Capítulo nove

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Na manhã seguinte, quando Lili chegou ao trabalho, cansada e mal- humorada, Camila estava bastante animada em relação a alguma coisa.

— Chegou um pacote para você há alguns minutos.

O açúcar da raspadinha da noite anterior lhe causara dor de cabeça, que foi exacerbada pelo fato de que, cada vez que ela fechava os olhos, via Cole e a si mesma vestindo as roupas de época do filme e atuando em uma cena em que ele a puxava para seus braços e a beijava como se tivesse passado a vida inteira esperando por seu amor.

Ela parou sob o batente da porta do escritório quando viu a enorme caixa retangular vermelha sobre sua escrivaninha. Atlas imediatamente correu até o embrulho e começou a cheirá-lo, com o rabo balançando rapidamente.

Ninguém lhe enviava presentes.

Ela colocou a mão sobre o coração, que batia forte conforme se aproximava para pegar a caixa. Embora sua assistente estivesse louca para saber o que havia dentro, Camila, por sorte, respeitava muito a privacidade de Lili e lhe deu o espaço de que precisava, retirando-se.

Procurou por um cartão, mas não havia nada além de um imenso laço vermelho do lado de fora da caixa. Levantando a tampa lentamente, ela teve que piscar algumas vezes para ter certeza de que o que estava vendo era real.

Não conseguiu conter o sorriso quando ergueu o imenso osso para cães do fundo de veludo onde estava pousado.

— Parece que você tem uma admiradora secreta — disse para Atlas, que estava sentado como o bom cão que era, olhando para o osso com desejo. Ela o estendeu e Atlas gentilmente o tirou de sua mão antes de trotar até sua almofada no canto do escritório.

Foi então que ela viu o pequeno cartão que estava quase enterrado por baixo do grosso pedaço de veludo vermelho.

Atlas,

Senti sua falta ontem. O treinamento não foi o mesmo sem que você estivesse lá para brincar comigo depois da aula. Espero poder vê-lo hoje.

Sua amiga, Ternurinha

Lili sentiu o coração fazer uma pirueta dentro do peito quando colocou o cartão de volta na caixa. Sentia algo engraçado naquela região do peito. Tinha uma sensação esquisita nos olhos, também, como se houvesse alguma coisa neles.

— Você acabou de receber sua primeira carta de amor, Atlas — disse ela com uma voz que estava embargada pela emoção.

As orelhas do cão se ergueram quando ouviu seu nome, mas ele estava entretido demais com o osso para prestar muita atenção na dona.

O que era muito bom, porque, naquele momento, Lili não queria que ninguém olhasse muito atentamente para a sua reação ao presente.

Nem mesmo seu cão.

Cole quase arrebentou o telefone durante o dia, bem mais do que uma vez. Parecia que todas as pessoas do planeta estavam lhe telefonando.

Exceto a única que ele queria ouvir.

Ele tinha tanta certeza de que o osso para cães derrubaria a resistência de Lili em relação a ele, que ligaria rindo por causa do cartão, e então continuariam do ponto onde haviam parado no parque, rindo juntos sobre a grama.

Entretanto... nada.

Nem uma única palavra.

Em vez de manter-se à distância de seu mau humor, Ternurinha passara o dia inteiro tentando demonstrar afeto. Toda vez que ele se virava, ela estava se esfregando contra suas pernas ou implorando-lhe para que a pegasse nos braços. Os funcionários da oficina já estavam tão acostumados a vê-lo com Ternurinha nos braços que tinham parado de fazer comentários sarcásticos.

Se você fosse minha▪️ SprouseHart CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora