Cap. 29

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Quando elas chegam no apartamento, Talita ignora a namorada e vai tomar um banho demorado. Logo depois ela se entrega a um livro da matéria que está tendo dificuldade e acaba perdendo a noção de horas. Está distraída na varanda com vista pra cidade, que há na sala, quando Ane surge chamando-a:

- O jantar está pronto.

- Não estou com fome, obrigada! - Talita finge não vê-la.

- Vai continuar me tratando assim, tem certeza? - a eterna ruiva bufa.

Talita arfa. Contorna as mãos pelo cabelo e o rosto, fecha o livro, se levanta da cadeira e passa por Ane, evitando olhar para ela.

A loira permite que uma lágrima escorra em sua bochecha rosada, e sentindo a energia do pai se aproximando da porta, a seca para que ele não a encontre assim.

- Boa noite Ane - ele entra, fecha a porta e guarda a maleta em cima de um móvel.

- Boa noite pai. Como foi seu dia?

- Ah, bem. E o seu?

- Bem também.

- Ane.

- Sim, pai. Tem algo para me falar? - a vidente pressente.

- Na verdade, tenho. Eu não quis contar imediatamente, pois queria ter certeza se realmente daria certo... Enfim, eu estou me relacionando com uma pessoa.

- Está namorando? - Ane se surpreende. Acreditava que o pai morreria um solteirão irremediável. Pois desde que Iolanda falecera, ele não teve mais nenhum interesse em mulher alguma. Geovane é um homem bonito, elegante e educado. Muitas mulheres não resistem ao charme contido em sua personalidade discreta e séria, sempre deixando um ar de mistério e quero mais. Entende porque ele passara a chegar tarde todas as noites e a desaparecer nos finais de semana, sempre inventando uma reunião extra de trabalho ou passeios com amigos.

- Sim, já faz algum tempo que estamos nos conhecendo. Mas não quis me precipitar. Agora, que decidimos atar um compromisso, desejo que você a conheça. Concordo que já está na hora de assumi-la oficialmente.

- Claro, pai. Fico muito feliz por você. Sabe que sempre apoiei você a encontrar alguém que te mereça, para compartilhar a vida - é sincera, uma vez que desencarnando, seu pai não ficará sozinho.

- Eu sei, minha linda. Podemos almoçar os quatro amanhã?

- Quer que a Talita também vá? - impressiona-se.

- Sim, por que não? Ela faz parte da família agora!

Ane sorri satisfeita.

- Tem razão, obrigada por reconhecer isso pai.

- Não tem o que me agradecer. Essa menina me mostrou que merece toda minha confiança! Ela te ama de verdade. E na minha falta, vai me substituir.

Os olhos de Ane marejam de emoção. Ela dispensa o auxílio da palavra e abraça o pai calorosamente. Geovane corresponde com todo amor.

- Jante comigo - pede com um tom de voz meigo.

- Claro. Talita não vem? - ele lhe dá um beijo na testa.

- Não. Está estudando, não tem fome.

- Ok, vamos lá.

- Mas me conte, - Ane pede passando o braço em volta da cintura do homem, conduzindo-o para a cozinha - como é minha madrasta?

Geovane gargalha:

- Ah, acho que sou suspeito para falar, mas ela é uma mulher incrível!

Pai e filha mergulham entusiasmados na novidade. Quando terminam de comer, lavam as louças, secam, e guardam interagindo profundamente. Quem visse poderia achar um momento sem importância, mas para pai e filha, que ficaram tantos anos afastados emocionalmente, é uma oportunidade imprescindível de reforçar os laços de amor, respeito e união, tornando uma ocasião banal, em um instante especial. Assim que finalizam a tarefa, se dão um boa noite carinhoso, visto que Ane voltara a ser a garota sensível que criara, e cada um vai para seu quarto.

Minha Cowgirl na Cidade ( Sáfico) Onde histórias criam vida. Descubra agora