Viva
''Eu cometi todos os erros possíveis
Que você poderia cometer
Eu engoli, e engoli, e engoli o que você fazia
Mas você nunca notou que eu estava sofrendo''
(2016 - Sia)
Quatorze
Duas semanas depois
Eu faltei na escola desde dia que eu vi aquela foto terrível de mim, no entanto é hora de eu levantar dessa vida sofrida que me encontro cheia de demônios querendo me derrubar, se eu não enfrentá-los não conseguirei seguir mais em frente com a minha vida.
Acordo bem cedo antes mesmo de conseguir ouvir os pássaros cantarem. Decido tomar um banho demorado como geralmente faço nos dias que acordo muito cedo. Analiso meu corpo enquanto sinto a água quente percorrer todo meu corpo, passo minha mão esquerda pelas minhas cicatrizes queloides, queimaduras no quadril e coxa direita. Meu corpo não é uma escultura linda de se admirar por muito tempo, não mais. Agora ele é uma escultura toda destruída que nunca terá conserto por fora e nem por dentro. Igual uma flor bela. Quando se é esmagada em sua mão ela nunca volta ao seu estado natural que um dia era, belo.
Depois de levar um tempo para me arrumar saio do meu quarto, já uniformizada e perfumada. Sento-a mesa na espera dos minutos parecem mais rápido, no entanto, quando não se tem nada para fazer além de observar, o tempo não parece passar nunca. Deito minha cabeça sobre minhas mãos que estão apoiadas na mesa e fecho os meus olhos, na espera de quando abri-los já esteja na hora de sumir dessa casa.
Não consigo enxergar muito bem o lugar a minha volta, no entanto, uma luz forte se acende acima de mim — onde só consigo me enxergar, noto que estou algemada e de repente sinto meu coração palpitar e percebo que estou apavorada, eu estou novamente no porão? E um pesadelo ou não? Observo Camila agarrar suas mãos em meu rosto fortemente enquanto sinto-as tremerem em minha pele, ela sussurra em meus ouvidos:
— Vai ficar tudo bem.
Fecho meus olhos forte quando noto a luz apagar e aceder repetidamente e ele cada vez mais perto de nós. E minha mente martela cada vez mais forte de novo não, de novo não, por favor, de novo não.
— Nádia. Acorde! — grita Camila.
Levanto-me em um salto e acabo derrubando a cadeira atrás de mim, observo minha mãe ofegante e ela fuzila-me com os olhos apontando para a cadeira atrás de mim e eu aceno sem dizer nada e coloco a cadeira no lugar. Pego minha bolsa e saio em direção ao carro dela. Enquanto ela fecha a casa atrás de mim.
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Uma Vida - Inacabada
Teen Fictionvolume:1 * ''Nosso sobrenome é Oliveira, igual à árvore oliveira que nasceu há mais de 3.000 anos antes de Cristo e que demora quase 10 anos para poder cultivar. O sobrenome Oliveira está na nossa família desde século XVIII e nunca mais morreu''. É...