Cap. 40

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Adriano não controla a fúria e começa a agredir Felício com socos, sem piedade alguma.

- Solte-o agora!

Adriano só para ao ouvir a voz alterada de Talita. Ela está de pé com algumas sacolas em mãos. São os livros que havia comprado com Felício e que tinham esquecido no carro, graças aos últimos acontecimentos. A vaqueira os viu assim que alcançou o trânsito e deu retorno para entregá-los gentilmente ao amigo, e ao voltar, como se tivesse sido atraída para ali exatamente por conta disso, se deparou com aquela cena lamentável.

Os olhos dela brilham como duas labaredas e parecem mudar, atingindo todas as cores do arco-íris até se tornarem negros. Adriano estremece. Solta Felício e este cai desfalecido no piso frio da lavanderia.

- Como ousa bater em alguém que não pode se defender? - ela pergunta com o timbre agressivo.

- Eu devia ter surrado ele até morrer! - Adriano provoca. - Depois dessa traição!

- De qual traição está falando? Tu pirou?

- Você foi pra cama com esse idiota!

- O quê? Você bateu nele por que acha que transamos? - Talita averigua incrédula.

- E não transaram?

Talita não contém mais os ânimos exaltados, ofendida. As sacolas se soltam de suas mãos sem perceber, e ela parte para cima de Adriano lhe dando socos. Munido pela ira, sentindo-se enganado, rejeitado e inferior, Adriano se defende e eles travam uma séria briga ali mesmo.

Felício foi esperto o bastante para entrar em projeção assim que Adriano começou a surrá-lo. Se ele resolvesse bater nele até matá-lo, estaria longe para não ter que sofrer com a dor.
Por sorte, ainda estava por perto, e sentindo a vibração de Talita, retorna e pega os dois se agredindo violentamente. Felício não pensa muito. Não deixaria que eles se machucassem por causa de um mal-entendido. Então, decide colocar tudo que aprendera nos livros em prática. Mesmo que acordasse sem energia, cheio de dores e hematomas, ele usa o restante dela para induzir uma projeção astral nos dois, aproveitando-se do fato deles estarem suscetíveis, e acaba dando certo. A dupla sai do corpo sem se darem conta. Seus perispíritos ultrapassam as paredes da casa e a briga continua no plano imaterial. Felício tenta chamá-los, mas eles não dão ouvidos, continuam transferindo socos e chutes um no outro.

Iaska estava entretida em seu banho, até que a iluminação da casa começa a falhar de repente, e as lâmpadas ficam oscilando. O chuveiro fica frio, e ela sai rapidamente da ducha.
Escuta barulho de vidros trincando e quebrando. Ou eles estão sendo atacados inesperadamente, ou Adriano e Felício estão aprontando. Ela se enrola na toalha e sai pela casa procurando-os para saber do que de fato se trata. Encontra-os na lavanderia.
Talita também está no meio deles. Os três estão em transe.
A sensitiva usa de suas capacidades projetivas e os traz de volta ao mundo material. Quando ela abre as pálpebras, eles já estão despertando da viagem.

A tábua de passar roupas está jogada em cima de Talita, enquanto Adriano tenta se livrar das cordas dos varais, e Felício continua perto da máquina de lavar, acordando gemendo de dor.

- O que foi que vocês fizeram? - Iaska investiga num grito ensurdecedor.

Se a situação não fosse realmente preocupante, qualquer um iria rir dela com os cabelos molhados bagunçados, dentes trincados, espuma por todo comprimento da pele, apenas com a toalha cobrindo suas partes íntimas, roxa de raiva.

- Pergunta pra ele! - Talita joga a tábua apenas com uma mão para longe de suas pernas, e a outra aponta Adriano barbarizado.

- É melhor perguntar pro Einstein aí - ele balança a cabeça em direção de Felício.

Minha Cowgirl na Cidade ( Sáfico) Onde histórias criam vida. Descubra agora