Capítulo 34 - O caminho da cura

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Um aroma maravilhoso me acordou na manhã seguinte. O inconfundível pão de mel feito por vovó Andrômeda provavelmente era o responsável. Levantei e fui conferir se estava certa. Sorri ao ver a iguaria sobre a mesa enquanto ela se aproximava com um bule cheio de água quente para o chá.

— Dormiu bem, meu anjo?

— Sim vovó! — sentei em uma das quatro cadeiras em volta da mesa. — E a senhora?

— Muito bem também — ela sentou de frente para mim e encheu minha xícara com o líquido fumegante ao qual acrescentei uma mistura de frutas vermelhas secas.

Não esperei muito tempo antes de dar o primeiro gole e por isso quase queimei a língua.

— Para que tanta pressa, Lana?

— Quero ir para casa ver se está tudo bem — respondi pegando uma fatia do pão de mel.

— Bom, se algo tivesse saído errado, Nymphadora certamente teria enviado um pedido de ajuda.

— Ah sim, com certeza! — bebi um pouco do chá, agora menos quente. — Não acredito que a condição de papai tenha se alterado depois que saí de lá, mas quero saber como foi para ele essa noite de lua cheia totalmente atípica.

— Se ele estiver curado, vai ser uma noite comum para ele de agora em diante — vovó também bebia seu chá.

— Seria um sonho realizado algo assim acontecer, mas não consigo acreditar que o caminho da cura seja assim tão simples — terminei de comer a segunda fatia de pão e virei na boca o último gole de chá. — De qualquer forma, continuarei trabalhando nisso. Sem colocar ninguém em risco, claro.

Levantei e deixei a xícara que havia usado dentro da pia.

— Desculpa a correria, vovó — segui em direção à porta. — A gente se vê mais tarde.

Peguei minha vassoura no mesmo lugar onde havia deixado na noite anterior e voei de volta para casa.

*
Quando entrei em casa, encontrei Tonks colocando a louça do café dentro da pia antes de agitar a varinha para que ela começasse a se lavar. Ela estava com um sorriso radiante no rosto. Sinal evidente de que não haviam ocorrido imprevistos desagradáveis durante a noite.

— Bom dia, Dora.

— Bom dia, Aluadinha.

— Como foi a noite — a pergunta saiu de forma natural, mas quando me dei conta de que estava falando com a esposa do meu pai, minhas bochechas arderam e provavelmente ficaram vermelhas. — Por favor, me poupe dos detalhes — emendei logo em seguida.

— Não tem detalhes para poupar — Tonks abriu um sorriso zombeteiro. — Seu pai não está em sua melhor forma.

— Tonks, Para! — pedi com urgência. Por mais que fôssemos amigas, alguns detalhes da vida dela eu preferia que fossem compartilhados com outra pessoa.

Ela sorriu se divertindo com a situação e eu a acompanhei balançando a cabeça em negativa.

— Você não presta... — eu ainda estava ainda sorrindo. — Como papai está?

— Acordou de muito bom humor. Ainda está fraco, e ficamos acordados até quase o amanhecer, mas acabamos de tomar café na cama.

— Será que ele voltou a dormir?

— Até quando saí ele estava acordado.

— Vou lá conferir.

— E eu vou tomar um banho para acabar de acordar e não chegar atrasada no Ministério.

Caminhei junto com Tonks pelo corredor. Ela entrou no banheiro à nossa direita e eu segui em linha reta até o quarto de casal. Abri a porta devagar e encontrei papai sentado na cama lendo. Encontrá-lo daquela forma ia além das minhas expectativas.

— Bom dia, pai! — falei com um sorriso no rosto.

Papai apenas colocou de lado o livro que tinha nas mãos e abriu os braços me convidando para um abraço que eu corri para corresponder. Ficamos um tempo em silêncio até que nos afastamos e eu tirei os sapatos para me sentar sobre a cama do lado dele. Meu receio é que sua empolgação fosse por estar certo de que estava curado, mas papai não era tão ingênuo.

— Quais são os planos para hoje? — perguntou ele.

— Vendo como você está e depois de tanto tempo tomando Wolfsbane todo dia, acho que podemos reduzir a dose pela metade e ver o que acontece. Não acredito que você vá perder a consciência e tomar menos poção vai te ajudar a se recuperar mais rápido.

— Bom, eu até aceito, mas com a condição de que eu esteja devidamente amarrado e Teddy não esteja aqui.

— Acho que vovó não vai se importar em passar mais uma noite com ele — afirmei. — Mas não vejo necessidade de te amarrar. Depois de tanta wolfsbane...

— Precaução nunca é demais quando se é um lobisomem.

Não discordava dele, mas vendo papai tão fraco, duvidei que ele pudesse se transformar em um lobo capaz de fazer algum estrago.

— Queria que esse tratamento tivesse te curado...

— Lana, nem todos os problemas podem ser resolvidos — ele me puxou para mais perto e me abraçou. — Há aqueles com os quais precisamos aprender a conviver. Eu acho que já fiz bem mais do que poderia sonhar sendo quem eu sou.

— Desisto... você já se conformou com a sua condição.

— Não diria que me conformei, mas que aceitei e que consigo viver bem com isso.

Deitei a cabeça sobre o peito dele.

— Eu não poderia estar mais feliz.

Tonks entrou no quarto para se despedir antes de sair para o trabalho. Ela beijou os lábios de papai e me deu um beijo na testa.

— Vou passar na casa da mamãe para ver Teddy e depois sigo direto para o trabalho — disse ela.

— Avise que vamos precisar que ela fique com ele por mais uma noite. O lobisomem aqui está irredutível — falei.

— Já deixei mamãe de sobreaviso de que talvez precisássemos que ela fizesse isso pela semana inteira.

— Muita sintonia esse casal... — a relação dos dois me trazia muita paz.

Papai e Tonks riram. Ela pegou o casaco no guarda-roupa e se despediu saindo do quarto em seguida.

— E nós, fazemos o que para passar o tempo?

— Eu estou me atualizando para voltar a escrever assim que a lua cheia terminar, — papai pegou de volta o livro que estava lendo e reparei algumas edições do Profeta Diário por baixo dos cobertores perto dos pés da cama. — Você pode começar a reunir informações para o seu livro.

— Não é uma má ideia. Acho que posso pelo menos anotar o que pretendo escrever.

Saltei da cama e segui para o meu quarto a fim de pegar pergaminho e caneta e depois segui para nossa biblioteca na sala.

***
Momentos felizes e mais momentos felizes. Se papai ficará curado ainda é uma incógnita, mas dias felizes assim já valem muito à pena! Calma que vai ter mais! O título desse capítulo, para quem não pegou a referência, é de um episódio da série Arquivo X (The Blessing Way - O Caminho da Cura [S03E01]) a qual sou apaixonada desde que conheci. Esse amor nunca diminuiu, assim como meu amor pela família Lupin!

Livro 6 - Lana Lupin e o Menino de Cabelo AzulOnde histórias criam vida. Descubra agora