Capítulo 46 - A Criança Interior

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O tempo de estudo deu resultado e eu consegui a aprovação para o curso na universidade onde mamãe leciona, mas não estava sendo menos cansativo do que havia sido a preparação, acompanhar as matérias da faculdade. Aquela era apenas mais uma sexta-feira que eu chegava exausta na casa de papai. Estava passando os dias da semana com mamãe para ter companhia até a universidade. Teddy me recebeu com um abraço demorado quando cheguei. Retribui da mesma forma.

— Nossa, isso tudo é saudade? — perguntei.

— Claro! — Meu irmão estava muito animado.

Observei papai sorrindo enquanto eu caminhava na direção dele na sala para dar um abraço.

— Como vão as coisas na faculdade? — Teddy perguntou estranhamente interessado.

— Cansativas, mas bem — respondi. — E seus estudos com o papai e a vovó?

— Bem também... — Ele sentou na poltrona de papai. — Queria poder ir para a escola igual você... — lamentou.

— É um pouco mais complicado do que parece..., principalmente quando a gente ainda não controla a magia completamente. — Eu sorri para ele. — Tive que trocar de escola uma vez por conta disso.

— O que aconteceu?

— Tinha uma menina que me perseguia na escola e um dia eu empurrei ela — eu revelei. — Sem usar as mãos, e com muito mais força do que uma menina de 7 anos deveria ter.

— Nossa... — Teddy estava com os olhos arregalados.

— Nem sempre a gente consegue se controlar, mas precisa. E quando papai e mamãe perceberam que ela não iria me deixar em paz e que poderia acontecer algo pior, me mudaram de escola. — Sorri para ele de forma serena. — Mas me conta, você estava me esperando para pedir alguma coisa, não é?

Com um sorriso animado meu irmão reconheceu que nada passaria despercebido por mim em relação a ele e logo se desfez o mistério em torno de sua animação. Havia uma piscina de bolinhas enorme no shopping que costumávamos passear em Londres e nenhum adulto estava disponível para levá-lo. Harry Potter foi o primeiro a apresentar a atração para meu irmão quando ele tinha por volta de 2 anos de idade e desde então eu não gostava de deixar passar nenhuma oportunidade de fazer isso. Só havia uma parte chata.

— Desculpe, mas só o menino pode entrar — avisou a funcionária encarregada de controlar a entrada no brinquedo.

Enquanto Teddy ainda era mais novo, podia ser acompanhado por um adulto, no entanto agora, com 8 anos, precisava ir sozinho.

— Não é justo! Quero brincar com a minha irmã! Ela cabe aí dentro!

Eu tive que pensar rápido.

— Vem Teddy! — segurei a mão dele e caminhei rápido para colocar meu plano em prática assim que a ideia surgiu.

— Por que a gente está comprando roupas?

Perguntou ele enquanto eu o fazia experimentar uma jaqueta de tactel infantil azul com capuz e estampa de dinossauro. Achei que ficaria fofo tanto nele quanto em mim e caminhei em direção ao caixa para pagar.

— Você já vai entender — expliquei enquanto saímos da loja e íamos em direção ao banheiro feminino. — Me espera aqui. — Pedi para ele enquanto entrei com a roupa recém-comprada.

Por sorte as duas pessoas lá dentro saíram sem dar muita importância à minha presença. Era o que eu mais precisava além de contar com a ausência de câmeras no local. Ou, que os vigias não estivessem prestando muita atenção para as que haviam nas proximidades. Seria problema na certa se os trouxas notassem qualquer coisa.

Livro 6 - Lana Lupin e o Menino de Cabelo AzulOnde histórias criam vida. Descubra agora