuamos sem falar um com o outro, talvez pelo facto de eu ter fechado os olhos e ignorado os seus movimentos perto de mim. Ele não estava a flutuar, havia muito movimento na agua. Abri os olhos e voltei a ficar de pé, ele também estava de pé. "Porque não flutuas?" 

"Não gosto, fico com sono" aproximei-me mais dele. 

"Tu estas mesmo bem?" olhei-o preocupada. 

"Não quero voltar para casa." ele brincou com a água. 

"Porque?" aproximei-me mais dele. 

"Discuti com a minha irmã, ela não queria que eu viesse" ele abanou a cabeça e riu-se "Ela ainda me trata como um bebé as vezes" 

"E os teus pais?" falei lentamente não querendo apressa-lo, não queria vê-lo a fugir ao assunto. Queria mesmo que ele me contasse que o que se passava mas tinha medo que ele me contasse que os pais o tinham abandonado ou que lhe tinham feito algo terrível, não saberia o que lhe dizer e isso assustava-me. 

"Eles nada, eu estou sob a guarda da minha irmã." o seu queixo ficou tenso, acenei com a cabeça, não devia falar mais sobre este assunto. 

"Vamos nadar?" eu sorri-lhe e ele acenou com a cabeça aliviado por eu mudar de assunto, sem lhe dar tempo comecei logo a nadar, queria ganhar e para isso teria que quebrar a algumas regras, mas foi inútil, ele acabou por me passar a frente e ter uma vitória pouco renhida.  

Eu sabia, que se quisesse que ele me contasse o que se passava com os pais teria que ir com calma, teria que ter paciência, mas eu não conseguiria ser paciente por muito tempo, nunca o consegui ser. 

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