Cap. 39

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As únicas pessoas que pararam para assistirem cada detalhe da cena, é um grupo pequeno de curiosos, que está espalhado pela praça, na calçada, e alguns clientes de lojas. Eles começam a cochichar entre si, se perguntando como o cão conseguira sobreviver àquele terrível acidente, pois mesmo com as visíveis marcas de sangue, ele se locomove sem nenhuma dificuldade.

Num rápido ato, Felício puxa Talita para dentro do carro, acomodando-a quase que petrificada no banco do passageiro, após um milésimo de raciocínio, e este o adentra e se senta no do motorista. O garoto toma a direção do possante rumo ao endereço de início. Nem ele mesmo sabe como está dirigindo, uma vez que, nunca tivera contato com um carro, nos anos que viveu no hospital psiquiátrico. Frea bruscamente quando alcança o jardim.

Talita retorna do transe e o olha de soslaio, estupefata:

- Onde aprendeu a dirigir?

- Você acabou de curar um cachorro, de salvá-lo da morte, e quer saber como eu aprendi a dirigir? - zomba.

- Sim - ela avisa firme.

Ele revira os olhos:

- Eu não sei, está legal? Eu apenas repeti tudo que vi você fazendo.

- Cara... Tu é esquisito! Aprendeu a dirigir apenas me observando?

- Acho que sim. Além do que li nos livros de teorias da condução de um automóvel.

- Isto é loucura. Desculpe.

- Loucura? Loucura é o que você acabou de fazer com as mãos! Você se lembra? VOCÊ CUROU AQUELE CACHORRO, TALITA!

A vaqueira fica em silêncio por alguns segundos, refletindo em algo particular. E, de repente, se lembra do jantar com a madrasta de Ane. Confere o relógio de pulso e constata que já está em cima da hora. Percebe que há algumas gotas de sangue em sua roupa.

- Que droga. Não posso chegar em casa assim!

- Vamos entrar, assim você lava seu rosto e veste alguma coisa do Adriano.

- Não quero que ninguém saiba do que aconteceu - ela o segura no braço, impedindo-o, visto que ele já está tirando o cinto e fazendo menção de descer do carro.

- Por que não? Talvez um deles saiba nos explicar que tipo de dom é esse!

- Nós vamos descobrir sozinhos. Ok?

- Você não confia mais nos seus próprios amigos? - Felício a encara intrigado.

- Não é isso. Só quero que fique entre nós, ao menos por enquanto.

- Está bem Talita! Vou na frente ver se tem alguém. Fica atenta.

- Certo.

Felício entra na casa calmamente, examina se há alguém, e faz uma rápida projeção da consciência para percorrer os cômodos. Retorna da pequena viagem astral, e vai para a porta acenar para Talita.

A vaqueira obedece. Para na porta em frente a ele.

- Tem certeza que não tem ninguém aqui?

- Absoluta. Eu me projetei.

Talita meneia a cabeça impressionada com os dons do menino, e sentindo-se confiante, entra de vez na casa em direção do quarto dele.
Ela vai pro banheiro, tira o casaco, a camiseta, os tênis, e a calça.

Felício avisa:

- Pode tomar um banho se quiser. Vou pegar roupas limpas.

Talita assente. Toma um banho ligeiro. E, como Felício não havia voltado com as roupas que prometera, decide ir para o quarto, apenas de toper e cueca, com suas roupas sujas enroladas na mão.

Minha Cowgirl na Cidade ( Sáfico) Onde histórias criam vida. Descubra agora