As Auras do Passado

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Há muitos séculos atrás, quando não existia sequer a presença marcante de seres vivos vagando pelo planeta, uma entidade constituída de pura energia começou a tomar forma. O mundo já havia sido criado e algumas meras formas de vida ousavam se manifestar naquele hostil ambiente sem cor, porém nenhuma dessas era capaz de compreender o que ocorria no coração daquele lugar.

Uma fonte concentrada e incontestável, digna da admiração de qualquer um que quisesse entender as origens do passado para o presente, fazia-se presente. No entanto, essa estrutura peculiar não estava destinada a dar origem à vida no universo ou a moldar as coisas para que estivéssemos aqui hoje, ela estava apenas criando consciência de si própria e do mar de trevas que vivia.

Não demorou muito para que conseguisse sentir tudo ao seu redor, apesar de não existir muito a ser sentido, e criar um gosto por vagar por aí displicente e sem objetivo. Outras fontes como esta decidiram ter um propósito maior e deram origem a alguns meros microorganismos que viriam a se desenvolver, mas Smith era diferente. Dera a si próprio esse nome visando se reconhecer naquele lugar sem saber ao certo seu destino, mas que logo se tornou claro em sua mente como um vaga-lume. Ele devia buscar o equilíbrio.

Não o equilíbrio entre o bem e o mal, ou entre a luz e as trevas, e sim a harmonia de sua força interior e consequentemente a harmonia daquele mundo cada vez mais polarizado.

Smith sentia que mesmo sendo um só, haviam opiniões divergentes emergindo em sua mente e lhe guiando em suas ações. Era como se tivesse dois lados opostos que juntos faziam dele e das decisões dele extremamente certeiras, assim como era com todos os seres.

Mas algo o incomodava, pois todo aquele constante conflito interno era responsável por orientá-lo sob ângulos diferentes de vista e alguns preferiam tentar vencer esta disputa. Seus irmãos buscavam resolver os conflitos entre o bem e o mal, tentavam encontrar momentos para o predomínio da luz e das trevas no mundo, utilizar da guerra para destruir a si mesma e instaurar a paz. Tudo isso retirava a oposição equilibrada da subcosnciência.

Era inaceitável! O colapso era iminente. Os rumos que as espécies tomavam tendiam ao caos total por não se questionarem igualmente em suas ações. Logo, Smith decidiu que não cairia nesse erro e mostraria ao mundo que o conflito era o único capaz de gerar o equilíbrio e a sensatez. Sacrificou a própria vida para se dividir em 2 entidades, os seus opostos.

Com muita dor ele foi capaz de se separar e dar origem a duas formas de vida destinadas a vagar pela eternidade como rivais extremos e incompatíveis. De um lado nasceu Batrix, um guerreiro extremamente poderoso e reluzente com sua armadura azul cobrindo o seu corpo e uma arma letal capaz de reagir em sintonia com o seu poder, era sua fonte. Do outro Nix, uma guerreira manipuladora das trevas. Era capaz de ter a escuridão fluindo por todo o seu corpo além de uma eletricidade poderosa que lhe permitia materializar uma espada com a fusão de energia e escuridão. Esta por sua vez ganhou a capacidade de comandar os animais mais obscuros já criados animais confinados no submundo e esquecidos, animais das trevas.

Assim que nasceram, todos perceberam o enorme poder que estava sendo liberado. Toda aquela força imensurável, porém inofensiva para os seres vivos.

A intenção de Batrix e Nix não era dominar o mundo ou sequer interferir nas demais formas de vida, apenas queriam lutar bravamente para matar um ao outro revelando claramente a briga interna e equilibrada que o mundo havia perdido.

Desse modo se estendeu por anos, um enfrentando o outro com frequência, porém sem vitória. Isso deixava as demais energias e seres animados amedrontados, a ponto de se unirem a uma luta e a um sacrifício: Destruir Batrix e Nix para que a paz reinasse.

As Auras do Passado (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora