Revelação

9.2K 405 11
                                    

JULIANA


Haviam se passado dois meses e eu não voltei mais pro quarto do C.R.
Eu e ele nos distanciamos muito depois daquilo, ele se fechou mesmo depois que eu o desculpei, estava frio, como eu nunca vi antes.

Já eu, nem dirigia a palavra a ele mais, apenas quando necessário, mas ele adorava me tirar do sério, eu só cuidava dos meus assuntos e ele dos dele, me dava dinheiro e eu me sentia incomodada quando isso acontecia, mas fora isso estávamos conseguindo viver.

Neguinho não mexeu mais comigo e Nick vivia aqui em casa, eu só estava com cinco meses mas minha barriga já estava bem grande.


Eu ainda não descobri o sexo do bebê e na ultima consulta o médico me disse que era normal, mas eu precisava engordar mais cinco quilos.

O bebê dava umas leves mexidas mas quase nunca chutava, eu iria a mais uma consulta do pré Natal hoje, o médico disse que finalmente se tudo desse certo e o bebê cooperasse conseguiríamos ver o sexo.

A merda era que o pai da criança iria comigo, pra estragar o momento com aquela cara amarrada de sempre.

Me levantei da cama indo pro banheiro e me arrumei rápido, peguei minha bolsa com os documentos necessários, desci as escadas vendo C.R já sentado no sofá.


Passei direto e fui até a cozinha, pelo jeito ele quem fez o café, tomei rápido porque provavelmente eu já estava atrasada.


Já no hospital eu fui entregar os meu documentos pra recepcionista, ela me mandou aguardar que meu obstetra logo chamaria.

O pai do meu bebe levantou e simplesmente saiu pela porta principal, vi ele atravessar a rua e puxar um cigarro branco, acendeu e tragou.

Meu coração se acalmou, por um minuto achei que ele me deixaria ali e iria embora.

Fiquei observando como ele estava mudado em tão pouco tempo, era estranho, parecia mais forte e o semblante mais pesado.

Sai de meus devaneios quando ouvi meu nome ser chamado, suspirei ao ver que ele nem se moveu lá fora, me levantei e caminhei até o consultório sozinha.

— Bom dia, Juliana, como vai ? — Fui cumprimentada ao entrar.

Ele já estava familiarizado comigo, porque o pai do bebê era bem estressadinho, então era fácil lembrar da gente.

— Bom dia, estou bem, como vai o senhor ? —


— Bem também. Olha, se tudo der certo a gente consegue descobrir o sexo hoje, em ! —


Sorri ouvindo oque ele dizia.


— Estou super ansiosa —


— Por favor, pode se deitar ali e levante bem a blusa, vou passar o gel e começar o procedimento, okay ? —

Me deitei na cama hospitalar e levantei a blusa, ele passou aquele gel que eu odiava por ser muito gelado, toda vez eu me arrepiava e hoje não foi muito diferente.

Ele apagou a luz e ligou o aparelho de ultrassom passando-o sobre minha barriga, eu ouvi o coraçãozinho acelerado do meu bebê, foi inevitável eu não me emocionar, toda vez eu acabava chorando. Logo eu, que cheguei a odiar tanto esse bebê.


Vi a porta ser aberta sem nenhuma cerimónia, revirei os olhos pela falta de educação do C.R mas permaneci quieta.

Dr. Roberto se virou para trás vendo o mal educado.


— O senhor não pode entrar aqui dessa maneira —


— Ô doutor, fica na sua ai que eu não tô pra ladainha, morô ? — Se aproximou e eu apenas revirei os olhos.

Da Zona Sul pro Morro.Onde histórias criam vida. Descubra agora