Ataque

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Aquele dia estava sendo longo, eram quatro da tarde e ainda estava o mesmo barulho de risadas dentro do quarto de Jimin onde ele e seus dois amigos haviam ficado trancados desde que chegamos em casa, mais cedo. Era sempre assim quando Taehyung vinha, ficavam lá dentro conversando sobre sei lá o que e eu ficava sozinho sem ter o que fazer.

Era um pouco inaceitável eu me sentir sozinho tendo pessoas na minha casa. Ficar o dia indo do quarto para a cozinha diversas vezes só pra conseguir ouvir alguma coisa não era lá um passa tempo legal e útil. Decidi então que iria para um lugar onde eu estaria de fato sozinho, a floresta, para dar uma caminhada. Vesti um conjunto de moletom típico para corrida e saí de casa logo em seguida levando apenas uma garrafa de água e as chaves da porta da frente, não queria meu celular junto comigo, queria um tempo para pensar.

Eu andava pela floresta olhando sempre para baixo onde estava as folhas e flores caídas das árvores que lá haviam de monte. Observava a beleza que era o sol batendo sobre elas. De repente começou a ventar e fazer um pouco de frio, mais do que já fazia, o que me fez envolver minhas mãos aos meus braços numa tentativa falha de me esquentar.

- A quanto tempo, criança. - Uma mulher apareceu literalmente do nada, como um fantasma. Era uma mulher de meia idade de cabelos negros, de estatura mediana e roupas escuras que variavam do preto para o azul escuro. Ela tinha olhos mais negros que seus cabelos, não eram só escuros, eram vazios.

- Quem é você? - Fico imóvel. Estávamos a uns dez passos de distância. Ela ri.

- É engraçado que não se lembre de mim, a pessoa envolvida na morte de sua familia.

- O que você quer?

- Você não se lembra, não teria como lembrar de rostos mesmo lembrando do acontecimento,mas eu estava lá, vi sua família queimar e ouvi aqueles gritos maravilhosos.

Lágrimas invadiam meus olhos, não era só tristeza, mas também raiva. Eu lembrava vagamente da minha família, mas nunca esquecia dos gritos, eles eram muito vividos pra mim, mesmo hoje.

- O que você quer?! - Grito.

- Minha família diz que não vale a pena matar dois adolescentes que escaparam por pura sorte, vocês são destreinados, não valem o esforço, é como matar algo por pura diversão porque essa coisa nem mesmo te ameaça para você ter motivos plausíveis para matar - Ela diz dando passos para frente. Me afasto. - Eu não discordo totalmente, você realmente não vale a pena matar em questões de ameaça, mas vale para me divertir.

- Veio aqui me matar por pura diversão?

- Bingo! - Ela sorri. - Claro que não deve ser uma coisa lá tão ruim pra você já que viveu toda sua vida trancado naquela casa com medo, sem amigos ou familia. Acho que até quer morrer.

- Eu tenho família.

- Aquele seu primo que acha ser vidente? Ah fala sério, se ele fosse mesmo, estaria prevendo isso bem antes de acontecer e cadê ele para te salvar? - Ela sorri.

Ela se aproximava e eu recuava todas as vezes mantendo nossa distância.

- Covarde como sempre foi. - Ela avançou meio passo e depois deu um sorriso horripilante me fazendo tremer. Ela levantou seu braço direito e apontou para mim com sua mão. Me senti mais leve e quando percebi meus pés já não tocavam o chão. Olhei para ela com tanto medo. - Do que adianta ser de uma família poderosa e famosa sendo você um covarde que não sabe ao menos usar metade do seu poder?

Aquilo me doeu por dentro por saber a razão que vinha daquelas palavras, eu seria a decepção da minha família se eles ainda estivessem vivos para ver, quer dizer, sendo vivos ou não eu era a decepção deles. O único herdeiro que não tinha mais nada para herdar.

Powers - VkookOnde histórias criam vida. Descubra agora