Capítulo Vinte e Nove

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Lili nunca esteve tão ocupada com cães, com seu serviço... e com Cole. Não conseguia nem mesmo dormir um número adequado de horas por noite — não com um homem tão pecaminosamente bonito em sua cama ou quando estava na cama dele. Mas o repouso que conseguia obter quando o corpo de Cole a envolvia, ou quando usava os músculos sólidos do parceiro como travesseiro, eram melhores do que uma noite  inteira  de sono sozinha.

E ele a surpreendia a cada dia. Não somente com risos. Mas com mais amor do que ela jamais poderia imaginar que teria.

Na noite de quarta-feira Cole a levou, junto com os cães, para um show de música ao ar livre no parque. Os  membros da banda eram seus amigos  e ele conseguiu ingressos de cortesia em lugares ótimos. Juntos, os dois riram ao perceber que os rabos dos cachorros balançavam no ritmo da música. E quando o sol se pôs, ele a colocou entre suas pernas e a manteve mais aquecida do que qualquer cobertor poderia fazê-lo.

Na quinta-feira, os dois estavam no veleiro de Smith, com os cães usando coletes salva-vidas especialmente feitos para eles. Ternurinha estava sob um dos braços de Cole e a outra mão dele segurava a de Lili com força, enquanto Atlas permanecia deitado aos seus pés. Ela nunca percebera antes o quanto a ponte Golden Gate era bonita ao pôr do sol... ou como era bom poder compartilhar aquela beleza com alguém que ela amava.

Na sexta, quando pensou que estaria pronta para o que Cole planejara, ele a surpreendeu completamente ao sugerir que ficassem em casa no sofá e assistissem a alguns filmes juntos. Ele a fez assistir Momentos Decisivos e, embora Lili pudesse jurar que nada faria com que ela se interessasse por basquete, teve que admitir que se emocionara ao final do filme. Em retribuição, ela escolheu A Noviça Rebelde para assistir em seguida, e, embora Cole não admitisse o quanto gostava  do filme, ela  percebeu que ele cantarolava uma das músicas-tema, My Favourite Things, enquanto escovava os dentes.

Lili teve que dar crédito aos esforços de Cole. Ele era incrivelmente bom em tudo o que fazia, desde amá-la incondicionalmente até fazer com que conversasse um pouco mais a cada dia sobre os sentimentos que tinha por seus pais. Sentindo-se segura nos braços dele, começou a perceber  que, mesmo que estivesse ligada ao seu pai e sua mãe por laços de sangue, tinha conseguido construir uma família verdadeira para si mesma ao manter boas relações com amigos, colegas de trabalho e os animais de que tinha cuidado durante os anos.

Uma parte dela ainda não conseguia aceitar totalmente o fato de que Cole era a pessoa que a ajudara a ver as coisas mais claramente. Era muito diferente da primeira impressão que lhe causara, de um homem egoísta e vaidoso.

Era encantador?

Com certeza, Cole era encantador. Com carisma de sobra, o bastante para que os olhos de Lili quase doessem em todas as ocasiões em que os revirava por causa de Cole, e com as reações das mulheres que constantemente o observavam com desejo.

Mas era um mentiroso, um traidor?

Não, não era.

Pelo contrário. Era uma das pessoas mais honestas que ela já conhecera. Tudo ficava às claras com Cole. Ele não fazia joguinhos, não fazia com que as outras pessoas tivessem que adivinhar  seus motivos. Simplesmente  dizia as coisas do jeito que eram.

Mesmo assim, ela ainda estava nervosa quando chegou a manhã de sábado. Não somente porque ele participaria de outra corrida, desta vez no autódromo que ficava na região dos vinhedos, próximo à vinícola de  Marcus, mas também porque essa era a primeira vez que Lili iria passar o dia inteiro na companhia da família Sprouse.

No início, ela insistira com Lori e Sophie que não iria namorar Cole. Não conseguira levar aquilo adiante. Usara a justificativa da amizade colorida, e depois jogara tudo por terra ao sair correndo da casa de Chase e Chloe, gritando com Cole na calçada e dizendo que ele não poderia amá-la porque os dois tinham feito um acordo.

Ai.

