Capítulo 45 - Memória Agridoce

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Mais um livro da série Harry Potter publicado e novamente o mundo bruxo ficou alvoroçado tanto pelas revelações quanto as lembranças daqueles tempos nefastos. Faltavam poucos dias para o meu 22º aniversário quando fomos presenteados com a publicação.

Foi desconfortável ver a reação dos meus amigos Harry, Ginny, Hermione e Rony ao ter seus relacionamentos expostos e a situação vivida por Draco, primo da Tonks, com a missão dada a ele. E é claro, doeu bastante reviver a morte de Dumbledore.

Mas aquela não foi minha única dor naquele ano. Alguns meses mais tarde lá estávamos nós no cinema para assistir a adaptação do quarto livro da série. Meu segundo ano em Hogwarts, quando eu achei que ficaria sozinha, pois papai não trabalharia mais na escola, até conhecer meu melhor amigo e uma das pessoas que mais amei na vida. Jimmy Wright.

Nossa amizade começou comigo frustrada por descobrir que o menino por quem eu me apaixonara já tinha namorada, e ele fugindo de um grupo de alunos mais velhos que queriam bater nele por ter convidado uma menina mais velha de outra casa para acompanhá-lo ao Baile de Inverno. O ajudei a se livrar do grupo e acabamos indo juntos ao baile.

— A gente poderia ir a outro show das Esquisitonas, hein Aluadinha? Já faz tempo desde a última vez — sugeriu Tonks quando saímos da sessão.

— Talvez Dora... — eu não conseguia parar de pensar em Jimmy. Há tempos a saudade não apertava tanto.

— Eu quero ir também, mamãe! — pediu Teddy.

Depois de prometer que se comportaria e controlaria seus poderes de metamorfo, passamos a levá-lo aos passeios no mundo trouxa.

— Nem que eu quisesse babybear.

— Mãe... Já disse que não sou mais um bebê!

Eu ri da provocação de Tonks usando o apelido com o filho. Tudo começou quando eu dei a ele um macacão felpudo que mais parecia uma fantasia de urso pardo. Teddy não tinha nem um ano, e ficou muito fofo com a roupa.

Não fazia ideia do quanto Tonks havia gostado até ela começar a chamar o filho de bebê ursinho. Claro que eu amei a iniciativa e comprei outros macacões no mesmo estilo, inclusive de outros animais. Mas o de urso sempre era o escolhido na hora de vesti-lo.

— Seja lá como for, precisa ser maior de idade para ir ao show. Sem exceções.

— Ah... — Teddy fez um biquinho com os lábios. — A gente pode fazer um lanche antes de ir embora então?

— Esqueceu que papai está nos esperando para jantar? — perguntei.

— Verdade... — meu irmão não escondeu o desapontamento. — Podemos voltar outro dia para comer então?

Tonks sorriu, eu já não prestava muita atenção no assunto.

— Claro, filho.

Encontramos papai na cozinha quase terminando o jantar e precisamos correr para conseguir tomar banho antes que estivesse tudo pronto.

Papai cozinhava muito bem e estava tudo maravilhoso como sempre, mas quando me sentei à mesa o apetite não apareceu. Comi assim mesmo, sem vontade, para não deixá-los preocupados.

— Lana, está tudo bem?

Óbvio que papai não deixaria de reparar.

— Tudo sim, pai.

— O filme não foi tão bom quanto esperavam? — perguntou ele antes de levar a comida à boca.

— Foi fantástico! — respondeu Teddy antes que eu precisasse inventar qualquer desculpa.

Fiquei grata ao meu irmão que passou o resto do jantar contando cada detalhe do filme com tanta empolgação que ninguém ousaria interrompe-lo.

Para me poupar de mais perguntas, assim que terminei de comer, disse que estava cansada e fui para o meu quarto.

Já era quase meia noite, quando papai bateu na porta e pediu para entrar. Percebi que ele estranhou ao não me encontrar na cama, mas sim na janela, quando permiti que entrasse. Eu não conseguia dormir, nem parar de chorar. Achei que olhar as estrelas me acalmaria.

— A Dora me contou sobre o Baile de Inverno no filme — ele ficou de pé ao meu lado. — Está pensando nele, não está? — papai segurou minha mão esquerda com a sua direita.

— Não achei que ainda fosse me sentir assim depois de todo esse tempo.

— O Jimmy sempre vai ser uma pessoa muito importante na sua vida e nas suas lembranças — ele soltou minha mão e me puxou para mais perto, me fazendo deitar a cabeça em seu ombro. — Infelizmente vai ser normal você se sentir assim às vezes.

— A gente poderia já ter se casado — falei. — E quem sabe talvez até já tivéssemos filhos...

— Vai com calma — o tom de voz de papai deixava transparecer certo desconforto.

A situação me fez rir.

— Eu nunca vou amar alguém igual amei o Jimmy... — meu sorriso desapareceu.

— Provavelmente não, mas isso não significa que você não vai amar nunca mais. Dê chance ao seu coração de conhecer outros rapazes e lembre sempre que eu estarei aqui para proteger e guiar você.

— Oh, pai... Só de pensar que quase perdi você também — me virei de frente para ele e o abracei. — Primeiro na guerra e depois com aquele projeto maluco. Você me perdoa?

— Por lutar por mim? — ele me abraçou de volta. — E por que eu precisaria perdoar você por isso?

— Talvez não seja o motivo, mas a maneira como eu faço... — eu sorri. — Espero que com o tempo eu aprenda a fazer as coisas de forma mais segura.

— Você vai continuar com os experimentos?

— Com você não... — eu ri. — Mas quero estudar bem cada ingrediente e seus efeitos — Soltei papai do abraço e voltei a olhar as estrelas pela janela. — Inclusive andei tendo uma ideia.

— Qual? — papai continuou me olhando.

— Você acha a wolfsbane suficiente para levar uma vida quase normal?

— É vida normal para mim — vi quando ele sorriu.

— Acha que outros lobisomens se beneficiariam se tivessem acesso garantido à poção?

— Com certeza — ele também se apoiou na janela ao meu lado.

— Estou pensando em preparar a poção para distribuir de graça. Claro que vou precisar de ajuda financeira para isso. Estou pensando em criar um fundo de apoio onde as pessoas possam fazer depósitos. Inclusive anônimos, se quiserem. Infelizmente nem todo mundo gosta de ser associado à causa.

— Temo que o preconceito nunca vai acabar.

— Talvez uma boa campanha de informação ajude — sorri para ele. — Estou pensando em incluir isso no projeto. E é claro, preciso pedir autorização no Ministério da Magia antes de tudo, mas acho que eles não irão se opor.

— Você tem ideia de como eu sou orgulhoso da mulher que você se tornou, filha?

— Pai... — a lágrimas se formaram nos meus olhos e caíram tão rápido que quase não notei. — Foi o seu amor que me fez assim.

— Você merece ser muito feliz — papai me puxou para mais um abraço.

— Eu já sou, pai — correspondi o gesto.

***
Dessa vez quero começar pedindo desculpas pela demora em publicar. Não sei onde perdi o controle desse hiatus, e infelizmente não sei quando vou conseguir voltar à regularidade das postagens. Parte devo ao tempo que estamos vivendo, e outra à minha recente paixão pelo seriado Sherlock da BBC que me fez criar uma fanfic totalmente nova. Se tiverem interessem em ler, compartilho o link quando começara postar. Por favor, não desistam de mim! <3

Livro 6 - Lana Lupin e o Menino de Cabelo AzulOnde histórias criam vida. Descubra agora