Capítulo sete

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Lili não estava acostumada a ser surpreendida pelas pessoas. Levara algum tempo até que ela aprendesse a interpretar o comportamento das pessoas, como separar os honestos dos enganadores, o real do falso.

Mesmo assim, desde os 17 anos, tinha se esforçado para não deixar ninguém passar pelo seu filtro.

Pensava que havia compreendido Cole Sprouse desde o início. Mas, pela maneira como ele olhava para a foto em preto e branco e falava sobre sua família, com um amor e uma afeição tão profundos... aquilo a levara a imaginar se as primeiras impressões em relação a ele estavam erradas.

À primeira vista, um homem como Cole parecia não precisar de ninguém. Não quando se mostrava tão perfeito e tão intocável e, certamente, não quando deixava óbvio que passara a vida inteira às voltas com estranhos que faziam de tudo para agradá-lo em troca de migalhas da sua atenção.

Ficar ao lado dele naquela cozinha, tão próxima, com o calor da palma da mão dele sobre seus lábios, quase a tinha feito implorar para que ele a beijasse. Sem dúvida, ela provavelmente faria exatamente isso se não fossem os latidos de Ternurinha, que surgiram no momento mais oportuno.

Mas, no fim das contas, o beijo que ele lhe dera no rosto foi o que mais a deixou chocada.

Ela se pegou desejando que ele continuasse com a estratégia original, e bancasse o homem encantador com um único objetivo na cabeça. Porque, mais do que qualquer coisa, ela precisava reprimir suas emoções antes que as coisas piorassem dentro de si.

Não podia, de jeito nenhum, sentir algo pelo homem encantador com a filhote adorável de yorkshire... não quando já sabia o que iria acontecer depois de assistir ao show ao vivo entre sua mãe e seu pai se desenrolar na casa em que vivera durante 17 anos.

Havia um bom parque que permitia a presença de cães e ficava a poucos quarteirões da casa de Cole. Dava para ir a pé até lá. Mas ainda assim era tempo suficiente para que pelo menos duas dúzias de completos estranhos os abordassem com exclamações sobre a filhote incrivelmente adorável — ou, mais especificamente, o dono e sua cadelinha.

Se ela ouvisse as palavras tão linda e adorável mais uma vez, iria obrigar Ternurinha e Cole a vestirem máscaras da próxima vez que saíssem juntos em público.

Não que estivesse planejando alguma aparição em público ao lado dele, é claro. As circunstâncias presentes eram extraordinárias, afinal de contas, e não o começo de qualquer tipo de quarteto que circularia pela cidade.

Pobre Atlas, pensou ela enquanto o dogue alemão empurrava Ternurinha com o focinho e a filhote soltava um latido feliz. Ele iria ficar com o coração partido quando Lili encontrasse outro treinador para a sua nova amiga.

Bem, talvez, se conseguisse ser dura o bastante e confiar em si mesma quando estivesse perto de Cole, poderia fazer algumas concessões adicionais à sua agenda diária para continuar trabalhando diretamente com os dois. Ela certamente tinha autocontrole suficiente para manter aquele relacionamento num nível profissional durante as próximas duas semanas, não tinha?

Quando encontraram um espaço desocupado na grama, ela colocou sua bolsa com equipamentos de adestramento e avisou:

— Vamos trabalhar com reforços positivos hoje. Cole ergueu as sobrancelhas.

— Você quer que eu recompense essa pestinha depois de tudo que ela fez hoje de manhã?

Lili fez um sinal sutil para Atlas, e o cão parou de arfar enquanto observava um esquilo subir pelo tronco de uma árvore, concentrando toda a sua atenção nela.

— Bom garoto — disse ela, sorrindo. — Deite.

Ela levou a mão até a pequena bolsa que havia prendido à alça do cinto e agachou-se para lhe entregar um petisco. Em seguida, afagou-o entre as orelhas e olhou para Cole.

Se você fosse minha▪️ SprouseHart CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora