16 - Coragem...

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—Nossa vez! - ele se levanta e com um impulso em minhas costas, estou de pé indo a frente até entramos na sala do pediatra.

Um senhor que aparentava ter seus sessenta anos, estava sentado à mesa, se levantou quando entramos e veio até mim com um sorriso no rosto.

—Ainda não entendo como Soraia consegue fazer crianças tão lindas! - seu comentário faz Rodolfo dar uma risada baixa e eu somente fico em silêncio. —Olá, garotão! - o bebê em meus braços acorda ao senti-lo ser pego e sinto a falta dele que me deixa estranha.

Ele se afasta indo até um local onde há um balcão de mármore alto com um pequeno colchonete e o ajeita ali, retira seu macacão com agilidade e o examina.

Toca braços, pernas, barriga e pescoço tirando movimentos e sons dele que me fazem sorrir e logo em seguida me contenho ao ver que Rodolfo me observava.

—Está tudo bem! - ouço sua voz ecoar pelo local e logo o vejo trazendo Ângelo de volta para meus braços e como se nos conectássemos, a criança se ajeita perfeitamente em meu colo. —Soraia vai doar o leite que ela produzir e enviará para vocês, tudo bem? - vejo Rodolfo confirmar e apanha uma receita feita pelo médico. —Deem todas as vacinas necessárias e tentem não deixar Janet fazer o que fez com Lívia, Okay? - travo me virando para meu "noivo" que confirma.

—Obrigado, doutor! - ele aponta para a porta e logo estou caminhando sendo seguida por ele para fora do consultório.

Saímos do local e ainda na calçada paro o fazendo me olhar e ficar confuso.

—Não tem nada para me dizer? - o bebê se mexe incomodado com a posição que o coloquei e o posiciono em pé o sentindo colocar sua cabeça em meu ombro.

—Você está falando de Janet? - assenti com veemência. —Não vai acontecer de novo, Ella! Agora vamos... - ele tenta tocar minhas costas mas me desvio o olhando incrédula.

—O que ela fez, Rodolfo? - seus olhos se fecham quando ele respira fundo e esfrega o rosto com a mão livre por estar com a bolsa de Ângelo.

—Porque se importa? - elevo as sobrancelhas. —Eu sei que você não queria voltar para casa e que não queria nada disso, e agora está... - o bebê se incomoda com o que está acontecendo e o passo para meu outro  ombro o sentindo voltar a se ajeitar. —Quer que eu o pegue? - se aproxima deixando a bolsa no chão e me afasto.

—Me diga o que Janet fez, Rodolfo! - escapo com o bebê no colo.

—Porque raios quer saber, Isabella? - meu sangue ferve por ter me chamado pelo meu nome e seguro firme a criança contra mim me aproximando rapidamente dele.

—Porque vou ser sua esposa, você tem uma filha que está sendo criada como uma Amaro, e agora nós dois temos a guarda de Ângelo! - o vejo travar por inteiro e está estático pelo o que eu disse. —Eu me importo pela única razão que mesmo somente o conhecendo a dois dias, eu sei que você é um pai presente e cuidadoso, não me desrespeitou e cuida de mim mesmo nas circunstâncias em que fomos colocados, então abra essa merda de boca e me diga o que Janet fez! - foi a primeira vez que o enfrentei daquela maneira e eu não tinha a mínima ideia de onde tirei aquela coragem.

Era como se uma adrenalina surgisse do meio do peito, como se eu precisasse proteger algo e naquele momento eu só pensava na criança em meus braços.

—Janet misturou leite e vodca... - suas palavras foram o estopim para mim.

—Agora vão conhecer Ella Amaro! - seus olhos se dilataram ao me ouvir. —Preciso voltar o quanto antes...

Caminho até o carro e o observo me analisar enquanto se abaixava pegando a bolsas e destrava o carro para eu entrar.

—Precisa de... - antes que terminasse de falar, eu havia conseguido prender Ângelo na cadeirinha e puxei a bolsa dele para meu colo. —Não faça nenhuma besteira, pequena! - ele se atenta a mim e arqueio uma sobrancelha.

Ella - Escolha a quem proteger Onde histórias criam vida. Descubra agora