Ella Amaro
Ouvir meu pai relembrar que fui traída me desestabilizou, mas saber que ele me forçava casar com seu braço direito ou ser levada para a turquia, era o que me fez ficar pior ainda. Sempre sonhei ter minha própria empresa - legalizada - e coordenar meus funcionários e não homens que matam, assassinam e no fim não tem remorso pelo o que fez.
A cena no quarto e a tensão não era das melhores, pois Rodolfo não abriu a boca e eu me via sozinha, não tendo para onde correr, meu corpo queria se jogar da janela do quarto que só fui perceber nesse momento acima da cama porém o espaço para entrar ar era fino demais.
Meu pai somente ficou em silêncio e eu não tinha como ir contra, mesmo que até agora meu "noivo" tinha se mostrado inparcial ao casamento, e até protetor a mim, eu não o conhecia e não sabia do que ele era capaz.
—Tenho outra escolha? - vejo meu pai negar e suspiro. —Sou obrigada a transar com... - então sinto ser observada por Rodolfo que se vira lentamente na minha direção e paro de falar.
—Isso são vocês que se resolvam, mas ninguém pode saber desse acordo, nem mesmo suas irmãs... - confirmo. —Então ajam com naturalidade! Coisa que você sabe fazer muito bem Ella! - me lembro das aulas de teatro que tive aos meus quinze anos quando achava que queria seguir carreira como atriz, mas não foi dessa maneira quando me apaixonei por administração. —Rodolfo vai te levar para compar roupas e amanhã você irá conhecer todas as suas irmãs, entendido?
Porém meu pai não se retira do local, e fita Rodolfo, seu olhar não é dos melhores e sei que vai aprontar alguma.
—Pai! - então ele me fita. —O senhor sabe que não suporto que fume, então não me venha com o papo de que ele não devia ter feito aquilo! - seu olhar se acalma e o vejo assentir concordando comigo.
—Está livre para ficar com ela o resto do dia! - ele assente e meu pai se retira do quarto nos deixando a sós.
Sinceramente, eu não tinha a mínima ideia do que pensar ali, pois Rodolfo se afastou de mim trancando a porta e foi até o closet sumindo lá para dentro, voltou com um vestido de alça larga, e rodado branco, o que me fez sorrir inconscientemente e ele notara, pois travou seu olhar em meus lábios me fazendo ficar séria logo em seguida.
—Tome um banho, vamos ao shopping, e nada de tentar fugir! - ele joga o vestido na cama e então vejo uma sandália baixa que é colocado ao chão. —Vou resolver um assunto pessoal e em vinte minutos estou de volta... - seu olhar me percorre. —Precisa de mais tempo? - nego. —Ótimo! - então sai e me tranca me fazendo me encostar na parede mais próxima e deixo que as lágrimas saiam livremente.
Tudo o que eu queria era estar longe daqui, estar com minha amiga Bia que havia aprontado seu quarto para finalmente morarmos juntas e começar a trabalhar de secretária em alguma empresa de escritórios importantes no centro de Campo Grande, mas nada é perfeito e o quarto de Rodolfo parece ser o único lugar onde vou morar daqui para frente.
Meu olhar caiu no vestido e me lembrei dele dizendo que eu estava deplorável, sendo uma coisa "tão" legal de se dizer em uma situação como a minha. Então me rendi ao que eu poderia ao momento. Um banho.
Consegui lavar meu cabelo e "relaxar" um pouco mais, me troquei e o esperei sentada na cama enquanto observava o quarto, vi que um dos criados mudo tinha tranca me deixando curiosa, mas fiquei na minha quando a porta se abriu o mostrando com uma feição séria e fechada.
—Vou tomar banho e saímos... - ele passa direto por mim e volta ao banheiro com a roupa que iria vestir.
Em minutos ele estava pronto, abriu a porta do quarto e logo estávamos no elevador, então quando o quinto andar piscou paramos e não entendi o que acontecia, porém a porta se abre mostrando uma garota que parecia ter seus oito anos, olhos azuis e ruiva, fitei Rodolfo que a chamou com a mão e ela entrou correndo a abraçando logo em seguida que a pega no colo e me deixa feliz internamente.
