Capítulo 38 - Depois da Lua Cheia

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Na manhã seguinte à última noite de lua cheia, tomamos café todos juntos. Vovó trouxe Teddy para casa, Tonks e eu preparamos várias guloseimas além de um chá quentinho, e papai, assim que voltou à forma humana, tomou um banho demorado e se arrumou antes de se juntar a nós à mesa.

Isso, e o fato dele estar com muito apetite, acabou por deixar a memória daquele último mês bem distante de nós. Sua disposição havia melhorado bastante depois de um copo da poção de cura para o estômago que eu havia preparado na madrugada anterior.

— Não sabia que isso fazia efeito tão rápido — comentei olhando o copo vazio ao lado do prato dele onde estavam dois bolinhos e quatro torradas cobertas de geleia de morango.

— Nem tanto — ele bebeu um gole do chá. — Tomei assim que acordei, antes do banho.

— E você está tomando de novo? — apontei para o copo vazio. Ele acompanhou com o olhar.

— Ah, sim. E ainda vou tomar mais depois. Em pouco tempo estarei novo em folha.

— Então eu fiz isso direito?

— Perfeitamente — papai sorriu e eu retribui o gesto.

Não era uma poção difícil de fazer e sua coloração vermelha e o sabor parecido com xarope de cereja, fazia com que fosse prazeroso ingeri-la. Apenas a viscosidade excessiva não me pareceu muito agradável, pois a mistura estava mais para uma pasta, mas era um detalhe fácil de ignorar.

Tonks foi a primeira a se levantar da mesa, porque precisava ir trabalhar. Depois das despedidas, a mais demorada foi a de Teddy, ela seguiu para o Ministério da Magia.

Vovó terminou de tomar café e se ofereceu para limpar a bagunça, mas eu não deixei. Depois de tanto tempo cuidando de Teddy para que as noites de papai fossem mais tranquilas, era o mínimo que eu podia fazer. Ela inclusive se ofereceu para ajudar com meu irmão mais uma vez, porém dessa vez foi papai que disse para ela não se preocupar que tudo estava sob controle.

Com isso, vovó também se despediu e foi para casa. Sobraram apenas papai, Teddy e eu. E depois que terminei de lavar e guardar as louças do café, tínhamos a manhã livre.

— Do que você quer brincar, Teddy — perguntei a meu irmão depois que o limpei da sujeira que ele tinha feito em si próprio enquanto comia.

— Desenho!

Ele tinha descoberto recentemente os lápis de cor e não podia ver uma folha de papel que já queria desenhar nela. Teddy também já havia usado as paredes da casa como tela para seus desenhos, mas fora repreendido tanto por papai quanto por Tonks e não fazia mais isso.

Pelo menos não enquanto estávamos vigiando. Não podíamos deixá-lo sozinho com os lápis por outro motivo também. Ele gostava muito de levá-los à boca e mastigar, correndo o risco de se engasgar com as lascas de madeira.

Eu achava que os bruxos usavam penas desde crianças, mas isso me mostrou que não era bem assim.

Estiquei um tapete infantil no chão da sala, coloquei os lápis sobre ele e algumas folhas com um pedaço de cartolina por baixo.

— Só desenha no papel, tá!

— Tá!

— E você papai, quer que eu pegue alguma coisa?

— Eu vou voltar a escrever meus textos, tem um para semana que vem. Mas pode deixar que eu pego.

— Nada disso, você precisa descansar. Senta aí na poltrona que eu busco para você.

Com os dois entretidos em seus afazeres, resolvi arrumar a casa. Claro que usando magia, então não levei mais do que meia hora para colocar tudo no lugar. Na sequência levei a roupa para lavar e depois a pendurei no varal.

Livro 6 - Lana Lupin e o Menino de Cabelo AzulOnde histórias criam vida. Descubra agora