A empresa de meu pai era real e me surpreendi que ele era conhecido daquela maneira. Era evidente que todos sabiam e o medo era presente em cada funcionário que era pago para estar ali.
—Boa tarde, senhor Guliman! - uma moça na recepção cumprimenta Rodolfo que fecha a cara pegando um crachá de identificação para mim e não a responde. —Ela precisa assinar aqui senhor... - a vejo ajeitar o decote em sua camisa social e vejo que ele nem da bola me entregando a caneta para assinar a entrada.
Devolvo o papel e sorrio de lado abraçando Rodolfo pela cintura que fica tenso pois não avisei e logo em seguida a vejo ler meu nome e seus olhos se dilatam ao perceber quem era a mulher a sua frente.
—Senhorita Amaro?! - sua voz fina me irrita, mas me viro a deixando para trás quando Rodolfo me conduz ao elevador.
Adentramos o lugar as portas se fecharam, quando penso em me afastar, o sinto me abraçar e faz carinho em minhas costas, então vejo a câmera do elevador e entendo tudo.
Ele sabia que ninguém deveria saber de nosso casamento arranjado, e pelo modo como tratou a recepcionista, percebi ser um homem reservado quanto à questão de mulheres, e lembrando de minhas irmãs, talvez até houvesse uma fofoca da razão dele não se interessar por nenhuma das que trabalham perto dele.
Levando a questão de manter sempre o contato máximo comigo, para que a fofoca se concretizasse e pensassem que nunca havia se envolvido com ninguém pois já havia alguém em sua vida.
—Assim eles saberão que você já tinha alguém, por isso nunca se envolveu, acertei? - levanto a cabeça o vendo me olhar surpreso pelo meu comentário.
—Sim, pequena! - recebi um beijo em minha testa e um carinho em minha bochecha. —Talvez não goste do que vou falar... - franzi o cenho. —Mas agora entendo a razão de teu pai ter tanto orgulho de você! - elevo minhas sobrancelhas pois daquilo eu não sabia. —Você é mais inteligente que todas as seis juntas! - acabo sorrindo de lado e o vejo corresponder, algo que se torna bonito naquele momento, como se todo o rolo que acontecesse a nossa volta sumisse e somente estávamos nós dois.
—Até que fim, Rodolfo! - uma voz masculina e alegre nos tira do momento que acontecia e me viro encarando um homem bem vestido que me lembrava meu pai, então a ficha cai e abro um sorriso enorme.
Principalmente por ele abrir seus braços para mim, e corro me jogando em seus braços que me gira me fazendo soltar uma gargalhada.
—Wow, Bella! - ele segura meu rosto me analisando. —Você está mais linda do que quando foi embora! - sorrio abertamente e recebo uma beijo em minha testa.
—Obrigada, tio! - agradeço me lembrando do pouco que eu tinha de lembrança dele, porém sempre foi o homem que me apoiava a sair daquela vida, mesmo que fosse um dos mais importantes naquele meio.
—Então é verdade que vocês irão se casar? - sua pergunta me faz ainda abraçada a meu tio, encarar Rodolfo que sorri de lado e confirma.
—Sim, senhor! - me afasto e eles se abraçam. —Espero que o senhor apoie! - meu tio eleva as sobrancelhas e confirma.
—Nunca achei que diria isso, mas... - meu tio me puxa e me abraça de lado enquanto segura o ombro de Rodolfo. —Minha sobrinha terá o melhor marido que ela poderia encontrar! - travo.
Meu tio era o tipo nomeado como galinha e desde menina ele vivia dizendo que nenhum homem prestava, seu lema sempre foi de que marido bom é aquele que sempre coloca as necessidades de sua esposa e filhos acima dele próprio, uma coisa que ele não conseguia. Ainda não, segundo meu sexto sentido, até conhecer alguém.
—Papai está? - pergunto o vendo negar.
—Você conheço teu pai, Bella! Ele não suporta sair do meio daquele bando de homens que fumam charutos e só falam sobre sexo! - confirmo sabendo que meu pai não havia mudado. —Mas quero que conheça meu escritório... - ele me vira me abraçando pelos ombros e chama Rodolfo com a mão.
