Capítulo 23 - Trouxas e sua descrença

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Julho 2000

Logo no início daquele mês o mundo bruxo foi chacoalhado com mais um livro. Harry Potter e o Cálice de Fogo. Um dos exemplares com o maior número de páginas até aquele momento. Na hora o medo foi que houvesse bem mais detalhes que finalmente fizessem os trouxas acreditarem na existência da magia, mas para a tranquilidade de todos isso não aconteceu. Eles continuaram achando se tratar apenas de histórias fantasiosas para crianças.

No entanto, um fenômeno interessante tomou conta do mundo bruxo. Várias pessoas começaram a ser omitidas da história. Nos três primeiros livros, a maioria que teve contato com o Harry apareceu nos textos, mas em Cálice de Fogo o foco passou para os grandes eventos como A Copa Mundial de Quadribol, o Torneio Tribruxo e mais para o final, o retorno de Voldemort.

Eu ri muito na última vez em que estivemos com o senhor Weasley e ele nos contou sobre o dono de uma loja no Beco Diagonal que disse ter cumprimentado Harry todas as vezes que ele passara em frente a sua loja e até o momento não havia sido sequer mencionado. "Um ultraje!" nas palavras dele. Isso me deixou mais tranquila. Talvez as pessoas não questionassem minha ausência nem das pessoas que eu havia pedido para o Harry não mencionar para a JK Rowling.

— Bom dia papai — o cumprimentei quando o encontrei à mesa terminando de tomar café. Estava passando a semana com ele, já que a anterior estive com mamãe. Na verdade, nem precisava mais me programar para passar exatamente uma semana com cada um desde que aprendera a aparatar no início do ano. Ia de uma casa a outra em menos de 5 minutos. A parte difícil era apenas escolher um lugar onde não houvesse nenhum trouxa para ser pego desprevenido com alguém surgindo do nada.

— Bom dia, dorminhoca — respondeu ele.

— Quantas horas?

— Quase dez e meia — papai mordeu um pedaço de torrada cheia de geleia de morango.

Puxei uma cadeira de frente para ele do outro lado da mesa, sentei e comecei a me servir.

— Fui dormir tarde ontem para conseguir terminar de ler o livro — dessa vez eu mesma havia comprado um exemplar com o resto do dinheiro que ganhei das minhas tias no Natal do ano anterior.

— Boa leitura?

— A JK Rowling é realmente incrível e prende a gente com a história, mas é um pouco doloroso reviver tudo isso. Não sei se vou aguentar ler sua morte e a de Tonks.

— Então porque você lê?

— A curiosidade é maior — sorri mordendo uma torrada coberta de mel.

— Você e sua curiosidade — ele riu.

— E que silêncio é esse? Onde está todo mundo?

— Dora foi trabalhar e mais cedo o Harry passou aqui e levou o Teddy para passar o dia com ele — papai terminou de beber o conteúdo de sua xícara.

— Harry levou o Teddy? O dia todo? Ele não podia ter feito isso semana passada quando eu não estava aqui?

— É ciúmes isso que eu estou vendo?

— Ciúmes? Eu? Do Harry com o Teddy? Claro que não pai. Não fala bobagem — tomei um gole do meu chá.

Papai apenas riu enquanto caminhava em direção a pia para lavar a louça.

— E você, vai sair também? — perguntei.

— Não tenho planos, nem aulas hoje. E você?

O fato dele lavar as vasilhas sem usar magia estava me incomodando.

— Também não tenho nada programado. Ia passar o dia brincando com o Teddy...

Papai começou a secar as vasilhas com um pano de prato.

Livro 6 - Lana Lupin e o Menino de Cabelo AzulOnde histórias criam vida. Descubra agora