Macarrão Queimado

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  Os médicos não conseguiam acreditar na cura imediata de Chloe Decker, fizeram exames mais de uma vez para confirmar sua melhora repentina. Cerca de duas horas depois, Lúcifer a levava para casa.

-O que Miguel falou com você? – Lúcifer perguntou no meio do caminho.

-Nada demais, ele apenas puxou assunto enquanto esperávamos.

-Esperavam o que?

-Ele não falou. Mas ele perguntou do que eu gostava de fazer, da Trixie, de como nos conhecemos e do que eu achava de você. – ela disse séria.

-E o que você disse?

-Disse que eu gostava de ler e do meu trabalho, que Trixie era uma sapeca de nove anos e que nos conhecemos num caso. – ela sorriu. Lúcifer sabia que ela ocultou de proposito a parte que ele obviamente queria saber.

-Engraçadinha, Detetive. – Lúcifer murmurou. Mas Chloe tocou em sua perna.

-Lúcifer, eu disse que o amava. Seu irmão ficou bem perplexo, admito, me questionou como eu podia amar o Diabo e eu o lembrei que você não era só o Diabo, que era um anjo também, bom, daí tudo ficou meio turvo e eu senti uma forte pressão no meu corpo, tudo se apagou e então eu acordei no quarto do hospital.

-Miguel é um fraco, não ligue para ele. – Lúcifer comentou. – O importante é que agora está tudo bem com você. – Lúcifer estacionou e a ajudou sair, mesmo ela alegando estar bem.

                Quando entraram, Chloe foi recepcionada por seus amigos mais improváveis. Um anjo, uma psicóloga, um demônio, a primeira mulher do mundo, um detetive e uma forense.

-Chloe! – Ella correu e a abraçou.

-Eu estou bem, gente, foi só um susto.

-Parecia bem mais grave do que um susto, Chloe. – comentou Daniel suspeito.

-Nada que bons médico e fé não a tenha ajudado! – comentou Lúcifer.

-Luci, que lindo ver você assim, falando de fé! – comentou Ella o abraçando também.

-Menos Ella, por favor. – ele a afastou pelo ombro.

-Mamãe! – Trixie saiu do quarto e correu até a mãe. As duas ficaram um bom tempo abraçadas e Chloe sentiu-se fraquejar, os olhos marejados ao lembrar que talvez por muito pouco teria deixado a filha.

-Ok, gente, a Detetive precisa descansar! Então vão para a casa de vocês! – Lúcifer abriu a porta e abanou para todos saírem.

                Quando todos foram embora, Lúcifer fechou a porta e Chloe estava sentada no sofá com Trixie.

-O que houve, mamãe? A senhora está bem?

-Estou sim, macaquinha. Foi só um susto! – Chloe sorriu e a menina repousou a cabeça no colo da mãe.

-Fiquei preocupada, o papai estava nervoso ontem.

-O Lúcifer cuidou bem da mamãe. – Chloe sussurrou, mas Lúcifer pode ouvir da porta. Trixie virou o rosto e sorriu grata a ele.

-Ah, bom, eu vou preparar um banho para a senhorita. Precisa agora é repousar, ordens do médico Morning Star. – Lúcifer abriu um sorriso, mas subiu sem graça.

                Ele subiu ao quarto de Chloe e sentiu o cheiro doce e suave da mulher impregnado no lugar, no mesmo lugar que viveram um momento de intimidade. Ele sorriu ao lembrar e caminhou até seu banheiro e encheu a banheira. Arrumou a cama, deixando-a aconchegante e acomodou seu pijama sem graça, mas confortável, em cima do travesseiro. Enquanto o afofava, a mulher entrou no quarto.

-Deixei confortável para poder descansar um pouco, relaxe enquanto eu fico com a sua criatura. – comentou Lúcifer.

-Obrigada, Lúcifer. – Chloe se aproximou e o abraçou. Ela se encolheu em seu peito e ali ficou. Lúcifer se encantava com o toque gentil da mulher e acariciou seu cabelo.

-Já morri algumas vezes, não é muito agradável, eu sei. – ele comentou sorrindo. – Mas, como eu disse, eu sou seu diabo da guarda. Nada de mau vai acontecer a você. – ele lhe garantiu. Chloe ficou na ponta dos pés e lhe deu um beijo suave.

-Eu sei. – ela abriu um sorriso. – Estou sem sono, acho que dormi demais por um dia. Mas agradeço pela banheira, preciso de um bom banho.

                Depois que Chloe entrou no banheiro, Lúcifer fechou a porta e desceu a sala. Trixie estava na cozinha remexendo no armário.

-O que está caçando, criança? – Lúcifer perguntou.

-Pensei em fazer macarrão com queijo pra quando a mamãe descer e sentir fome.

-Você sabe fazer essa gororoba infantil?

-Sei, bom, pelo menos eu vejo a mamãe fazendo. Você sabe fazer?

-Se fosse um drink eu saberia. Mas eu fico com a parte do fogo e facas e você me guia.

-Tá, o macarrão aqui e o queijo, ela põe um pouco de requeijão também.

-Queijo e requeijão. – Lúcifer murmurou caçando na geladeira e pondo no balcão. – E agora?

                Quando Chloe desceu estava sentindo um leve cheio de queimado, ao chegar os pés da escada viu Lúcifer e Trixie raspando o macarrão da panela.

-Não deu muito certo, mas eu pedi comida australiana. Deve estar chegando. – Lúcifer comentou. Chloe achou graça na cena.

-Ele não mexeu direito! – Trixie gritou rindo.

-Eu não mexi direito ou você mandou eu mexer depois de vinte minutos no fogo?

-Era meio instintivo mexer, né! – a menina ria achando graça de Lúcifer frustrado. A campainha toco e Lúcifer achou sua saída para aquilo, ele abriu a porta e pagou o motoboy.

                Ficar com Chloe e Trixie sem fazer nada era um dos prazeres secretos do homem. Ele sempre gostava quando Chloe acabava o arrastando para essas atividades bobas, como ver um filme ou jogar cartas, mas depois da noite que teve com a Detetive parecia algo mais intimo agora, ele sentia que tinha algum tipo de dever com ela, e consequentemente com a sua cria. Por mais que Chloe estivesse sadia e recuperada, o cansaço mental e espiritual de toda aquela aventura de quase morrer a fez cochilar no sofá. Trixie estava ao seu lado e ficou fazendo carinho em sua cabeça.

-Que tal deitarmos ela na cama? – Lúcifer sugeriu e Trixie concordou animada. Lúcifer a pegou com delicadeza nos braços, alinhando-a em seu peito e levou até seu quarto.

-A mamãe costuma fazer isso comigo quando eu durmo no sofá. Agora você vai fazer isso com ela também? – Trixie sussurrou quando eu a deitei na cama.

-Acho que sim, se ela quiser. – Lúcifer comentou pensando no assunto, ele poderia ficar andando com Chloe nos braços eternamente que seria um prazer.

-Vai ser legal você aqui com a gente. – Trixie sorriu banguela e deitou ao lado da mãe. Lúcifer cobriu as duas.

-Você cuida dela para mim? Preciso resolver um problema ainda hoje.

-Vai voltar? – Trixie sussurrou.

-Eu espero que sim, criança. – ele tocou em seu nariz com o indicador e beijou a testa da Chloe.

Lucifer teria que atender ao chamado do Pai e temia o porque Deus insistia tanto para vê-lo.

Continua...

A Ascensão de Lúcifer (Depois do Adeus)Onde histórias criam vida. Descubra agora