Capítulo 8 - Novos tempos

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1 de Setembro de 1998

Voltar para Hogwarts trazia ao mesmo tempo uma sensação boa e ruim. Estava ansiosa para terminar os estudos e ser liberada para fazer magia à vontade, mas não queria me separar da minha família. Seria terrível saber do meu irmão apenas por carta. Queria vê-lo crescendo dia a dia.

Os últimos cinco meses, desde o seu nascimento, nunca ficavam sem uma novidade com o desenvolvimento dele. Eu estava arrasada porque dali a alguns dias ele já ia começar a comer, até então ele só estava se alimentando com o leite da mãe, e eu ia perder esse momento. Teddy esticou os bracinhos na minha direção e eu o peguei no colo.

— Eu vou passar o Natal com vocês, não é?

— Sim filha, sua mãe e Wesley aceitaram o convite e vão lá para casa também.

— E você vai me buscar para o primeiro aniversário do Teddy, certo?

— Sim filha. Faremos a festa em um final de semana para que você possa participar.

Papai não estava ficando bravo com as exigências, na verdade parecia se divertir com tudo.

— Lembra que eu disse que estava tendo uma ideia quando você recebeu a carta, filha? — perguntou papai se aproximando um pouco mais de mim.

Concordei com um aceno de cabeça.

— Aqui está. Use-o bem.

Papai me entregou um pedaço de pergaminho dobrado que eu reconheci imediatamente se tratar do Mapa do Maroto. Um sorriso enorme iluminou meu rosto.

— Eu conversei com Harry, e como ele não vai voltar para Hogwarts não se importou que você ficasse com o mapa. Mas devolva para ele quando terminar os estudos — sugeriu papai.

— Claro!

— Você lembra como usá-lo, não é mesmo?

Quando fiz parte da Armada de Dumbledore, usávamos o Mapa do Maroto para andar pelo castelo sem sermos pegos pela Umbridge ou algum de seus espiões. Na ocasião Harry me mostrou como o artefato funcionava e na primeira oportunidade que tive contei a papai.

— Com certeza! — guardei o pergaminho dobrado no bolso interior da capa de viagem. — Juro solenemente não fazer nada de bom.

— Só não se apegue muito a essa frase, está bem?

— Pode deixar pai, eu irei me comportar.

O trem soou o primeiro apito.

— Hora de ir.

Papai me deu um beijo na cabeça e pegou o Teddy do meu colo. Eu abracei mamãe que também viera se despedir de mim. Wesley e Tonks não puderam vir por conta do trabalho.

— A gente se vê no Natal! — falei ao me afastar.

— Esteja certa disso! — notei um tom meio estranho na voz de papai, parecia sarcasmo, mas preferi ignorar. Junto com os outros monitores da Grifinória embarquei no trem.

*

Como senti falta daquele banquete de boas vindas, mas antes de me fartar com ele vibrei junto dos outros estudantes da Grifinória por cada membro selecionado para nossa casa. O Chapéu Seletor havia sobrevivido, sido consertado e estava novamente cantando suas canções e cumprindo sua função de selecionar os recém-chegados.

Quando terminei de comer estava tão cansada que mal consegui ajudar a conduzir os novatos para a Torre da Grifinória, entretanto no final tudo deu certo e cada um encontrou sua cama.

Na manhã seguinte, depois de tomar o café e antes de ir para a primeira aula, dei uma checada no Mapa do Maroto para ver se algum aluno estava perdido pelo castelo. Percebi dois pontinhos andando praticamente em círculos pelos corredores. Parti ao resgate deles. Quando ouvi suas vozes guardei o mapa.

— Tenho certeza que é por aqui! Quando aquela escada mudou de direção, a gente entrou em um corredor dois andares acima de onde tínhamos que ir.

— Eu acho que não. Vamos entrar naquele corredor à esquerda, depois descemos para o térreo do castelo.

— Bom dia meninos! — eles se assustaram, mas depois relaxaram e sorriram. — Perdidos?

Eles começaram a tentar explicar onde cada um achava que deveria entrar, mas por fim admitiram estar perdidos.

— Vocês precisam ir para a aula de Transfiguração com a professora Minerva, não é?

— Isso mesmo — o garoto à minha direita respondeu.

— Dá para chegar bem rápido lá se seguirmos esse corredor até o final, entrarmos para a direita descermos um andar, seguirmos para a esquerda e depois descer outra escada... — os dois olhavam para mim ainda mais confusos. — Venham comigo — sorri gesticulando com a mão.

Eles me acompanharam, satisfeitos com a certeza que agora estavam indo pelo caminho certo. Os garotos não eram da mesma casa. Um era da Grifinória e outro da Sonserina e a amizade entre eles estava me deixando feliz. Torci para que ninguém tentasse incentivar o fim da amizade dos dois por conta de uma rivalidade tola e inútil que alguns nutriam entre as casas.

— De que ano você é? — o garoto da Sonserina me perguntou.

— Estou no quinto, mas deveria estar no sexto, não fosse pela guerra.

— Você estava aqui quando o Voldemort tomou o controle? — continuou o garoto da Grifinória.

— Infelizmente sim. Foram tempos bem difíceis e o clima era muito desagradável — entendia a curiosidade dos meninos, mas não era um assunto que eu quisesse discutir logo no primeiro dia de volta ao castelo. — Vocês já eram amigos antes de chegarem aqui?

Eles olharam um para o outro.

— Nos conhecemos no trem — disse o da Sonserina.

— Mas a verdade é que não moramos muito longe um do outro — eles trocaram um sorriso.

— Estranho a gente não se conhecer morando tão perto.

— Acontece — comentei. — E vocês não ficaram chateados de ir para casas diferentes?

— No começo sim, — respondeu o garoto da mesma casa que eu. — Mas temos muitas aulas juntos, e todas as refeições. Vamos nos ver muito!

— Com certeza! — o outro menino concordou e eles trocaram um aperto de mão animado.

— Eu também tive um amigo de outra casa, conseguíamos nos ver bastante também.

— E onde ele está agora?

— Não voltou para a escola. Muitas pessoas decidiram fazer isso — preferi não contar aos meninos que Jimmy não voltou para Hogwarts porque não havia sobrevivido à guerra.

— Verdade — falou o garoto da Sonserina e o da Grifinória concordou com um aceno de cabeça.

— Chegamos! — anunciei. Bati de leve na porta antes de abrir. A professora Minerva estava em sua forma de gato sobre a mesa. Os meninos entraram correndo antes que eu pudesse avisá-los disso. Acho que era a diversão dela no início do ano. Fiquei ali apenas o tempo suficiente para vê-la voltar à forma humana surpreendendo os meninos e depois segui em direção à aula de poções com o professor Slughorn.

Se tem uma coisa que aquece meu coração são amigos de casas diferentes. Não que amigos de mesma casa não me deixem feliz, mas Hogwarts funciona bem melhor unida. São tantas pessoas em cada uma das quatro casas que reduzir todas a um estereótipo chega a ser cruel. Uma competição saudável pode até ser divertida, mas quando passa a ofensas pessoais revela o pior do ser humano, independente a qual casa pertença.

***
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Livro 6 - Lana Lupin e o Menino de Cabelo AzulOnde histórias criam vida. Descubra agora