Onze

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— Steeeeeeeeeeeeeefaniiiiiiiii!!!!

A voz de Luciana entra nos meus ouvidos e invade meus sonhos, me fazendo despertar num salto. Eu sinto um gritinho escapar da minha garganta.

— Meu Deus, Luciana, quer me matar? — eu pergunto, sentindo meu sono ir embora de uma vez só.

— Bom dia — ela diz, com um sorriso sapeca.

— Desculpa por isso — Mylenna diz. — Foi o único jeito.

— Você não acordava de jeito nenhum — Raíssa comenta. — A gente tentou de tudo.

Eu esfrego meus olhos e saio da cama. Ainda estou com as roupas do dia anterior. Chegamos tão cansadas que não pensamos em desfazer as malas ou colocar um pijama.

— Luciana, eu tenho pena de quem mora com você — eu digo.

— Ué, você não ama quando eu falo o seu nome? — ela retruca e mostra a língua.

— Acabei de descobrir que não amo tanto assim.

Ela dá um sorriso torto e vai até onde está sua mala.

— Manoel mandou uma mensagem dizendo que está nos esperando para o café — Letícia diz. — Paula e Hari acordaram agora. Vamos nos encontrar no restaurante.

— Bom dia, Stefani — Gabriela diz, abrindo a janela do nosso quarto. Lá fora, o sol da manhã brilha intensamente sobre uma fileira de cabaninhas construídas na beira da praia. Nosso hotel, o Renaissence, tem acesso exclusivo a uma ilha particular com flamingos que ficam caminhando livremente pelos turistas.

— Bom dia — eu respondo.

— Nós vamos pegar um barco para a ilha em uma hora — Gabriela diz. — Manoel mandou a gente se apressar.

Eu pego minha mala e a jogo na cama, ainda meio sem acreditar em tudo o que está acontecendo. Acho que a viagem vai acabar e ainda não vai ter caído a ficha de que tudo foi real.
Abro o zíper da mala e começo a retirar as roupas, em busca do biquíni que quero usar hoje. As outras também se apressam em separar seus pertences.
Quando eu olho as peças em minha mão, porém, percebo que tem alguma coisa errada.

— Mas o que... — eu digo, tentando identificar os itens que estão dentro da mala. — Gente.

As meninas olham para mim.

— O que foi? — Gabriela pergunta.

— Essa não é a minha mala — eu digo.

Eu pego uma ceroula florida e mostro a elas.
A mala está cheia de roupas totalmente descombinadas, remédios para hemorroidas, enxaqueca e diarreia, um saquinho com Corega, chinelos enormes e feiosos, uma revistinha de caça-palavras e várias outras coisas que definitivamente não são minhas.

— Como assim, não é a sua mala? — Letícia pergunta, chegando mais perto.

— Não é — eu digo, começando a ficar desesperada. — Não é a minha mala.

Eu jogo tudo por cima da cama. Não reconheço nada do que está ali.

— Calma — Gabriela diz. — Vamos falar com Manoel. Ele deve localizar para nós a dona da mala. Vocês devem ter trocado.

— Tá, mas o que eu vou vestir? — eu pergunto, e pego um maiô com uma estampa de alguma fruta que não consigo identificar. — Isso?

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