— Parece que você precisa de um pouco de ajuda para relaxar.

Eles estavam andando lado a lado no autódromo, de mãos dadas, e Cole deu um sorriso malicioso, indicando que tinha planos quentes para mais tarde.
Planos muito quentes.

— Estou bem — ela lhe disse na mesma voz firme e autoritária que usava com cães particularmente desordeiros, quando precisavam saber que ela não estava a fim de brincadeiras.

Claro, a verdade era que Lili sempre estava a fim de brincar com Cole.

E, infelizmente, ele sabia muito bem disso.

Mesmo com todas aquelas provocações, ela achou que ele parecia um pouco tenso. Como se não quisesse realmente participar daquela corrida.

Talvez, ela se pegou pensando, não fosse tão ruim encontrar um lugar escondido atrás das arquibancadas onde pudessem relaxar a sós.

Felizmente, antes que ela pudesse ceder à insanidade que as mãos e a boca de Cole sempre inspiravam, Lori, nas arquibancadas, chamou-lhes a atenção.

— Salvos pela pirralha — ele murmurou enquanto ela foi rapidamente na direção do seu irmão, que lhe dera a incumbência de cuidar de Ternurinha. — Dylan, Barbara, Summer, esta é Lili.

Ela sorriu ao casal e à bela garotinha que se encontrava entre os dois, mas antes que pudesse dizer olá ou perguntar sobre a viagem à Europa, Cole disse:

— Não vou lhe devolver Ternurinha.

O olhar de Lili se concentrou no rosto da garotinha, preocupada com a reação dela à notícia. Mas, em vez de ficar irritada, Summer abriu um sorriso maroto para Cole.

— Eu sabia que você iria gostar dela! — gritou a menina, jogando os braços ao redor da cintura de Cole. — Quando a vimos com todos os outros filhotes, eu soube imediatamente que ela era exatamente o que você precisava para sorrir mais e ser mais feliz.

A expressão de Cole estava séria quando ele olhou por cima da cabeça loira de Summer e enxergou o sorriso torto do irmão.

— Vocês me enganaram.

— Sim. E foi como tirar o doce de um bebê.

Esse era o tipo de família à qual Lili sempre desejara pertencer.
Uma família onde até mesmo as peças que uns pregavam nos outros vinham do coração.

Mesmo assim, a imagem que Lili tinha de uma família perfeita não incluía um astro dos filmes. Sua amiga Madelaine iria morrer de inveja.
Porque Smith era exatamente como ela o vira na semana anterior, no cinema. Só que melhor.

Cole passou um braço ao redor da cintura de Lili e puxou-a contra si, com força. Com tanta força que Lili quase perdeu o fôlego.

— Smith, esta é Lili.

Smith Sprouse deu um sorriso que, com certeza, já havia derretido um milhão de calcinhas. Mesmo assim, a peça que ela usava permaneceu intacta. Não por muito tempo, claro, mas não por causa de Smith. Ela iria derreter logo, a menos que Cole parasse de esfregar a ponta dos dedos contra a parte de baixo dos seus seios.

Ela tentou se afastar um pouco dos braços de Cole, mas ele simplesmente a segurou com mais força. Ele sempre tinha se mostrado possessivo, mas nesse dia estava exacerbando.

Quando a mão de Smith se curvou ao redor da de Lili e ele a cumprimentou com um “olá” em voz baixa, ela sentiu Cole enrijecer ao seu lado.

Espere um pouco. Será que Cole realmente pensava que seu irmão, o astro do cinema, estava interessado nela?

Ryan apareceu ao lado de Smith e sorriu.

— É ótimo vê-la outra vez, Lili.

Assim como Cole, Ryan era a imagem do encanto em forma de homem bonito. Mas era aí que as similaridades terminavam. Enquanto Cole se esbaldava com pequenas ironias e sarcasmo, Ryan tinha um estilo muito mais tranquilo. Ela percebia por que as mulheres se deixavam encantar por ele, além de ficarem impressionadas com suas habilidades de jogador de beisebol.

Smith indicou a pista com um movimento de cabeça.

— Parece que está tudo pronto para você lá embaixo, C.

Se você fosse minha▪️ SprouseHart CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora