Depois de estudar em São Paulo, finalmente eu estava voltando, consegui concluir o ensino médio e a faculdade de administração que tanto queria.
Porém, depois de tudo, tenho que voltar, não avisei, nem mesmo meu pai, por saber que ele mandaria me pegar.
Anunciei aos amigos que minha data de chegada seria a somente daqui uma semana e comprei passagens com dinheiro, com a ajuda de um velho amigo da companhia aérea, meu nome não estava na lista.
Entretanto ainda me vejo olhando o teto da van descascada, paramos a alguns minutos e visualizo as outras meninas que foram pegas junto à mim. Todas estavam assustadas e encolhidas, haviam duas ao meu lado direito e pareciam ser irmãs, outras duas ao meu lado esquerdo que batiam insistentemente na lataria do veículo fazendo um barulho insuportável ecoar pelo pequeno espaço e quase me deixam surda.
—Parem de bater, meninas! - minha voz faz elas travarem e seus olhos me atingem me mostrando a razão número um delas terem sido raptadas.
Eram lindas.
—Não somos você que quer ser levada! - arqueio uma sobrancelha, me apoio no chão do veículo e me ajeito até me deitar, sorrio de lado e elas arregalam os olhos com minha calma.
—Como consegue estar tão calma?! - a segunda me pergunta com um tom de voz baixo e sinto pena por saber o que vai acontecer a nós cinco.
—Nada do que fizerem vai nos salvar... - conheço meu pai e todos seus métodos, mas ele nunca me pegaria junto a outras pessoas, então somente duas hipóteses surgiram a minha mente e só uma se concretizou quando um dos caras que nos pegaram adentrou o veículo e me viu deitada no chão com as mãos atrás da minha cabeça, e como se nada me incomodasse.
—Quem é... - seus olhos negros percorreram todo meu corpo.
Foi ali que observei-o melhor e me lembrei dele. Rodolfo Guliman, o braço direito de meu pai.
Percebi que não sabia quem eu era e muito menos sabia como eu era, me provando que meu pai ainda tinha seus métodos para não deixarem que me incomodassem, mas ainda sim foi intrigante seu olhar sobre mim.
O homem era branco, olhos escuros e cabelos pretos cortados estilo exército, usava calças pretas coladas, botas de exército enormes e camiseta na mesma cor, e o detalhe que não me fugiu, usava uma correntinha ao pescoço e minha curiosidade foi a mil. Pois meu pai odiava que seus homens portassem algum tipo de joia, somente permitindo roupas e relógio de pulso.
Ele se agachou ao meu lado e segurou firme meu queixo apertando com força o que me proporciona dor, porém não me mexo e continuo na mesma posição.
—Chefe! - uma segunda voz surge e vejo no canto um rapaz com minha mochila e já desconfio que agora sabem quem sou.
Meu documento é entregue para ele e seus olhos se dilatam ao me observar sabendo quem sou.
—Ora, ora! - sua voz grossa me atinge e tranco o maxilar. —Não é que Ella Amaro tentou escapar! - as meninas me fitam e todas se afastam de mim, me lembrando a razão que nunca me envolvi nos serviços de meu pai. —Ele ficará feliz em saber que você está de volta... - ele volta a segurar meu queixo. —Oito dias mais cedo... - então me larga e se levanta.
Vejo dois homens mais novos que ele adentrarem rapidamente o local, e me puxam para cima pelos braços me forçando a ficar em pé.
Então sou arrastada para fora e me deparo com o prédio de onde eu consegui sair a oito anos, por fora parecia um local de apartamentos, porém quem entrava, tinha noção do que se tratava.
—Levem-na! - volto a ouvi-lo comandar e a porta da van é fechada.
Sinto que meus pés tropeçam, mas com mais de cinco passos me coloco firme ao conseguir acompanhar os dois que me arrastavam.
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Ella - Escolha a quem proteger
RomanceUm casamento forçado! Uma guarda cedida! Um relacionamento fechado! Uma filha protegida! Tudo o que Rodolfo Guliman não precisava era de uma esposa prometida a ele pelo chefe da máfia Amaro, e muito menos que essa mulher era a filha preferida do h...