Ella - Escolha a quem proteger

22 - Mais um?

Os dias passaram rapidamente, exatamente três semanas, e nesse momento estou lendo mais um dia do diário de minha mãe, onde conta que sua bolsa estourou, e nasci dentro do carro de meu tio, me fazendo ler e reler a parte onde ela dizia que meu pai desmaiou quando viu minha cabeça sair por entre as pernas, e não aguentou caindo duro, e no fim quem tomou as rédeas foi Arthur finalizando o parto.

—Tio! - chamo por ele do sofá, pois eu estava com Ângelo dormindo em meu peitoral deitada com a cabeça apoiada no braço do móvel e lia o caderno.

—Fala... - diz entre dentes por estar com uma borrachinha de cabelo na boca, está na poltrona a frente com Sofya tentando fazer algum penteado nos cabelos cacheados e grandes da menina.

—Você fez meu parto? - ele solta uma gargalhada deixando a pequeno elástico cair no chão e faz careta parando de rir no mesmo instante. —O que está fazendo, tio? - ele eleva seus olhos para mim e solta os cabelos de Sofya.

—Eu estava... - solta um suspiro. —Tentando fazer algum penteado para que ela não vá para a escola de cabelo solto! - franzi o cenho e ele percebeu. —A escola mandou recado dizendo que estão em época de piolho e Heloísa ficou doida ao imaginar ter que cortar o cabelo de Sofya por causa disso... - solto uma risada por perceber que ele já havia se tornado pai. —Quanto ao seu nascimento... - sorrio. —Isabella estava a caminho do hospital quando você resolveu nascer!

—Ela escreveu que meu pai desmaiou! - ele se abaixa confirmando e solto uma risada, e ele solta um sorriso vitorioso ao ver que conseguiu agarrar o elástico que havia caído.

—Sim... - confirma voltando a pegar Sofya e a coloca no colo. —Ela deitou no banco de trás da van, abriu as pernas e sua cabeça já estava saindo, foi aí que ouvi um barulho e quando olhei... - ele para de falar colocando a menina no chão e vejo uma trança embutida perfeita. —Ele tinha desmaiado!

Cassandra entra na casa junto à Heloísa, davam risadas altas e então Ângelo acorda me fazendo fechar a cara, fecho o diário colocando-o na mesinha de centro e me levanto com o bebê no colo.

—Bom dia! - eram exatamente seis horas da manhã, e quando Rodolfo ficava de plantão, eu dormia no sofá, o único lugar onde eu conseguia descansar longe dele.

—Onde as amiguinhas passaram a noite? - o tom de voz de meu tio me provoca um arrepio pelo corpo e o fito, e olho para as duas que param como se tivessem cometido um crime.

Arthur se levanta com a menina no colo e tranca o maxilar subindo as escadas depois de olhar para Heloísa de cima a baixo.

—Onde as duas estavam? - pergunto tentando parecer o mais descontraída possível para quebrar o gelo e Cassandra sorri. —Não deixou ela beber, não é? - Heloísa nega com os olhos arregalados.

—Ontem saímos para conversar sobre a surpresa do bebê e paramos em uma lanchonete para comermos, mas então um colega de infância de Heloísa nos encontrou e ficamos até tarde conversamos! - Cassandra fala tudo rapidamente e com certa afobação.

—Você está bem, Cassy? - pergunto a vendo assentir e Heloísa cai na risada. —Bom, conheço meu tio, melhor ir falar com ele... - a loira assente.

Caminha até mim dando um beijo em Ângelo e beija minha bochecha, depois sobe rapidamente a escada e me faz sorrir, ela cuidava de todo mundo como se fosse sua própria família.

—Céus, ele é um gato! - me viro de repente ao ouvir o comentário que pareceu sair sem querer e minha irmã fica vermelha igual a pimentão. —Vou subir! - então a vejo correr igual rojão para o andar de cima tirando um risada de mim.

O menino em meus braços bate palmas e o fito sorrindo, fito o diário na mesinha, caminho me abaixando para pegar, porém sinto algo estranho em meu abdômen como um leve enjoo e paro.