JULIANA
Eu desci da moto e entrei em casa, subi para o quarto com minhas sacolas e fiquei descalça, quase gemi de alívio.
Deixei as coisas jogadas na cama e fui para o banheiro fechando a porta, tomei um longo banho e depois que me troquei guardei tudo e desci na cozinha.
C.R estava fuçando alguma coisa no armário, eu passei direto e sem falar com ele.
Abri a geladeira pegando de lá um Danone, me sentei em uma das cadeiras da mesa e comecei a tomar.O pai da minha filha ficou me encarando o tempo todo e aquilo já estava me deixando agoniada.
— Oque foi, caralho ?. Perdeu a bunda aqui ? —
— Como é que é ?, se é doida ? Entrou sem falar nada, passou aqui sem falar e não posso nem te olhar ? Se liga.
Tu ta achando que o barraco da Natália foi culpa minha ? Não foi não. Ela é obcecada, quer que eu faça oque ? Até aqui ela nunca tinha dado motivo pra eu querer matar —— Não é isso, é que parece que só porque eu resolvi ficar tranquila e deixar rolar, ela vem e me fala que você é dela, que é capaz de matar por você.
Vocês dois tem alguma coisa, Cláudio ? Se tiver não tem problema só me fala a verdade —— Ela te falou oque ? Quem vai matar alguém agora vai ser eu, essa vagabunda é retardada, só pode ser isso.
Que mané tem alguma coisa, Juliana. Eu só transo com ela...transava, não é nada de mais e outra, ela só quer grana e reconhecimento, leva fé ?. Eu nunca vou dar isso pra ela, nunca mesmo, e eu já falei e disse, se ela encostar a mão em você eu queimo aquela piranha viva ! —Pude ver o ódio nos olhos dele quando falou em queimar o projeto de puta.
— Você é capaz disso ? — Ouvi a risada que saiu de sua boca e tentei me manter firme.
— Ela vai ser só mais uma na minha lista do churrasco — Encarou minha barriga e passou a mão. — Como vocês estão hoje ? — Sentou ao meu lado.
Ouvir ele dizendo aquilo de uma maneira tão simples me fez arrepiar, quando processei a informação o olhei ouvindo sua pergunta.
— Estamos bem, eu, só com um pouco de pés inchados e ela com fome, como sempre — Senti a bebê chutando e puxei a mão dele pro lado onde ela mexia.
— Ela já tinha chutado hoje ? — Sorriu pra lá de largo sentindo minha filha chutar. — É uma sensação mó boa sentir que minha filha esta bem e saudável —
Neguei em resposta a pergunta.
— Tô podendo, chutando só quando o pai faz carinho — Revirei os olhos e ele me mostrou língua.
— Sabe, eu estava pensando em alguns nomes....quer ouvir ? — Me arrumei na cadeira e fitei seus olhos, ele logo balançou a cabeça positivamente.
— Eu pensei em Maitê, Emanuelle e Clara —— Espero que não tenha pensado em Gema — Começou a rir e eu desferi um tapa no braço do mesmo.
— Que piada idiota —
— Que violência é essa, porra ? — Levantou subitamente e me pegou no colo, mesmo estranhando me segurei firme e o vi caminhar até a sala. Quando ele se sentou no sofá passei os braços pelo pescoço do mesmo e sorri.
— Aí gata, pra ser bem sincero contigo, eu gostei de Emanuelle — Continuou ele.
— Sério ? Foi oque eu mais gostei também — Beijei sua bochecha e pousei a cabeça em seu ombro. — C.R, eu sei que pode parecer aleatório. Mas....se alguém mexer comigo.....de forma imperdoável, oque você faria ? —
— Eu já te disse que eu mato, e pode ter certeza que não vou ter piedade nenhuma. Você carrega minha filha, e eu gosto de você....não quero que nada te aconteça, sabia ? Eu vou te proteger, de tudo e de todos — Passou a mão no meu rosto e selou minha testa.
