Livro 6 - Lana Lupin e o Menino de Cabelo Azul

Capítulo 7 - Segredo em risco

1998

Em uma manhã de Agosto eu estava na casa de papai tomando café junto dele e Tonks, que amamentava Teddy, quando uma coruja aterrissou sobre a bancada da pia da cozinha e deixou um envelope antes de levantar voo novamente.

— Esse envelope está estranho.

— Estranho como? — perguntou a bruxa terminando de se ajeitar a blusa depois que o filho se dera por satisfeito e já estava no colo de papai que batia de leve nas costas dele para fazê-lo arrotar.

— Pesada...

Abri depressa o envelope e o virei ao contrário para entender o motivo de estar tão diferente e um broche vermelho com as bordas douradas com uma letra "M" bem ao centro caiu na minha mão.

— Por Merlin! Fui escolhida para ser uma das monitoras da Grifinória! — sorri muito feliz.

— Parabéns aluadinha! — Tonks levantou e me deu um abraço tão empolgado que meus pés deixaram de tocar o chão por alguns instantes.

— Obrigada!

— Mais do que merecido, filha — papai passou Teddy para o colo da esposa e me abraçou. — Eu sabia que você seria escolhida.

— Isso tem a ver com a Lana do futuro?

— Claro que não. É por conta do seu comportamento exemplar.

— Precisa aprender a mentir melhor, papai.

Nós dois rimos.

— Falando sério, filha — ele colocou as mãos sobre meus ombros. — Tenho certeza que eles não poderiam ter escolhido monitora melhor para a Grifinória.

— Obrigada!

— Inclusive estou tendo uma ideia aqui...

Olhei curiosa para ele.

— Mas depois te conto.

Fiz um biquinho.

— Agora temos que comemorar!

— E comprar alguns livros... — continuei lendo a carta.

— Quinto ano... — papai olhou para mim com a mão no rosto.

— Dezesseis anos pai. A guerra tirou as coisas dos eixos.

— Mas tudo vai ficar muito bem agora — ele abriu os braços para me receber em mais um abraço.

— Tenho certeza absoluta que sim.

Tonks não foi conosco às compras, pois já estava trabalhando novamente e apesar de termos saído juntos, seu caminho foi direto para o Ministério da Magia. Ela havia recebido uma promoção se tornando responsável pelo treinamento de novos aurores.

No início ficou um pouco preocupada com tanta responsabilidade, mas estava se saindo muito bem no novo cargo e o dinheiro extra estava sendo muito bom, já que o emprego de papai não era fixo.

A única parte ruim do trabalho estava sendo quando ela era escalada para ajudar na vigília dos prisioneiros em Azkaban. Depois que os Dementadores deixaram de ser utilizados, os aurores ficaram responsáveis pela missão e se revezavam em turnos.

Quando cheguei com papai e Teddy ao Beco Diagonal não me espantei com a quantidade de gente. Era comum naquela época estar cheio de bruxos se equipando com material escolar, vassouras, roupas e tudo mais que pudesse ser encontrado por ali. Finalmente as coisas estavam voltando ao normal do jeito que eu conhecia.

Paramos com muitas pessoas pelo nosso caminho. Vários ex-alunos reconheceram papai e quiseram cumprimentá-lo pelo filho e brincar com Teddy. Só quando meu irmão dormiu as pessoas pararam de mexer com ele.

Comprei os livros, um caldeirão novo, algumas penas e também algumas peças de uniforme. Foi um dia cansativo, mas agradável. A guerra só nos veio à lembrança quando paramos em frente à sorveteria Florean Fortescue e demos por falta do senhor Florean. Acabei convencendo papai a fazer o lanche em outro lugar, no mundo trouxa.

Estávamos para sair do Beco Diagonal quando encontramos Hermione. Ela decidira voltar para Hogwarts a fim de concluir os estudos e estava ali pelo mesmo motivo que eu. Depois de nos cumprimentarmos contei a ela que agora eu faria parte de sua equipe como monitora.

— Tenho certeza que você se sairá muito bem! — ela sorriu.

— Obrigada!

— Lana, você já viu o novo livro que a JK Rowling publicou?

— Sim, minha mãe me deu de aniversário. Já li e agora papai está lendo.

— O Ministério da Magia vai organizar uma força tarefa para tentar descobrir quem está contando nossa história para ela.

— Mas ela está contando tudo o que aconteceu com vocês? Em detalhes?

— Bom, faltam algumas coisas, pessoas... e a história gira mesmo em torno do Harry, mas está muito preciso. É assustador.

— Imagino que sim.

— Bom, eu preciso ir andando. Muitas coisas para comprar.

— Okay, a gente se encontra em Kings Cross.

Depois de nos despedirmos, saímos dentro do Caldeirão Furado e em seguida nas ruas de Londres.

— Isso não vai prestar... — eu carregava meu irmão enquanto papai levava as sacolas com as compras.

— Sobre o que você está falando, filha?

Estávamos próximos a Trafalgar Square.

— Quando sair o próximo livro, e eu não estiver nele! Como explicar isso?

— Você ouviu a Hermione dizer que a história gira em torno do Harry e nem todas as pessoas que conviveram com ele estão aparecendo.

— Eu sei, mas eu...

— Pelo que sei passou pouco tempo com os três.

— E quando aparecer nossa família?

— Nós não passamos todo o tempo juntos. E o Harry que encontrou com a escritora tinha em mente que estávamos mortos. Tudo o que passamos com ele depois da guerra não vai estar em nenhum livro.

— E ainda tem isso... Como vocês aparecem mortos na história se estão vivos?

— Será que seremos os únicos?

— Mas não seria de se esperar que como personagens principais nós aparecêssemos mais que os outros?

Papai deu uma gargalhada e Teddy mesmo sem entender do que se tratava riu também. Apenas eu continuei séria.

— Personagens principais filha? Eu sei que fui amigo do pai do Harry e tal, mas você está superestimando os Lupin.

— Não estou não! — eu ri do fato dele pensar daquele jeito.

— Pois aposto com você que Dora, Teddy e eu vamos aparecer bem pouco se é que vamos aparecer todos.

— Veremos!

Paramos em uma lanchonete com pouco movimento e enquanto nós bebíamos os sucos e comíamos os sanduíches que pedimos, Teddy mamava o leite da mãe armazenado em uma mamadeira mágica que manteve o líquido na mesma temperatura da hora que fora tirado desde que saímos de casa.

Eu não achava que papai e Tonks eram coadjuvantes da história toda. Os dois eram personagens principais e muito importantes, mas para nossa segurança, naquele momento torci para que ele estivesse certo. Quanto menos eles fossem mencionados nos livros, melhor.

***
A preocupação não está pouca. O medo de ser chamada para depor no Ministério da Magia é real, principalmente quando o final escrito pela JK Rowling se mostrar tão diferente. Espero que o mundo bruxo dê cada vez menos atenção aos livros. Continuem acompanhando para saber o que vai acontecer. E não deixem de votar e comentar! Adoro receber o feedback de vocês! <3