JULIANA
O dia amanheceu e eu não deixei minha filha no berço nem por um segundo, eu estava receosa com tudo que aconteceu, não entrava em minha cabeça que eu matei uma pessoa a sangue frio.Sempre julguei os atos de C.R e acabei fazendo igual.
Falando nele, o mesmo estava me tranquilizando ao máximo, por ele e pela minha pequena eu estava tentando ficar um pouco menos grilada com tudo isso.
A segunda feira veio chuvosa então o movimento era mais fraco na boca, C.R decidiu ficar comigo e eu fiquei feliz.Dormimos um pouco mais e acordamos lá pelas dez da manhã ouvindo Emanuelle chorar manhosa e com fome.
Eu tirei o sutiã deixando meus seios livres, dei um peito e logo o outro, ela se encheu e ficou quietinha novamente, a coloquei pra arrotar e por fim, arrumei aquele corpinho pequeno na manta rosa.
Minha menina ficou o tempo todo olhando para os meus olhos.
— Que foi, minha princesa ? — Passei a mão na barriga dela e beijei o pescoço fazendo bolinha, ela sorriu e agarrou meu rosto. — A mamãe vai te morder —
Fingi morder a barriga dela e a mesma novamente riu.
— Olha ela um pouco ? — Encarei C.R.
— Pode pá....—
Entrei no banheiro e tomei um longo banho, sai e vesti uma blusa de frio do meu namorado.
Fui pra varanda e ele me deixou na minha por um tempo. Sabia que eu ainda tava descontente com oque fiz. O mesmo me disse que a primeira morte nas costas é a pior.
Senti o vento frio em meu rosto e pernas. Me apoiei no vidro e respirei fundo lembrando do barulho dos tiros ontem, fiquei um tempo olhando minhas mãos e pensando no que minha mãe me diria se soubesse oque fiz.
— Que foi, meu amor ? — Passou a mão em minha barriga por dentro da blusa de frio e eu me virou de frente o olhando com os olhos cheios de lágrimas.
— Pô, já falei pra ti.....não fica assim —
— Por mais maldita que a Marcela fosse, ela tinha um filho pra criar.
É difícil não ficar assim.....você é tão acostumado com isso, eu tentei ficar mais tranquila, mas não dá pra minha mente suportar — Abracei ele afundando me rosto em seu peito nu.Recebi um beijo no topo de sua cabeça e ele resolveu quebrar o silêncio.
— Juliana, presta atenção numa fita que vou te falar ! —
Suspirou me fazendo o olhar enquanto segurava meu rosto gentilmente.
— Tu fez aquilo, pela nossa filha, entendeu ? Tu não controlou a raiva e não foi culpa tua, entende de uma vez por todas que vida de mulher de bandido é isso aí. Se tu não tá no meu corre, uma hora você vai fazer os seus próprios corres, caralho. Tu não é mais aquela paty não, tu é uma mulher e agora tu tem responsa nas costa, morô ? —
Assenti.
— Estou aqui pra ti e tu tá pra mim, tenho certeza. Mas essa é a realidade da favela, se precisar fazer de novo, o teu subconsciente vai te obrigar a fazer e vai ter que continuar sendo forte, pela Manu, pela sua família. Por mais cruel que tenha que ser —
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Da Zona Sul pro Morro.
RomanceJuliana é uma garota mimada de dezessete anos, que vai ter seu mundo virado de cabeça pra baixo. Uma fuga do internato pra uma festa, nunca havia machucado ninguém, até agora. Mas ela vai conhecer o lugar onde passará o resto da vida, vai conhecer...