Caminhamos pelo andar até adentramos uma porta bem trabalhada e vejo ao fundo uma parede com um quadro enorme onde há um navio, sua mesa de madeira bem trabalhada e uma janela enorme ao lado esquerdo mostrando a cidade.
—Gostei! - digo observando que na parede a direta há uma estante de livros e uma porta mais ao fundo para algum outro lugar.
—Vai mesmo assumir tudo? - sua pergunta me trava e o vejo se afastar e aponta para a poltrona que há a frente de sua mesa.
—O senhor sabe o que penso sobre os negócios de papai! - comento me sentando e logo ouço a porta ser fechada vendo Rodolfo se sentar na outra poltrona antes de meu tio se ajeitar em sua cadeira. —Mas não tenho escolha...
—Todos temos uma escolha, Isabella, independente das consequências, podemos escolher! - o observo por alguns segundos e fito Rodolfo que nega me olhando e entendo que meu tio não sabia de muita coisa que estava acontecendo.
—A quanto tempo o senhor e papai não se falam? - seu olhar trava em mim por longos minutos, e se ajeita em sua cadeira passando a mão no rosto.
—Eu me esqueço que você descobre tudo sozinha... - ele diz como uma confissão. —Não converso com seu pai desde o dia que o acordo entre vocês terminou e ele não aceitou sua decisão! - sinto dó, pois sabia que os dois não vivam longe um do outro, mas meu tio sempre me defendeu quando meu pai não aceitava alguma decisão minha.
—Isso já faz dois anos, tio! - ele assente me olhando. —Então, desde aquele dia, você e ele não se falam? - ele confirma. —Ele não te procurou? - seus olhos fitam suas mãos.
—Tentou, disse que era algo sobre seu ex e um marido que estava tentando achar para você... - me seguro para não encarar Rodolfo. —Mas o ignorei, pois achei um absurdo o que ele estava propondo, como se você fosse uma mercadoria! - finalmente me fita. —Eu não conseguiria compactuar com um acordo desse tipo para você, a menina que cresceu sonhando ser atriz e depois descobriu que queria ser empresária! - ele nega como se tirasse a hipótese de meu pai na cabeça.
Um silêncio estranho toma conta do local e logo ouvimos batidas a porta, porém vejo que meu tio tranca o maxilar e eleva seus olhos para a entrada da sala me deixando curiosa.
—Pode entrar! - seu comando deixou a mostra algo a mais.
Então uma jovem adentra, vestia roupa social, estava com seus cabelos loiros em um rabo de cavalo alto e usava óculos grandes enaltecendo sua beleza até que comum.
Encaro meu tio e vejo seu pombo de Adão subir e descer enquanto seus olhos estavam em suas próprias mãos como se não quisesse encarar a garota.
—Senhor Amaro... - o vejo apertar seus próprios dedos ao ouvi-la. —Seu irmão acabou de chegar! - então meu tio eleva seus olhos para a garota que ajeita seus óculos.
Os dois se olham de uma maneira diferente e fito Rodolfo que também está observando a cena com a mesma curiosidade que eu.
—Diga que Isabella já foi embora e estou em reunião... - a garota assente e se vira se retirando rapidamente.
O silêncio volta e minha mente só consegue pensar em meu tio e na menina, talvez imaginando que ele estava interessado nela, mas não algo casual, mas sim algo sério, deixando meu interior em êxtase pela possibilidade de vê-lo finalmente se apaixonando.
—Então tio, vai me contar o que há entre vocês dois? - ele me fita com os olhos arregalados e isso confirma que ele sente algo.
—Me respeita menina! - solto uma gargalhada pela sua resposta. —E ela me odeia... - me acalmo atenta.
—Quem não te odeia, tio? - pergunto recebendo uma risada contida. —Com isso você já está acostumado... - balanço os ombros como se aquele fosse um argumento.
—Mas é diferente vindo dela! - me surpreendi com sua resposta.
—O senhor está apaixonado! - Rodolfo responde e concordo, não teria como negar.
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Chefe e secretária! Porque não?!Próximos capítulos prometem!
Bjs
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Ella - Escolha a quem proteger
RomanceUm casamento forçado! Uma guarda cedida! Um relacionamento fechado! Uma filha protegida! Tudo o que Rodolfo Guliman não precisava era de uma esposa prometida a ele pelo chefe da máfia Amaro, e muito menos que essa mulher era a filha preferida do h...