2 - As filhas!

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Rodolfo Guliman

Seus olhos se fecharam e somente tive tempo de agarrar seu corpo que caiu e senti o chão ao acerta-lo. Observo seu rosto, seus cabelos pretos estavam em desordem pelo modo como a pegaram no aeroporto e sua bochecha esquerda mostrava a marca vermelha da mão de seu pai.

Mesmo com sua personalidade forte ao enfrentar seu pai, percebi medo em seus olhos ao ser arrastada para dentro do prédio.

Notei suas olheiras de noites mal dormidas e fiquei intrigado, mas eu ainda tinha que levá-la para meu quarto antes de seu pai voltar.

Então passei meu braço esquerdo por baixo de suas costas e apanhei suas pernas percebendo o quão leve ela era.

Ao me colocar de pé e sair do escritório indo na direção do elevador me lembro da cena de meu chefe virando um tapa tão forte que me surpreendi do que ele havia feito. Pois sempre me falava dela com sorriso e um orgulho acima de tudo fazendo suas outras filhas serem ciumentas quanto a ela, o que já levou a suas oito meninas brigarem feio a direito de tapas e um dicionário recheado de xingamentos.

Me deixou sem ação ao vê-lo agir daquela maneira com ela, não era de seu feitio bater em mulher, ainda mais quando se tratava de Ella. Ele a protegia como um leão.

A porta do elevador se abre e caminho pelo corredor, abro a porta me deparando com meu quarto, cama King e um closet mais ao fundo, um banheiro só para mim e criado mudo em cada lado da cama.

Me abaixei a colocando ali, tirei suas sapatilhas notando ser azul marinho com um laço em vermelho e a observo notando que gostava de coisas desse tipo.

Então vou ao banheiro apanhando uma toalha de rosto, molho a deixando úmida e volto, me sento ao seu lado e quando me aproximo para tocar seu rosto ela abre os olhos devagar, fita o teto e me olha se afastando rapidamente e se encolhe ao canto da cama.

—Não toque em mim! - fico em silêncio, ela não tinha noção de onde estava e com quem estava e muito menos o que a esperava. —Meu pai não pode me...

—Ele pode, e ele vai, Ella! - minha voz a deixa em silêncio. —A menos que queira virar uma das prostitutas dele... - a faço se lembrar com o que seu pai lidava. —Aconselho se acalmar e começar a aceitar que será minha esposa! - ela nega abraçando ainda mais suas pernas e devagar vejo seus olhos se encherem de lágrimas.

Me levanto não querendo a ver chorar, pois não suporto mulheres emotivas e vou ao banheiro deixando a toalha pendurada.

Volto ao quarto e ela está com o rosto enfiado em suas pernas e treme me dando a noção de estar chorando e não só com lágrimas nos olhos. A deixo sozinha e tranco a porta quando saio, não quero correr o risco dela fugir ou qualquer outra dor de cabeça.

Caminho rapidamente até o elevador, mas quando a porta se abre me deparo com Minnie, a caçula das oito irmãs que tem somente oito anos.

—O que faz aqui, Nina! - seus olhos azuis me atingem e sorri elevando suas mãos com uma vasilha. —O que é isso? - ela sai ao meu encontro.

Seus cabelos ruivos estão amarrados ao alto em um coque bem feito, está de vestido solto preto e sorria alto.

—Janet me mandou entregar, ela disse que você trouxe convidada e ela talvez esteja com fome! - arqueio uma sobrancelha fitando o que estava a minha frente.

—Obrigado, Nina! - apanho a vasilha. —Pode deixar que eu entrego! - a garotinha confirma voltando para o elevador e quando a porta se fecha abro a tampa e observo os biscoitos com gotas de chocolate.

Porém eu sabia que Janet odiava Ella, então espero vinte minutos e volto a apertar o elevador que está vazio, aperto o botão para o andar logo abaixo onde era cozinha comunitária do prédio e logo que saio jogo os biscoitos no lixo. Tenho certeza que era envenenado, e se não fosse, era melhor prevenir, sabendo que a garota vele muito para a máfia.

Rapidamente apanho uma bandeja, vejo ao longe nosso chef de cozinha e passo por ele indo até a geladeira, apanho um suco de laranja, faço um lanche rápido e quando tudo está pronto elevo meus olhos para Janet que está do outro lado do balcão me observando. 

