Cap. 20

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Talita segue Iaska até seu carro com um sorriso ilustrado nos lábios e entra logo depois dela, acomodando-se no banco do carona. Ane havia a julgado equivocadamente e agora que tem certeza da boa impressão que já possuía da pessoa da garota de olhos cinzas, conhecendo profundamente sua história de vida, só fizera sua admiração aumentar. As duas jovens acabam se distraindo em conversas aleatórias sobre o clima e a vivência na cidade e nem se dão conta do tempo que gastaram até Iaska estacionar em frente a um sobrado muito simpático com um jardim preservado na entrada.

- Valeu pela carona.

- Quer que eu entre com você? - questiona temerosa.

- Não está achando que o professor é um vampiro, né? - Talita gargalha divertida. Parece que sua sina é atrair médiuns paranoicas.

Iaska também não se contém e ri gostosamente:

- Não é isto, Talita! É que você não conhece nada da cidade, como vai ir embora sozinha depois? E eu te peço que não hesite em me comunicar se precisar de qualquer coisa que seja.

- Eu sei me virar. Sou roceira, mas não sou burra. Valeu mesmo pela ajuda, Iaska. - a morena a surpreende lhe dando um beijo na bochecha sinceramente grata por sua amizade genuína.

A moça tem que se dominar para não virar o rosto e oferecer a boca no lugar.

- Não tem o quê agradecer. Tchau Talita.

- Tchau Iaska. Inté mais.

- Inté - Iaska sorri. Talita tem razão. Ninguém pode vigiá-la vinte e quatro horas por dia. A vicentina tem seu próprio poder de liberdade e ela, melhor do que ninguém, sabe que as pessoas precisam passar por experiências para amadurecer.

A vaqueira sai do automóvel e alcança a porta da casa, sob a vigilância da médium de sustentação. Meneia a cabeça em direção da outra, Iaska compreende o recado que garante que ficará segura e tomará os devidos cuidados e dá partida mais tranquila.

- Ferreira! - Robson que havia escutado o movimento, abre a porta e a fita com entusiasmo.

- Ei. Desculpe o atraso.

- Tudo bem, entre.

Ela obedece. Entra e analisa o ambiente obstinadamente. É uma casa simples, mas limpa e organizada. Robson está com a mesma fisionomia com a qual o vê todos os dias na faculdade; o cabelo bagunçado e o semblante de quem sempre está cansado.

Ele aponta uma mesa logo depois que atravessam a sala, onde seus materiais estão espalhados.

Talita senta e tira os objetos que irá precisar.

- Pronto, vamos lá. - ele senta do lado dela. - Começarei pela matéria que está tendo mais dificuldade: “Parasitologia”. Unrum...

Talita ri dele.

- O que foi? - ele questiona ajeitando os óculos.

- Tenho curiosidade em saber por que tu decidiu ser professor e não exercer a profissão?

- Porque sou bom em partilhar conhecimento. Mas eu exerço numa ONG nos finais de semana. É bem bacana. Se quiser te levo lá algum dia desses. Tenho um trabalho num zoológico também.

- Ah, legal. Podemos marcar? - Talita se empolga. Está com uma intensa saudade dos seus animais e vê nisso uma excelente oportunidade de compensá-la em outros.

- Claro. E você, por que escolheu essa medicina?

- Pelo simples fato de gostar mais de bicho do que de gente?! - replica irônica.

Minha Cowgirl na Cidade ( Sáfico) Onde histórias criam vida. Descubra agora