Ondas
''Tem uma tempestade se formando
E estou preso no meio disso tudo
E isso toma o controle
Da pessoa que eu pensei que eu era''
(2019 - Dean Lewis)
Doze
Entro ofegante na rua chamada de noventa nove e corro até o prédio mais chamativo da rua, entro e tento dialogar com a recepcionista que me lança um olhar preocupado, porém quase não consigo falar nada:
— Meu. Pai... Onde. Quero. Meu pai... Agora.
— Mas... Nadia ele está em uma reunião nesse momento.
Respiro fundo tentando recobrar o fôlego e respondo-a:
— Não, quando se trata de mim me der licença que vou atrás dele.
— Mas... Você não pode... — saio em disparada para não ouvir sua frase que eu já ouvira algumas vezes em meus poucos anos.
Observo o corredor branco e a porta transparente onde consigo enxergar dois executivos conversando entre eles, parecendo incomodados com algo, enxergo papelada espalhada pela mesa de todas as cores, do amarelo ao vermelho. Coloco minha mão sobre a maçaneta da porta enquanto ouço meus batimentos ficarem cada vez mais alto. Já não ouço nada a minha volta, só meu coração, e por um instante, passa pela minha cabeça como seria a sensação de não ouvir mais ele batê-lo. Eu ficaria mais desesperada do que já me encontro? Eu abro a porta e me encosto-me à batente sentindo minhas pernas morrerem ali mesmo. Minha visão fica embaçada pelas lágrimas ao notar os olhos preocupados de meu pai. Eu consigo enxergar no fundo ele perguntar algo, no entanto, eu não consigo assimilar o que seja. Já não ouço nada, alem de mim mesma. Estou em pânico.
▼ ▲ ▼ ▲
Não consigo enxergar muita coisa, mas consigo sentir as mãos dela tremerem bastante. Eu não sei o que está acontecendo, porem não me sinto tão bem dentro dessa coisa que anda rápido demais para meu gosto. Tento de alguma forma segurar a mão de minha mãe no escuro dessa coisa que não parece ter luz além dos postes da noite passando rápido pela velocidade. Ela não retribuiu meu gesto, mesmo que não pareça muito estou com medo. Acordaram-me no meio da noite me colocaram nesse brinquedo andador e só me disseram para ficar quieta, eu não entendo esses rostos me olhando nervosos.
— Vovó o que está acontecendo? — pergunto em seu ouvido.
— Nada, só estamos fazendo um passeio.
— Mas por que a noite? Não devíamos sair de dia?
— Logo você vai entender. Agora durma se estiver com sono. — pousou minha cabeça em seu ombro.
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Uma Vida - Inacabada
Teen Fictionvolume:1 * ''Nosso sobrenome é Oliveira, igual à árvore oliveira que nasceu há mais de 3.000 anos antes de Cristo e que demora quase 10 anos para poder cultivar. O sobrenome Oliveira está na nossa família desde século XVIII e nunca mais morreu''. É...