Dezoito

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O restaurante que escolheram para o nosso jantar é simplesmente maravilhoso. Lustres enormes e coloridos pontilham o teto de um modo que parecem uma constelação no céu; gigantes janelas de vidro preenchem as paredes de ponta a ponta num dos cantos, abrindo a vista para o mar de uma das praias de Aruba, a Palm Beach. Lá fora, consigo ver as ondas quebrarem na costa e o vento agitar as palmeiras que circundam a praia. A lua cheia brilha solitária no meio do céu, refletindo sua luz várias e várias vezes no mar.

— Meu Deus, esse lugar é chique demais pra mim — Paula fala, enquanto engole cada detalhe do ambiente com os olhos.

— Cala a boca, você é milionária — Hari diz.

Manoel nos leva para uma mesa reservada de frente para o mar. Nós nos acomodamos nas cadeiras, que têm detalhes gravados em ouro nos pés e no encosto.

— Eu sabia que o Caribe era lindo de dia — Letícia comenta. — Mas à noite, meu Deus, fica perfeito.

— Gostaram do restaurante, meninas? — Manoel pergunta. Ele está sem as roupas da Conexão Caribe pela primeira vez desde que chegamos.

— Amamos —  Mylenna fala. — É lindo demais.

—  Garanto que a comida é ótima também — ele diz.

— Tem que ser, né — diz Paula. — Afinal de contas, eu não vim comer a parede.

— Paula! — Hari repreende, mas dá um sorriso de lado.

Manoel ri com o comentário e faz alguma observação sobre a infinidade de opções que o cardápio tem. Ele folheia as páginas e nos mostra os pratos. Minha barriga ronca só de olhar para as fotos.

— A gente pode fazer uma live amanhã? — eu pergunto para Paula e Hari depois que fazemos os pedidos. — Me perguntaram no Curiouscat quando ia ter. Tá todo mundo cobrando.

— Vamos fazer sim, Luh — Paula diz. — Senão o povo vai dizer que vocês são egoístas.

— Deus me livre ver alguém atacando qualquer uma de vocês — Hari fala. — Eu mato quem tocar nos meus bebês.

Meu Deus.
Meu Deus.
Meu Deus.

Se controla, Luciana, se controla!; minha mente grita para mim. Eu faço um esforço enorme para manter a compostura e agradecer o carinho com um sorriso educado, sem demonstrar que estou explodindo por dentro e que minha vontade era pular no pescoço dela e esmagá-la. "Eu mato quem tocar nos meus bebês"  fica ecoando na minha cabeça sem parar.

— Falando em CuriousCat, o que eram aqueles asteriscos que te mandaram? — Gabriela pergunta, me tirando do meu surto interno.

— Sei lá — eu digo. — Não entendi nada.

— Estranho — Raíssa diz. — Parecia um aviso.

— Nada a ver. Deve ser só alguém querendo biscoito — eu falo.

— Ou é um aviso — Raíssa repete. Eu ergo uma sobrancelha para ela, mas ela para de me olhar e não diz mais nada.

— Meu Deus, agora que percebi uma coisa... Vocês sabem que dia é hoje? — Mylenna pergunta.

— 24 — Paula fala. — Por quê?

Ela dá um sorriso que faz suas covinhas cintilarem sob a luz dos lustres de constelação, e diz:

— Hoje o Cosmos faz quatro meses.

— Meu Deus, é verdade — eu falo. — Olha onde a gente tá comemorando!

— Ah, não acredito! — Hari diz. — Que lindo. Vocês fizeram a tatuagem no dia certo.

Eu olho para a estrelinha marcada na minha pele e sorrio. É muito mais que uma tatuagem: é um modo de eternizar o que estou vivendo; não só um lembrete da viagem perfeita, mas também um lembrete de que nunca devemos desistir dos nossos sonhos. Afinal, eu jamais imaginaria viver isso um dia.

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