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ATÉ QUE A MORTE NOS SEPARE

Festejar com a as pessoas mais influentes da Virgínia era uma experiência intensa e prazerosa, como tudo o que Brianna havia feito em Mount Josiah até aquele momento. Havia uma variedade infinita de comida e vários galões de vinho de ótima qualidade; abundantes o suficiente para que metade dos convidados já exibissem o rubor de quem já passara da terceira taça. A chama das velas refletia nos pequenos cristais dos lustres, lançando centenas de feixes de luz pelo salão. Criados transitavam de um lado para o outro, oferecendo bolinhos polvilhados de açúcar e canela, canapés elaborados feitos com algum tipo de peixe que não ela reconheceu e outras coisas que não lhe eram nem um pouco familiares.

As mulheres estavam radiantes, exibindo seus melhores vestidos e jóias para angariar pretendentes ou apenas para se exibir. Os homens vestiam o conjunto completo de meias, calças, coletes, casacos e alguns até ostentavam bengalas ornamentais, tagarelando sobre futilidades enquanto gesticulavam com extrema delicadeza. Brianna segurou um sorriso ao perceber que muitos deles estavam cobertos em pó de arroz e ruge.

A música era tocada por um grupo de homens franzinos enquanto uma mulher cantava e embalava a celebração com sua voz melódica. Alguns convidados dançavam no meio do salão, coreografias ritmadas que pareciam ter sido muito bem ensaiadas. Toda a atmosfera do salão era agradável e divertida, como se não houvesse mais nada acontecendo no mundo. Ela viu o Jovem Ian flertando com uma jovem criada e enquanto Fergus e Marsali se juntavam aos casais dançando. Sua mãe e seu pai estavam mais afastados; Jamie, com toda sua magnitude e virilidade, destacando-se sobre os outros homens da sala graças à sua altura e seus cabelos. Claire estava linda e Brianna sentiu-se orgulhosa ao ver a mãe tão feliz e confortável. Ela pudera testemunhar os dois casamentos da mãe e, por mais que amasse Frank, sabia que era Jamie que fazia Claire se sentir viva. Os dois pareciam jovens recém casados, tão envolvidos em sua aura de flerte, olhares e risinhos que mal pareciam perceber o que acontecia ao redor.

— Gostaria de dançar, milady? — perguntou alguém atrás de mim.

Com a convivência, ela aprendera que John Grey era um homem de tirar o fôlego. Todavia, vê-lo com os cabelos perfeitamente penteados e brilhantes, presos por uma fita dourada na nuca, o casaco azul bordado com fios dourados e os olhos flamejando na direção dela era sempre um motivo para deixar seu ritmo cardíaco descompassado.

— Perdoe-me se fui muito atrevido — acrescentou ele, claramente aguardando por uma resposta. O sorriso em seu rosto se espelhou no de Brianna e ela segurou a mão que ele lhe estendia. — Mas a achei atraente demais para ficar escondida em um canto, sem ser notada. Você, afinal, é o motivo dessa festa.

— Eu adoraria, milorde. Temo, entretanto, que eu não esteja familiarizada com esses passos.

— Eu a guiarei.

Sem esperar por uma resposta, John a puxou para o centro do salão, mantendo o olhar fixo no dela. Suas mãos se ergueram, com as palmas viradas para as de Brianna. A jovem fez o mesmo movimento, tentando copiar o que as outras damas faziam as margens de sua visão periférica. Suas mãos não se tocaram, mas permaneceram no ar como polos opostos de um imã, impossibilitados de se aproximar mais.

Ele lançou o quadril para a esquerda e ela fez o mesmo, para a direita. Seu sorriso se alargou em aprovação e ambos levaram uma das mãos às costas, mantendo a outra na mesma posição de antes.

— Achei que não soubesse os passos dessa dança — comentou John quando ambos giraram duas vezes ao ritmo dos violinos e violoncelos. Os olhos azuis dele não se desgrudavam nem por um segundo dos dela, causando a sensação de que o mundo ao redor deles começava a se esvair lentamente.

Canções de um incendiárioOnde histórias criam vida. Descubra agora