Cap. 25

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Ane é recebida com imensa alegria, inúmeros gestos de gentileza e carinho. Ela fica feliz por estar sendo zelada com tanto afeto pelos seus.

Certa manhã, após tomar o desjejum no quarto  acompanhada pela noiva, que tinha o preparado com desvelo para agradá-la, a mesma comunica assim que coloca a bandeja na escrivaninha:

- Agora que está se sentindo melhor emocionalmente e mais apta a sua condição, vou voltar pra faculdade e recuperar minhas notas. Conversei com o professor Robson por telefone ontem e ele disse que vai me ajudar em tudo que eu precisar.

- Faça isto amor. Aliás, era o que devia ter feito há muito tempo - a eterna ruiva concorda com um sorriso tranquilo. O pânico de perder Talita com a morte de seu corpo havia diminuído consideravelmente com o apoio e os conselhos de Margô.

- E tu, minha sardentinha, quando vai decidir voltar pra universidade? - a vaqueira cruza os braços exibindo seus músculos expostos por uma camisa de mangas curtas.

- Não tenho mais ânimo para estudar, Talita - confessa cabisbaixa.

- Por que não, minha branquinha?

- Não quero falar sobre isso. Vá se arrumar antes que acabe se atrasando.

- Certo, mas primeiro quero te dizer que Geovane e eu conversamos...

- Olha que lindinho! - Ane bate palmas. - É tão bom ver que estão se dando bem! Pelo menos minha cegueira está servindo para alguma coisa boa.

Talita sorri embaraçada, uma vez que é fato que está se esforçando para se entender com o sogro. Depois da intensa conversa que tiveram na clínica, ambos passaram de se tolerarem para se conhecendo e respeitando a existência um do outro.

- Enfim, resolvemos contratar uma acompanhante para te auxiliar enquanto estivermos fora.

- Não preciso de uma babá - Ane faz bico.

- E nem tem mais idade para isso - Talita sorri para contemporizar.

- Eu não estou inválida Talita! Esquece esta ideia - Ane objeta fitando o espírito de Margô que surge esperadamente no quarto. Desde que Ane decidiu sair do hospital, ela sempre aparece.

- Mas, minha sardentinha, só queremos te ajudar! - Talita retruca pacientemente.

- Eu já tenho quem me ajude - a loira fixa Margô, que sorri orgulhosa. - E te garanto que é mais eficiente que qualquer pessoa, não querendo desmerecer o trabalho dos outros, certo?

- Tem alguém aqui, né? - Talita olha para todos os lados do dormitório na esperança de capturar algum detalhe do mundo invisível, só que em vão, mas agradecendo a Deus por não ser vidente como a amada.

Ane ri:

- Tem sim.

- Hum, e posso saber quem é seu novo amigo? - estreita os olhos.

- A Margô.

- Quem é essa?

- A esposa falecida do Maurício.

- Depois desta vou tomar banho - Talita suspira vencida indo apressada para o lavatório. Ainda estranha a capacidade de ver um espírito nitidamente. Automaticamente se lembra do policial e o sentimento de gratidão o envolve onde ele está no momento, cumprindo com seu papel na segurança da civilização curitibana. Sente vontade de visitá-lo como havia prometido, mas com tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo, acha difícil encontrar uma oportunidade favorável. Apenas deseja que ele e sua família estejam bem e começa a se perguntar qual a ligação que ela e sua noiva tem com eles.

Minha Cowgirl na Cidade ( Sáfico) Onde histórias criam vida. Descubra agora