Escorregar
''Águas escuras desmoronando
Você era a luz que eu conhecia
Não sabe como fingir
Eu não sou à prova de balas''
(2018 - Ruelle)
Oito
Fico na ponta do pé no tempo em que sinto meus dedos tocarem a capa do livro que está em cima da prateleira, onde não devia estar por eu ser um pouco baixa, não consigo atingir certas alturas acima da minha. Percebo uma leve ardência em meu braço provavelmente causado por esticar demais, abro o livro na página em que coloquei um marca página. Deito na cama de brusco e leio até ouvir a porta do meu quarto abrir-se, ele entra com uma colher em uma mão e na outra com um pote pequeno com um líquido amarelo que tenho ideia que seja mel. Fico sentada no tempo em que ele chega mais perto de mim colocando a colher dentro do pote tirando-a para eu tomar, eu bebo para que eu tenha um pouco mais de energia e para melhorar a garganta irritada e dolorida. Depois novamente eu volto para o meu mundo imaginário que crio em minha mente enquanto leio as páginas que eu queria que nunca tivesse que terminar, cada capítulo que eu leio é um mais perto do fim. O que me faz refletir que nada é para sempre que tudo tem um fim, o mundo em que vivemos não é como o céu que se encontra ligado, e você pode sobrevoá-lo completamente varias e varias vezes, mas nunca vai se acabar é uma bola sem um fim. Como dizem que o universo também é: uma imensidão sem um fim, e talvez isso torne o nosso planeta um bom lugar. Por que a vida que há nela não é eterna, os pontinhos que o universo vê ao encarar a bola rodando vagarosamente, cada um desse tem o seu prazo de validade para morrer.
Levanto-me da cama guardando o livro junto com os outros, olho em direção à janela e vou até ela, abro-a e começo a fitar o céu o mesmo está tão azul que não se enxerga nenhuma faixa de nuvem que, parece neve pronta para cair do céu e afundar a cidade num ''mar branco'' — o que não acontece triste realidade. Sinto lágrimas brotarem em meus olhos e tento não as deixar caírem, mas não consigo e no fim elas caem. Passo meus dedos pelo meu rosto tentando limpar as lágrimas quentes que descem mesmo eu sentindo minha garganta latejar de vontade de eu chorar compulsivamente. Sento-me colocando minhas costas na beirada da cama pouso minha cabeça nas minhas pernas cobrindo-as enquanto no escuro das minhas pernas sinto as gotas toda saltando para o chão. Camila descansa sua mão em meu ombro tentando de algum modo mostra-me que não estou sozinha, viro minha cabeça tentando enxergá-la no meio da visão embasada pelas lágrimas. Ela sorri de canto e comenta com sua voz suave e calma:
— Você não está sozinha. Eu estou aqui com você e sempre estarei não se esqueça disso. As lembranças são uma tortura, dormir é uma tortura, viver está sendo torturante. Eu sei o que está passando, no entanto, uma forma de se sentir melhor é se libertando, saia da gaiola em que você se fechou e se liberte. Só assim você vai melhorar.
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Uma Vida - Inacabada
Teen Fictionvolume:1 * ''Nosso sobrenome é Oliveira, igual à árvore oliveira que nasceu há mais de 3.000 anos antes de Cristo e que demora quase 10 anos para poder cultivar. O sobrenome Oliveira está na nossa família desde século XVIII e nunca mais morreu''. É...