Da Zona Sul pro Morro.

Ela chegou.

JULIANA

Juliana já não aguentava tanta dor, estava exausta, chorava, conversava com a Manu, mas de nada adiantava.

Eu coloquei ela na cama e fui fazendo massagens mas a essa altura já não funcionava também.

— Amor...me ajuda...não consigo esperar mais, chama alguém —

Pediu em meio às lágrimas e eu balancei a cabeça saindo puto.

Juliana sabia que eu ia socar alguém.

Mano, eu tava fodido de raiva pelo estado dela, ela já estava sofrendo a mó cota e ninguém voltou no quarto. Não foi falta de chamar.

Fui procurar aquela vagabunda.

Andei rápido pelos corredores e vi ela dentro de uma sala tomando café, meu sangue ferveu na hora.

Entrei na sala e peguei ela pelos cabelos mandando as outras calarem a boca.

— Minha mulher tá lá naquela merda de quarto, sentindo uma dor desgraçada e você aqui tomando cafezinho ?. Tem mais umas oito grávidas sentindo dor nesse andar e as puta resolve fazer reunião no cabaré ?  —

Puxei mais o cabelo dela que pediu pra eu soltar.

— Vamos fazer o seguinte ! — Levantei a camisa mostrando a arma na cintura.
— Vocês vão levantar esses cu usado daí e vão cuidar muito bem do pessoal que precisa de atendimento. As grávidas principalmente, e outra....vão ficar quietinhas pra não morrerem, pode pá ? —

Concordaram e saíram cada uma pra um quarto, soltei o cabelo da outra e ela foi andando rápido pra onde Juliana tava.

Entrou e fez o maldito exame de novo e sobrou pro meu braço outra vez.
Mas agora levei uma mordida.

Fechei os olhos e coloquei a mão na cabeça da Juh pra ela se acalmar.

Logo a enfermeira saiu e voltou com um médico, levaram minha namorada pra outra sala.

Eu ia junto pra qualquer lugar que ela fosse. Mas depois de um certo ponto não me deixaram mais, disseram que eu precisava me trocar pela segurança da minha filha.

Depois de tudo pronto e eu vestido adequadamente, entrei na sala de parto.

— Juliana....vou precisar que você faça bastante força. Sua princesa está pra vir ao mundo, mas preciso que me ajude okay ? —

Ela concordou com lágrimas nos olhos enquanto o médico arrumava suas pernas.

— Vamos lá, no três. Um, dois, três ! —

Segurei a mão direita da Juh com firmeza enquanto tentava passar alguma segurança e ajuda.

— Juh, sei que não sou muito bonito, mas olha pra mim e faz força —

Ela fazia o máximo de força pra dar à luz a nossa menina enquanto chorava.

— C.R......Tá doendo — Limpei o rosto dela e minha mão foi apertada outra vez.

— AAAAHHHHH AAAAAARGGG —

— Vamos Juliana, força, não consigo ver ela, mais força ! — O médico incentivou e eu ouvi uma enfermeira alertar sobre a pressão da Juliana.

— Vamos lá....—

— Vamos, meu amor.....tô aqui com você.....por favor, só mais um pouco —

Limpei o suor dela com uma toalha que um enfermeiro me entregou e segurei novamente sua mão.

Ela suava frio apertando minha mão e era visível que colocava o máximo de força que conseguia.