Capítulo 5 - Instrumentos da magia

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1998

— Você viu, Tonks? — eu tinha acabado de trocar a fralda de Teddy e tinha certeza que o deixara de barriga para cima.

— O que, Aluadinha?

— Coloquei meu irmão novamente de barriga para cima sobre a cama de casal e fiquei olhando.

Teddy esticou os bracinhos, fez duas tentativas e na terceira vez virou de barriga para baixo.

— Parece que o pequeno da mamãe aprendeu a se virar sozinho! — Tonks avançou sobre ele e o abraçou fingindo que o mordia. Teddy gostou e começou a gargalhar.

Eu me deitei ao lado dos dois olhando bem de perto a brincadeira.

— Agora vamos precisar tomar mais cuidado quando formos trocar ele. Além de correr o risco de cair, se ele não conseguir levantar a cabeça pode sufocar.

— Vai ter que aprender a levantar o cabeção — sorri segurando uma das mãozinhas dele.

Teddy abaixou a boca sobre a minha mão e fiquei toda melada de baba.

— Ah, que gracinha. Tá aprendendo a morder também!

Nós duas rimos. Eu limpei a mão na calça e saí do quarto com a fralda suja para deixar de molho. Eu sugeri a Tonks que tentasse as fraldas descartáveis que os trouxas usavam, mas ela preferiu continuar com as tradicionais de pano.

Para mim as descartáveis pareciam mais praticas, no entanto como ela podia usar magia para lavar as de pano essas acabavam sendo as melhores.

A lavanderia ficava do lado de fora da casa, um cômodo perto de onde guardávamos as vassouras. Passei a fralda na água para tirar o excesso de sujeira antes de colocar ela dentro de uma máquina de lavar de madeira.

A coisa se parecia com um pequeno barril e assim que coloquei água e sabão dentro dela o utensílio pareceu ganhar vida e começou a chacoalhar a água. Seria uma máquina normal não fosse o fato dela não estar ligada em nenhuma tomada.

Deixei o artefato trabalhando e saí andando pelo jardim da frente. Ao longe eu conseguia ver a casa da vovó Andrômeda. Continuei atravessando o bosque até chegar a um pequeno lago. Andei pela margem e quando encontrei um tronco caído, me sentei.

Não havia nenhuma casa próxima à nossa além da de vovó. Uma das condições de papai na hora de escolher onde morar. Na verdade ele não queria pessoas por perto, mas com a morte do vovô Ted, ele se convenceu que seria melhor Andrômeda ter um lobisomem como vizinho do que não ter alguém da família por perto.

Aquilo na verdade não era tão ruim. Quando eu pudesse usar magia fora da escola aproveitaria muito da nossa privacidade para viver completamente como bruxa. Sem o menor risco de nos expor.

Um barulho de folhas secas sendo pisadas chamou minha atenção. Olhei para trás com medo, mas era Tonks e Teddy.

— Achei sua irmã! — ela sorriu com o filho nos braços.

— Me desculpa, eu saí para colocar as fraldas para lavar e comecei a andar pelo quintal...

— Não tem problema — ela sentou ao meu lado. — Bem bonito aqui, não é?

Apenas concordei com um aceno de cabeça.

— Está tudo bem com você?

— Acho que sim...

— Nós passamos por muitas coisas, Aluadinha. É normal levar um tempo até o coração se acalmar.

Olhei para meu irmão recostado no colo da mãe aparentemente olhando para o lago. Tonks deu um beijo demorado sobre os cabelos dele.

— Muito obrigada pelo que você fez por mim — ela me olhou. — Mesmo tendo o risco de todas aquelas consequências que seu pai falou, cada vez que eu abraço o Teddy lembro o que você fez para tornar isso possível.

— Acho que foi um ato egoísta meu — olhei para o chão. — Tanta gente perdeu alguém na guerra, porque comigo deveria ser diferente?

— Esquece isso, por favor — Tonks se virou de frente para mim. — Sabe-se lá por que você conseguiu aquele vira-tempo...

— A Lana do futuro conseguiu.

— Que seja, mas ele chegou até ela por algum motivo. Aconteceu. Não pense mais sobre isso.

— Tenho medo das consequências. Não sei tudo o que Harry contou a escritora. O mundo bruxo vai ficar desesperado com a história vazando sem eles saber quem está fazendo isso.

— Vocês dois tiveram a permissão para voltar no tempo sem nem ao menos pedir especificamente por isso. Eu acredito que não foi por acaso.

— Você já leu o livro que a JK Rowling escreveu contando a história do primeiro ano do Harry em Hogwarts?

— Ainda não...

— Vou te emprestar o livro que mamãe comprou para mim.

— Contou a ela a verdade?

— Não. Se vocês também mantiveram segredo, mais ninguém sabe. Contei a ela a teoria de que tem alguém vazando a história.

— Eu não contei para mais ninguém e acredito que seu pai também não.

— Melhor assim. Tenho medo da reação das pessoas se descobrirem sobre mim.

— Não vão conseguir nem chegar perto de você. Eu não vou deixar — Tonks colocou o braço livre sobre meu ombro e me puxou para mais perto. Sorri para ela com o carinho.

— Engraçado né? Fazer o Harry atravessar um portal, voltar ao passado, contar nossa história para uma escritora que ele encontrou em um trem. Depois que ele volta eu consigo fazer uma viagem também para o passado, em um ponto diferente mudando tudo drasticamente e criando um futuro onde ele não faz a tal viagem e nem encontra com a escritora, mas mesmo assim a história será escrita.

— A magia é uma força muito maior do que conseguimos controlar. Apenas fazemos parte dela.

— Com certeza — acenei positivamente com a cabeça.

— Lana, vamos entrar? O vento está um pouco frio para o Teddy.

— Claro.

Era difícil deixar de pensar nas consequências que o meu feito poderia trazer para o mundo mágico, mas comecei a concordar com a Tonks que talvez, ao contrário do que eu pensava, não havia sido a responsável por todas aquelas mudanças. Harry e eu fomos apenas instrumentos que forças poderosas usaram, para que algo já destinado a acontecer se tornasse realidade.

***
O que acharam da reflexão? Nós controlamos a magia, ou a magia deixa acharmos que a controlamos? Espero que estejam gostando da história! Espero os comentários de vocês, e não deixem de votar!

Livro 6 - Lana Lupin e o Menino de Cabelo AzulOnde histórias criam vida. Descubra agora