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OS GREY DE MOUNT JOSIAH

Brianna e Lorde John conversaram durante a madrugada toda. Ele providenciou para que vinho lhes fosse trazido e eles beberam e comeram, trocando amenidades até que o álcool presente no vinho iniciasse a fagulha de coragem que se espalhou entre eles como fogo em palha seca. A tensão sexual entre eles era tão tangível, que Brianna se perguntou se seria possível cortá-la com uma faca. Ela fora até o quarto dele com uma única intenção, mas o medo a fez desistir dos seus planos no meio do caminho. John não era tolo e ela estava ciente que ele conhecia bem suas intenções, mas parecia tão nervoso quanto ela com aquele encontro inesperado.

Sentaram-se perto da lareira, acalentados pelo calor aconchegante e abrasivo que emanava em ondas pelo cômodo. Brianna contou-lhe sobre sua infância e sobre Frank Randall, o homem que acreditou ser seu pai por tantos anos. Contou-lhe também sobre Roger e a briga que a fizera se arrepender de tê-lo amado um dia.

— Você ainda o ama? — perguntara John, tão casualmente que Brianna quase não percebeu o interesse genuíno por trás da sua indiferença.

— Não — respondeu ela sem hesitar. — Carinho, talvez. Ele nos ajudou a reencontrar meu Pa e por isso sou eternamente grata. — Colocou a mão sobre a barriga protuberante, abrindo um sorriso. — Há essa pequena coisinha também. Não o amo, mas aprecio tudo o que ele me deu.

Falaram sobre suas famílias, sobre o que gostavam de fazer quando eram mais novos e como achavam que o futuro seria. Brianna não pode deixar de sorrir enquanto John lhe contava sobre os flertes de sua adolescência. Vê-lo tão solto e despreocupado fazia com que ela sentisse que poderia se apaixonar por aquele homem, mesmo com as circunstâncias estranhas que os ligavam.

Com vinho e comida no sangue, ela percebeu que ambos ficavam mais confortáveis na presença um do outro. John se inclinava na sua direção, rindo entretido com a história que ela lhe contava sobre sua primeira vez ordenhando uma vaca algumas semanas antes em Fraser's Ridge. Falar com ele era tão fácil quanto respirar e ela se perguntou como havia ido parar no colo dele.

Estavam conversando, isso ela se lembrava, mas perdera o fio da meada em algum momento enquanto os olhos dele se fixavam nos dela, ouvindo atentamente o que ela tinha a dizer. Ele a ouvia — algo que nenhum outro homem jamais fizera — e isso deve ter sido suficiente para fazê-la tomar a iniciativa. Provavelmente nenhum dos dois havia percebido, mas a ânsia pelos lábios um do outro chegava a ser tão intensa que doía. Brianna passou os dedos pelos cabelos de John e o puxou com força em sua direção, tentando fazer com que eles se fundisse em um só. A mão dele agarrou-lhe um seio que saltava para fora do roupão e ela grunhiu, mordendo o lábio inferior dele com força o suficiente para sentir o gosto do sangue.

Sentia o calor do fogo nas costas, mas sua atenção estava direcionada para o calor que sentia no vértice entre suas pernas. Moveu o quadril, quase que instintivamente, quando os dedos dele a procuraram e ouviu o rosnado rouco que ele emitiu sob ela.

— Brianna — sussurrou John e ela gemeu baixinho, desejando com todas as suas forças que ele calasse a boca e a beijasse novamente. Apesar de ser um pouco mais alta que ele, John ainda era forte o suficiente para passar os braços na cintura dela e levantar-se da poltrona, colocando-a no chão e se afastando com dificuldade. — Bree... Não podemos... Ainda não nos casamos.

Brianna recobrou os sentidos e saiu de seu estupor, piscando algumas vezes enquanto pigarreava e se abraçava. O rubor queimava o seu rosto e o colo, mas ela não acreditava que fosse apenas vergonha. Respirou fundo, tão ofegante quando o homem descabelado que a encarava com evidente desejo nos olhos. Parecia que John estava reunindo toda sua energia para manter o autocontrole e ela se perguntou o que ele faria se ela insistisse. Quão forte era Lorde John Grey e sua vontade proteger a honra dela?

Canções de um incendiárioOnde histórias criam vida. Descubra agora