—Quem é a convidada, chefinho... - seus cotovelos estão apoiados a minha frente e tenta mostrar seu decote em sua blusa quase transparente. 

Desde que cheguei e consegui entrar para o grupo Amaro, muitos homens foram o braço direito do chefão, mas sempre em menos de três meses eles acabavam ficando com uma das filhas do homem e eram mortos na manhã seguinte me fazendo subir de cargo e a seis anos estar nele. 

Por essa razão a filha mais querida dele me foi prometida, pelo simples fato que não me deitei e não sinto absolutamente nada por nenhuma delas. Ele vivia dizendo que "eu merecia alguém a altura", e não suas filhas que aceitavam se deitar com qualquer um. 

—Se ousar pisar no meu andar, te mando de volta para o buraco de onde teu pai te tirou... - então o silêncio entre os funcionários do local se fez presente e os olhos escuros dela se arregalaram. 

—Nossa Rodolfo, também não precisa ser rude... - ela amarra seus fios rosas acima em um coque tentando chamar atenção e me volto a bandeja a minha frente, que logo o nosso cozinheiro coloca uma maça e sorri de lado, me cumprimentando. 

Me viro apanhando a bandeja e caminho com calma entre todos que somente me observavam até que aperto o botão do elevador e espero. 

—Não vai mesmo me contar, chefinho!! - ouço sua voz logo atrás bem perto de meu ouvido e me viro agarrado seu pescoço e todos se afastam enquanto tento não mata-la de raiva e não deixar a bandeja cair. 

—Sei muito bem que se diverte com os homens daqui, e seu pai não se importa, mas saiba de uma coisa, Janet... - a puxo bem perto. —Você nunca vai me ter! - a solto quando a porta do elevador se abre e adentro calmamente, a vejo cruzar os braços e bufa quando me encontro sozinho a caminho de meu quarto. 

Todas as oito filhas tem seus cargos e posses dentro da máfia Amaro, sendo uma hierarquia que se não respeitada é morte na certa.

Janet, 28 anos e a amante do chefe, também a mulher que pode ficar com quem quiser, mas sempre deixada de lado por ser dessa maneira.  

Julia, 30 anos e a chefe do tráfico de mulheres. Nenhum homem a cobiça por ela ser casada com o melhor amigo de seu pai e o cara que é infiltrado no FBI para que as coisas continuem como estão.

Liandra e Lara, 27 anos, gêmeas e as prostitutas mais cobiçadas entre todas as que já passaram pelas nossas mãos. Elas são boas quando o quesito é separar as brigas entre as meninas e conseguir acalmar os ânimos para que o trabalho não vire uma bagunça e o pai delas não mate todas. 

As quatro mais velhas não conhecem as mães e o chefe nunca disse uma única palavra sobre isso a ninguém, pois sempre contou que elas não mereciam a vida de suas mães e no final ele as tomou. 

Então vamos para filha de 24 anos, Ella, mas seu nome verdadeiro é Isabella em homenagem a prostituta que cuidou dela depois que sua mãe de sangue morreu e quem foi a líder da máfia antes de seu pai lhe dando direito a tudo pelo "sangue puro" que tinha. 

A briga entre os dois vem de tempos e isso é o que mais todos comentam sempre que Janet grita com o pai falando que ainda vai conhecer a preferida dele e vai mata-la, levando um tapa na cara toda vez. 

Meus pensamentos são cortados quando a porta do elevador se abre e saio rapidamente, caminho até a porta de meu quarto e adentro o local a vendo ainda encolhida no canto da cama porém seus olhos me atingem e somente volto a fechar a porta. 

—Você precisa comer algo! - me surpreendo quando concorda de leve e relaxa as pernas se ajeitando quando me aproximo e coloco a bandeja a sua frente. 

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Toda vez que eu tiver dois capítulos prontos, tentarei postar!!

Então se não houver postagem, ainda não consegui seguir com a história...

Lembrando que não há dia de postagem fixo!! 

Mas me digam o que acharam, pois assim incentiva a autora em mim para essa obra!

Beijos...




Ella - Escolha a quem proteger Onde histórias criam vida. Descubra agora