—Como assim, Soraia morreu? - Cassandra arregala os olhos e eu percebo que gritei ao ver que todos os homens e meu pai se viram para mim.
—Puts, Ella! - ela fita meu pai que se aproxima. —Ele não te contou? - arregalo os olhos e fito meu pai.
—Está tudo bem entre vocês dois, filha? - meu pai me toca nas costas e fecho com força minhas mãos para tentar controlar meu tremor pela notícia que recebi. —Eu avisei ele que seu treinamento com os morcegos passaria para amanhã por causa do que houve ontem à noite! - me afasto dele tentando organizar minha mente.
—Eu vou... - aponto para o elevador e meu pai assente.
Somente me viro correndo para dentro e aperto o botão para o penúltimo andar. Me viro para o espelho e analiso meu semblante. Nos últimos dias eu não mais ligava para mim, somente tomava conta de Ângelo e treinava, algo que me proporcionou olheiras, e cabelos cacheados e somente lavados, sem tratamento ou coisa do tipo.
Unhas pintadas somente pela razão de Cassandra me obrigar e ainda me obrigava a me vestir melhor por razões de precisar ir em reuniões com Rodolfo por ele ser o braço direito de meu pai, mas o bebê ficava com minha irmã. Porém no fim eu obrigava meu noivo a me trazer de volta por não suportar ficar longe da criança.
Então me lembrar de Soraia me da um aperto confirmando que agora mais do que nunca Ângelo somente tinha a mim para ser sua família, pois meu pai abandonou de vez a ideia de reconhece-lo como filho.
A porta do elevador se abre e saio o mais rápido possível, abro a porta do quarto que agora chamo de "nosso".
Rodolfo coloca o menino no berço e se vira ao me ver abrir a porta. Seu olhar mostra tristeza e sabe que agora sinto o que se passou com ele, deixo a porta e corro até ele me jogando em seu pescoço e sou pega, ele me puxa e coloco minhas pernas em sua cintura e seus braços se apertam em minha cintura o sentindo tão perto que praticamente posso dizer o quanto senti saudade dessa nossa aproximação.
—Sinto muito... - digo e ele me aperta firme se sentando a cama comigo no colo. —Saiba que estou aqui, não importa o que haja... - me afasto segurando seu rosto. —Não importa se tudo isso acabar! - ele me aperta me puxando de volta e o sinto em meu ombro e somente apoio minha cabeça na curva de seu pescoço. —Vai dar tudo certo! - o sinto fazer carinho em minhas costas nua e um arrepio me percorre.
O bebê chora acordando e me viro franzindo o cenho, algo estava errado e eu sentia isso. Me afastei dele que também se levanta e quando chegamos perto do berço juntos, Ângelo adormece com um sorriso no rosto.
—Ele sabe! - elevo meu olhos para ele e me sinto confusa. —Ele sabe... - seus olhos fitam meu lábios por estarmos tão próximos e me sinto estranha. —Que eu te amo... - suas mãos se elevam até meu rosto e me puxa selando nossos lábios e meus olhos se fecham ao senti-lo.
Suas mãos seguravam meu rosto com delicadeza, mas não deixavam que eu me afastasse, levei alguns segundos para notar o que estava acontecendo e me afastei encostando sua testa na minha e meus olhos o fitam de olhos fechados.
Então o analiso e me lembro dos momentos que sempre estivemos juntos, quando fui trazida, o caso do charuto que até hoje meu pai não o deixa entrar em sua sala quando está fumando, a piscina de bolinhas que nunca mais fomos, a parte de Minnie ser sua filha, Ângelo ser nosso filho perante a justiça e nesses últimos meses, todos os momentos que não deixou o bebê me acordar por saber que eu estava cansada, os momentos em que saiu com Minnie e o menor para que eu treinasse.
E Cassandra me contava das vezes que ele passava na casa dela para pegá-lo pois sabia que eu não gostava quando era levado para lá, assim o encontrava dando banho nele, mesmo sem minha permissão e levava uma bronca por não cumprir nosso acordo.
Seus olhos se abrem e me fita, porém quando vejo que irá dizer algo, agarro sua cintura e o puxo colando minha boca na dele e o beijo que minha mulher interna esperava finalmente acontece. O sinto sorrir em meus lábios e me beija como se somente tivéssemos aquele momento para ficarmos juntos.
