Lar
''Então quando eu estiver pronta para ser corajosa
E meus cortes curados com o tempo
O conforto irá descansar em meus ombros
E vou enterrar meu futuro para trás''
( 2016 - Gabrielle Aplin)
Nove
Aperto a mão do meu pai enquanto fito seus olhos azuis que me olham preocupados. Sinto minha mão tremendo na sua por mais que tento controlar minhas emoções, eu estou completamente nervosa. Fecho meus olhos tentando não encarar o colégio que está lotado de gente, pergunto com a voz falha:
— Papai. Deixe-me entrar no carro e você só me leva de volta para casa. Tudo bem?
— Eu queria muito levá-la de volta. Mas não posso fazer isso. Sua mãe não vai gostar.
— Não ligo para ela, só me tire daqui papai. Eu não consigo fazer isso. — deixo uma lágrima escorrer pelo meu olho que continuam fechados. — Só quero ir para casa.
Ele passa delicadamente seus dedos pelo meu rosto para impedir que eu desmorone ali mesmo. Sinto seus lábios tocarem minha testa e ele a beija demoradamente. Sinto meu coração dar uma leve acalmada ao ouvir a voz dele, um alivio percorre todo meu corpo e eu me lembro, ele ainda está aqui:
— Nádia? Você por aqui.
Eu sorrio mesmo uma parte de mim não querendo, penso em abraçá-lo e dizer o quanto senti falta de sua voz, de seus abraços. Sinto-o tocar minha mão num impulso eu me afasto e aperto ainda mais a mão de meu pai desejando que ele entenda que é para ele me tirar daqui urgentemente, mesmo que eu vá deixar alguém que provavelmente sofreu uns bons meses sem mim do seu lado, e que novamente, o quer deixar:
— Nádia... Confie em mim. — sua voz está mais séria. — Sou seu melhor amigo.
Novamente ele toca minha pele, porém dessa vez eu não afasto e o deixo segurar minha mão mesmo sentindo que na verdade ele quer me abraçar tão forte e dizer que nunca mais irá me deixar sumir. Mas eu sei que ele sabe que não pode ultrapassar a barreira que eu mesma criei, e que terá que ter muita paciência para aprender que as coisas mudaram. Ele beija minha mão dizendo que na verdade queria um abraço meu e eu não consigo não sorrir, mesmo triste ele sempre me fazia sorrir.
— Não tenha medo. Está segura comigo Nádia.
— Promete Calebe? — finalmente o olho nos olhos.
— Claro. — seus olhos sorriem para mim ao ver que os encarei.
Ele estende sua mão para que eu a segure sem que ele mesmo tenha que fazer isso, eu passo delicadamente meus dedos pela sua mão que balança com o meu toque. Eu a seguro enquanto observo meu pai me olhando pelo canto do olho digo:
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Uma Vida - Inacabada
Novela Juvenilvolume:1 * ''Nosso sobrenome é Oliveira, igual à árvore oliveira que nasceu há mais de 3.000 anos antes de Cristo e que demora quase 10 anos para poder cultivar. O sobrenome Oliveira está na nossa família desde século XVIII e nunca mais morreu''. É...