De volta a Rotina - Parte 1

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   Na manhã seguinte, dra. Linda estava se despedindo de uma paciente com ansiedade quando Lúcifer bateu em sua porta.

-Lúcifer, que surpresa! – ela comentou sorrindo. – Achei que não fosse vê-lo mais aqui. – e então se sentou na sua habitual cadeira, nem um pouco surpresa com a aparição do diabo em pessoa.

-Agora que estou aqui para ficar, bem... ouvi dizer que é sadio ir com regularidade ao terapeuta. – ele se sentou no divã.

-Achei que fosse voltar ao inferno quando resolvesse o caso do Portal.

-Sim, e eu voltei com a Maze, na verdade. Aparentemente eu não consigo mais atravessar os portões do inferno.

-E isso eu presumo não ser comum. – comentou Linda cruzando as pernas.

-De forma alguma. Mas, eu descobri que isso é coisa do meu Pai. Mais um de seus truques. Agora, segundo Amenadiel, ele quer que eu volte a Cidade Prateada.

-E porque ele acha isso?

-Porque fui barrado do inferno e abriu passagem para eu subir ao Céu novamente. Fora que meu rosto de diabo sumiu de vez e parece que colaram purpurina nas minhas asas de tanto que elas estão reluzindo.

-Então, um anjo? Sem... coisas de Diabo?

-Isso. Sem coisas de Diabo!

-O que está achando disso tudo?

-Uma maravilha! Não preciso voltar ao inferno e posso ficar! – Lúcifer cruzou as pernas. – Mas, não foi sobre isso que vim conversar.

-Ah, não?

-Não. Bom, ontem eu tive uma tarde interessante com a prole da Detetive. Não foi tão ruim quanto achei que seria e isso está me intrigando.

-Achou que seria como?

-Seria como Justin Bieber e Ursinhos Carinhosos unificados, mas até que foi um momento agradável. Ela fez comigo algo que eu sabia que tinha certo valor pessoal, era um tipo de tradição entre o pai da Chloe e a Chloe criança e ela queria passar por isso, mas ela não quis fazer com o detetive babaca, e fez comigo. Eu acho que ela ficou tocada com isso.

-Ela ficou tocada com isso? – Linda repetiu.

-Isso. Eu não gosto de mini seres humanos! Eles não podem beber ou usar cocaína com você, mas eu não sei, não foi ruim tomar sorvete.

-E o que fizeram depois do sorvete?

-Eu a levei para casa. A Chloe pediu pizza e eu a deixei lá.

-Não quis ficar?

-Ela convidou mas, eu fui embora. Eu queria ficar, mas achei melhor ir.

-Porque achou isso, Lúcifer?

-Não quero meter os pés pelas mãos com a Detetive. Ela pareceu bem encantada por eu e a Trixie ter saído que eu não queria que ela se sentisse pressionada a tentar algo comigo por conta disso. Quero que fluía naturalmente, sem intervenção, seja humana ou divina.

-Entendi. Está sendo cuidadoso. – Linda observou. – Vocês já passaram por muita coisa juntos e está sendo cauteloso agora que percebe que não há nada que o restringe de ficar.

-Exatamente isso. Então acha que agi certo em sair, não é?

-Lúcifer, eu não estou aqui para julgar o que foi certo ou errado. Mas pelo que estou vendo você não ficou tão em paz com a sua escolha quanto parece.

-Óbvio que eu fiquei. Era só uma pizza! Não tem nem motivos para eu não ficar em paz. – ele riu. Linda o encarou por alguns segundos.

-Lúcifer, a impressão que estou tendo é que você está se assustando com a conexão que você está tendo com as Decker. Toda a monotonia do dia a dia, ter alguém ao voltar de um longo dia e todas essas questões humanas que antes você menosprezava, parece que está sendo positiva para você e indo de encontro com tudo que você acreditava.

-Eu ainda sinto que ela merece alguém melhor, doutora. Alguém que goste das monotonias e chatices. Eu... não acho ruim. Mas, sinto que não serei eu. Eu não quero ter que descobrir isso ou me decepcionar. Não quero ser alguém que não sou, assim como fui com a Eva. Eu... não quero que isso ocorra com a Detetive. – Lúcifer confessou. – Não sou um homem comum que vai chegar no fim do dia com uma maleta do trabalho ou algo do tipo.

-Lúcifer, a Chloe se apaixonou pelo que você é. Ela viu o seu lado mais obscuro, e o amou mesmo assim. Ela conhece suas manias e o ajudou a lidar com questões que antes você não desenvolvia sozinho. Tenho certeza de que ela mesma não irá querer que você seja outra pessoa.

                Lúcifer não respondeu de antemão, olhou pela janela alguns segundos.

-Tem razão, doutora. – ele disse.

-Tenho?! – ela disse surpresa. – Sério?

-Sim, ela já viu meu pior e mesmo assim me quis. Não tenho que temer, fora que estou gostando das coisas pacatas que estar com a Detetive me proporciona.

-Por essa eu realmente não esperava.

-Você é a melhor, Linda! – Lúcifer levantou e saiu.

Continua...

A Ascensão de Lúcifer (Depois do Adeus)Onde histórias criam vida. Descubra agora