Um limpar de garganta surge e nos separamos rapidamente nos virando para ver a imagem de Cassandra com um sorriso enorme estampado no rosto e braços cruzados.
—Se eu não soubesse que estão noivos, acharia que esse foi o primeiro beijo de vocês... - sinto minhas bochechas esquentarem e tenho certeza que fiquei vermelha.
Fito Rodolfo que está sorrindo de orelha a orelha e não tira os olhos de mim ainda com as mãos em minha cintura e quase achei que aumentou de tamanho, ou eu que encolhi.
—Precisando de algo, Cassandra? - ele pergunta sem desviar os olhos de mim. —Estou ocupado no momento! - sinto uma sensação estranha em meu abdômen ao senti-lo me olhar daquela maneira.
—Eu vi... - ela intensifica a última palavra dando risada. —Mas meu pai disse que tem notícias do cara! - os olhos de Rodolfo se transformam em pura raiva e se vira lentamente para minha irmã que fica séria de repente.
—Diga a meu pai que ele já vai... - seguro os braços dele sentindo cada músculo, e faço minha mente se concentrar enquanto o vejo confuso pelo que disse a Cassandra.
—Okay, mana! - ela fecha a porta e o silêncio se faz presente.
—Me conte tudo! - seus olhos voltam a mostrar tristeza e sinto o aperto voltar ao meu peito.
—Soraia ligou para seu pai ontem por volta das quatro da tarde pedindo ajuda...
Foi quando as cólicas de Ângelo começaram. Ultimamente, em cada ocasião do dia minha mente automaticamente relacionava a algo de Ângelo, como o primeiro sorriso no dia que o buscamos, o primeiro grito de insatisfação quando Rodolfo se negou a me devolver ele, e sua primeira cólica quando comecei meus treinamentos.
—Ela pediu para eu ir busca-la e foi o que fiz, mas quando cheguei no local onde combinamos, havia um capanga do cafetão dela dizendo que se eu quisesse ela viva, deveria desistir do menino! - arregalo os olhos.
—Soraia disse que o chefe dela não iria querer saber do menino! - ele confirma.
—Por isso liguei para seu pai e ele me mandou acha-la e trazê-la de volta não importasse o que acontecesse ou como eu faria! Então liguei para a polícia e eles moveram as autoridades do local e falaram sobre o caso... - o vejo fitar o bebê. —Adentramos o prédio onde ela estava, mas era uma emboscada e fui o único que conseguiu chegar até Soraia, porém era tarde demais, eles haviam atirado nela com balas revestidas de ácido... - ele para de falar e o abraço por trás enquanto ele chorava escorado no berço.
—Não foi culpa sua... - o sinto se virar e segura meu rosto, seus olhos estavam cheios de lágrimas novamente.
—Mas eu poderia ter desconfiado que... - toco seus lábios e nego.
—Não foi sua culpa, Grandão! - ele sorri com o apelido que criei.
—Grandão?! - sua voz falha, mas consegue mostrar seu sorriso de lado, aquele que sempre me encantou. —Obrigado, pequena! - o abraço pela cintura e o sinto me aperta contra seu corpo.
—Então se você me ama... - me afasto chamando sua atenção. —Quando tudo isso acabar... - ele sorri de lado sabendo do que eu estava falando. —Eu e você não vamos nos... - ele nega.
—Aceita se casar comigo, de verdade? - sorrio de orelha a orelha e o beijo sendo agarrada e logo minhas pernas estão novamente em sua cintura o sentindo colado a mim.
Mesmo nos beijando, e mesmo eu sabendo que ele me amava, ainda tinha algo que nos impedia de ficarmos juntos.
Janet Amaro.
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Amanhã tem capítulo!!
Amo vocês, e esse beijo que finalmente saiu!!Bjs
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Ella - Escolha a quem proteger
RomanceUm casamento forçado! Uma guarda cedida! Um relacionamento fechado! Uma filha protegida! Tudo o que Rodolfo Guliman não precisava era de uma esposa prometida a ele pelo chefe da máfia Amaro, e muito menos que essa mulher era a filha preferida do h...