—Quem é ela, Rô? - sua voz era de menina, mas seu olhar era de uma crinaça que entendia muito mais do que muitos poderiam saber.
—Sua irmã Ella! - então a menina me observa por inteira e desce de seu colo vindo até mim devagar. —Foi com ela que seu pai vai me casar! - arregalo os olhos que o plano era conhecido pela garota que agora estava na minha frente me analisando.
—Faz seu tipo! - elevo minhas sobrencelhas. —Janet queria aqueles biscoitos para ela? - olho Rodolfo que assente e a menina nega com a cabeça. —Okay! - fico confusa. —Vou dar um jeito para mantê-la longe dela! - a porta do elevador se fecha e não consigo parar de encarar a garota.
—Qual é seu nome? - ela me fita e sorri de lado.
—Minnie e seu dispor, Bella! Mas pode me chamar de Nina! - franzi o cenho ao apelido novo. —Pelo jeito você e Rodolfo ainda não conseguiram conversar direito sobre algumas coisas que acontecem, não? - me viro para o homem que não me olha e fica em silêncio. —Não liga para ele! - volto a fita-la. —Ele não quer se casar igual a você...
—Quantos anos você tem? - pergunto logo que consigo, pois não parecia que ela era simplesmente uma criança.
—Tenho oito anos, e sou considerada uma criança super-dotada! - então eu sabia que ela era realmente minha irmã, não sangue puro, mas era o mais próximo dos sangue Amaro e por isso era daquela inteligência. —Meu QI é alto, então entendo as coisas melhores que outras crianças...
—Entendo! E como... - paro de falar quando a porta se abre e vejo a imagem de meu pai na recepção do prédio.
Seus olhos caem sobre mim e minha irmã e solta um sorriso enorme me lembrando o tempo que ele ainda se parecia com um pai, e não somente um chefão da máfia, me apertando o coração. Mas Minnie o vê e sai correndo sendo pega por ele que a gira no ar e percebo seu vestido vermelho de renda e leve.
Sinto o toque de Rodolfo nas minhas costas e me guia até meu pai que está enchendo o rosto de Minnie com beijos a fazendo dar garlhadas gostosas e me fazendo esquecer por um momento que aquilo nunca será uma família, mesmo que por alguns segundos se aparecesse uma.
—Vou leva-la conosco, senhor! - Rodolfo sorri vendo Minnie se divertir e meu pai concorda. —Tem algum pedido antes de sairmos? - ele me observa por alguns segundos e vejo pela primeira vez meu pai de verdade.
—Se divirtam, e por favor Minnie... - a menina para de rir e o encara. —Nada de trazer mais canivetes para casa... - arregalo meus olhos para a menina que revira os olhos e concorda. —Ja basta a coleção que te dei e as espadas! - então sinto Rodolfo apertar minha cintura como se soubesse o que eu estava achando daquele comentário.
—Mas pai, a Janet fica provocando o Rodolfo... - fito o homem que está ao meu lado e ele fecha os olhos como se não acreditasse que aquilo estava acontecendo. —Janet é uma irmã má... - semicerro os olhos e percebo que ela está encenando, e algo ali parece um combinado que deu certo para cima de meu pai que respira fundo e concorda.
—Vou dar um jeito de você não ficar mais no mesmo andar que ela, okay? - elevo minhas sobrancelhas e ela sorri lindamente abraçando o pescoço de meu pai e estrala um beijo em sua bochecha descendo de seu colo e logo agarra minha mão. —Boas compras meninos! - ele deseja antes de sentir novamente o toque em minhas costas e nos encaminhamos para fora do prédio.
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Mais um pessoal?O que estão achando??
Bjs
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Ella - Escolha a quem proteger
RomanceUm casamento forçado! Uma guarda cedida! Um relacionamento fechado! Uma filha protegida! Tudo o que Rodolfo Guliman não precisava era de uma esposa prometida a ele pelo chefe da máfia Amaro, e muito menos que essa mulher era a filha preferida do h...