II - Estrela Solitária

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- Está doente, tenho certeza

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- Está doente, tenho certeza. - minha mãe colocou a mão na minha testa e só aí acordei do transe e percebi que comia as goiabas que ela picou para mim. Fingi vômito, afastando o prato.

- Mãe!

- Nunca vi isso, jogador de futebol que não come goiaba. - meu pai disse, soltando a fumaça do cigarro que tragava.

- Que saco, é só uma fruta, pai. - revirei os olhos, colocando leite nos meus cereais.

- Só estamos pegando no seu pé, campeão. - ele riu.

- Não ficou até tarde namorando aquelas coisinhas lá em cima não, certo Steve Grant Rogers? - minha mãe perguntou, colocando café em sua caneca.

- Não, mãe. - respondi.

- Você parece tão avoado. Essa semana inteira de achei muito distante. - a mulher de cabelos loiros e olhos azuis intensos respondeu. Sarah Rogers é o ser mais doce e mais zangado do mundo ao mesmo tempo, não dá pra descrever o tamanho da bronca que levei semana passada. E Joseph Rogers finge que não consome drogas e que eu tenho dez anos a menos.

Meu pai tem uma oficina na mesma rua que nossa casa, é só dar alguns passos. Se chama Rogers' oficine e é bem movimentada, meu pai trabalha muito e tem uma paixão por carros difícil de entender. Minha mãe vive com ciúmes dos carros, diz que ele gosta mais deles do que dela, o que é puro drama, meus pais são completamente apaixonados um pelo outro a vinte e sete anos. Ele fuma e bebe desde que minha irmã morreu. Já minha mãe é professoa do primário de uma escola aqui perto, seu amor com crianças a faz ser uma incrível educadora e faz terapia toda semana.

- Está apaixonado, são os hormônios! - riu, e eu levantei, pegando minha mochila e afastando os devaneios sobre meus pais ou eu me atrasaria.

- Pelo amor de Deus, não preciso ouvir isso. - respondi, beijando a bochecha da minha mãe.

- Juízo, Steve Grant Rogers! - minha mãe disse enquanto desci os degraus da cozinha. - Use camisinha, não se esqueça!

Ela gritou o mais alto que conseguiu de propósito, conheço Sarah Rogers. Mas eles estavam certos. Eu estava completamente atordoado sem ver a ruiva bailarina. Sequer sabia o nome dela, mas estava. Ela não tinha mais aparecido no auditório e isso quebrou meu coração de tanta preocupação. Fui até o hospital uma tarde dessas para tentar descobrir algo sobre ela, mas não consegui nada.

Eu sonhava com ela dançando. A música, que descobri ser Canon in D minor que me encantou tanto tocava em minha mente o dia todo. Quando fechava os olhos podia imagina-la deslizando magicamente pelo palco iluminado. Seus olhos verdes tiravam meu chão. Foram quatro dias inteiros tropeçando nos próprios pés e balbuciando quando Wanda me fazia interrogatórios sobre a garota em questão. Não tinha o que responder, não sabia nada sobre ela a não ser o fato de ela me encantar arrebatadoramente.

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