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''Eu sei que você não consegue lembrar como brilhar
Seu coração é um pássaro sem asas para voar
Tem alguém aí fora?
Você pode pegar esse meu peso?''
(2018 - Ruelle)
Seis
Meu pai aparece no quarto algumas horas depois da nossa pequena conversa que tivemos. Guardo meu livro na prateleira e sento na cama para ouvi-lo dizer o que quer que eu faça, ele manda eu me arrumar, pois nessa mesma manhã pretende me levar ao grupo de apoio, mesmo eu dizendo que não estou querendo sair hoje, nem agora, sequer amanha ou nem ao menos essa semana. Mas eu não tenho escolha, eu tenho que ir, por ele e talvez por mim mesmo.
Olho-me no espelho no tempo em que estou penteando meus cabelos, vejo a marca roxa ainda presente em meu pescoço, eu ainda sinto como se ele estivesse me sufocando toda vez que eu passo meus dedos pelo meu pescoço. Noto pelo canto dos meus olhos Camila me observando enquanto eu coloco um cachecol de tecido fino sobre o pescoço marcado. Saio do banheiro ao ouvir minha mãe me chamando da cozinha vou até a cozinha e pego uma maçã que está sobre a mesa e saio de casa entro no carro comendo, percebo que Camila já se encontra sentada do meu lado sorridente, como se estivesse adorando que enfim eu vou sair, sendo que não é por vontade própria.
Vai da tudo certo, Nadia.
Eu suspiro deitando minha cabeça na poltrona do carro, fecho os olhos e fico pensando no que ela dissera, vai da tudo certo? Será mesmo que vai? Não acredito nisso faz um bom tempo. Como nem acredito que ela realmente seja real. Sinto essa angustia dentro de mim dizendo que não estou pronta para recomeçar, talvez seja parte do medo que tenho e que porventura passe, no entanto, quando isso irá passar? Quando poderei andar normalmente pelas ruas sem sentir medo, sem que algo martele na minha mente que tudo irá dar errado, que estou em perigo? Quando? Nunca mais?
— Chegamos querida! — minha mãe exclama, tirando-me dos meus pensamentos enquanto me fita pelo retrovisor.
Olho pela janela e vejo a placa grudada acima da porta dizendo ''grupo de apoio para jovens''. Sinto meus batimentos cardíacos aumentarem e em poucos segundos já me vejo soando sem parar. Eu sinto minha garganta da um nó de vontade de chorar e eu sei o que está acontecendo comigo. Eu estou entrando em pânico, não quero sair do carro de forma alguma. Noto minha mãe fazer um gesto com a mão para que eu saia do carro, mas eu não consigo me mexer e nem mesmo falar, o nó na minha garganta já está fazendo latejar. Eu nego no momento que consigo me mexer e a vejo olhar para meu pai com uma expressão tristemente irritada. Meu pai sai do carro e abre a porta de trás e segura minhas mãos, para me fazer parar de tremer:
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Uma Vida - Inacabada
Teen Fictionvolume:1 * ''Nosso sobrenome é Oliveira, igual à árvore oliveira que nasceu há mais de 3.000 anos antes de Cristo e que demora quase 10 anos para poder cultivar. O sobrenome Oliveira está na nossa família desde século XVIII e nunca mais morreu''. É...