Capítulo 30 - A calmaria

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25 e 26 de Agosto - Último final de semana antes da lua cheia

Papai estava realmente se esforçando em ficar bem. Mesmo ainda sentindo dores estomacais, não deixava de se alimentar e sua aparência estava aos poucos ficando mais saudável. Não posso negar que me senti animada com a melhora dele.

Resolvi aproveitar a oportunidade e passar um tempo com a outra parte da minha família que eu não via há quase um mês, desde o início do experimento.

— Então está tudo pronto. Deixei a poção de hoje, a de amanhã e a de domingo prontas e separadas no armário. Mas domingo à noite eu devo estar de volta. Fiz isso só para não precisar preparar a poção em cima da hora.

— Lana vai embora? — perguntou Teddy que terminava de almoçar.

— Só por uns dias, pequeno. Estou com saudade da minha mãe.

Ele olhou para Tonks e depois me olhou de volta sorrindo.

— Volta logo — Teddy esticou os braços e eu o peguei no colo.

— Pode deixar — o abracei com carinho, depois coloquei de volta no cadeirão.

O segundo abraço demorado foi em papai.

— Tem certeza que não tem problema eu ficar fora por uns dias? Você vai se cuidar? Qualquer coisa só me chamar que eu aparato de volta — olhei para Tonks que confirmou acenando com a cabeça.

— Vai tranquila, filha.

Apesar da aparência melhor por conta da alimentação, papai havia perdido alguns quilos e isso não era possível esconder. Por mais contraditório que parecesse, era como se ele estivesse refém da lua cheia, como em sua infância, sem a wolfsbane.

— Bom, a gente se vê em alguns dias, então — abracei papai mais uma vez e depois dei um abraço em Tonks.

Com uma mochila pequena nas costas, não tinha muito que levar apenas coisas pessoais das quais não me separava como meu celular, um caderninho de anotações, um estojo e algumas blusas que eu gostava muito, abri a porta e saí para o quintal trancando-a em seguida.

Apesar da intenção de aparatar na casa de mamãe, o que me dava à liberdade de sumir ali mesmo no meio da cozinha, nós concordamos que Teddy compreenderia melhor períodos longos de ausência se saíssemos pela porta. Assim passamos a só desaparatar na frente dele quando pretendíamos voltar rápido.

Se ele não tivesse essa noção, poderia crescer com medo de algum de nós desaparecer e não voltar. À medida que ele fosse ficando mais velho e entendesse melhor as coisas, poderíamos abandonar esse costume.

Ainda no quintal, peguei meu celular e liguei para mamãe. Apesar de não haver nenhum bebê em casa que pudesse estranhar uma pessoa surgindo do nada, eu estava indo para o mundo trouxa e seria muito mais difícil explicar isso a um deles do que a um bebê.

— Mãe, estou indo pra casa. Tudo bem por aí?

— Sim meu anjo, você vai vir de ônibus ou de metrô?

Essa era nossa senha combinada de que eu não deveria aparatar dentro de casa, pois havia um trouxa por perto. Fiquei curiosa para saber quem seria.

— Já estou no metrô, perto da estação onde vou descer.

— Então você deve chegar em uns 10 minutos?

— Isso — respondi.

— Estou te esperando.

Esse ritual todo era para que eu pudesse chegar em casa a pé, em poucos minutos, sem causar estranhamento para ninguém.

Guardei o celular na mochila, dei uma última olhada para a casa e desaparatei.

Livro 6 - Lana Lupin e o Menino de Cabelo AzulOnde histórias criam vida. Descubra agora