— Mas tá perguntando isso por que ? Alguém fez alguma coisa contigo, Juliana ? —— Na....não eu só perguntei por perguntar, calma. Tirando a louca da sua amiguinha sexual, ninguém fez nada — Olhei em seus olhos
— Mas....tenho que te falar uma coisa muito séria, eu.....eu estou morrendo de fome —Primeiro me olhou com preocupação e depois riu.
— Pô, se me deixa preocupado assim. Mas vamos lá comer, tá muito cansada pra ir lá ? — Me deixou no sofá e levantou.
— Vou tomar um banho rápido pra gente ir lá, bele ? —— Vai, eu vou só me trocar, tá bom ? — Subi as escadas atrás dele e entramos no quarto, fui até o closet e procurei uma roupa fresquinha, aqui no Rio de Janeiro faz muito calor.
Peguei um shortinho jeans que por um milagre era dos antigos mais ainda servia. Por cima, vesti uma blusa de alcinha feita de seda, coloquei uma rasteirinha nos pés e me sentei na cama pra esperar o Cláudio.
Um dos quatro celulares que estavam ao meu lado, acendeu vibrando, hesitei por um momento mas acabei pegando. Como não sabia a senha, apenas desci a barra de notificações e vi uma mensagem da tal Natália.
Ela chamou ele de amorzinho e disse que estava com saudades, perguntou se ele ia hoje porque ela tava com vontade de dar gostoso.
Imunda demais essa garota, ia procurar conversas antigas mas lembrei outra vez que não sabia a senha. Deixei o aparelho na cama e vi seu dono sair do banheiro, senti uma certa raiva, mas a gente não tinha nada, então eu nem poderia sentir ciúmes.
Olhei pra ele de bermuda e sem camisa, levantei pegando meu celular, coloquei no bolso do short e fui até a porta do quarto.
— Vai vestir um sutiã, não ? Tá marcando ai ó ! —
Colocou a camisa no ombro e pegou uma arma, travou colocando na cintura, enfiou os celulares nos bolsos da bermuda e por fim me encarou.
Cruzei meus braços.
— Não vai colocar camisa não ? Tá mostrando tudo ai ó — Falei imitando ele de certa forma e revirei os olhos.
— Eu vou assim, sim, pronto e acabou, C.R —— Tá bom, Juliana, vamos antes que eu fico puto nessa merda, caralho viu, quer mostrar os bico anda logo sem blusa —
Saiu andando calado e eu fui atrás de dele. Chegamos na lanchonete, e o idiota pediu logo um X tudo, na minha vez, pedi um X Burger.
Num dado momento me olhou e viu que meu seios continuavam marcando. E também que haviam dois babacas na mesa do lado que não paravam de olhar.
C.R pegou a arma e colocou na mesa, eles desviaram o olhar no mesmo instante e ele me encarou de novo.
— Vai querer refrigerante ou suco natural ? —
— Pode ser suco natural, o obstetra falou que refrigerante da gases e o bebê acaba tento cólica quando nascer — Falei dando uma leve risada pela cara que ele fez.
Os lanches chegaram e assim que terminei o meu, pedi outro e depois um sorvete grande.
Nós voltamos pra casa e eu subi para o quarto, troquei de roupa colocando uma camisola folgada que marcava apenas a barriga.
Me deitei e liguei a TV, procurei algo interessante e passado apenas cinco minutos, Cláudio entrou no quarto.
— Juh, vou ter que sair tá ? Já, já eu to de volta —
Beijou a minha testa e eu me virei. Ele estranhou mas pareceu não ligar muito e saiu tranquilamente de casa.
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Da Zona Sul pro Morro.
RomanceJuliana é uma garota mimada de dezessete anos, que vai ter seu mundo virado de cabeça pra baixo. Uma fuga do internato pra uma festa, nunca havia machucado ninguém, até agora. Mas ela vai conhecer o lugar onde passará o resto da vida, vai conhecer...