Cap. 55

497 49 33
                                    

- Estou - Talita responde prontamente. Pega o revólver e o entrega para Adriano, que o guarda no cós da calça novamente. - Só preciso fazer algo antes - ela entra no carro, e é seguida pelo amigo.

- Tudo bem. Vou te dar o tempo que precisa, assim podemos planejar o ataque. Enquanto isso, vou enrolando a Beatrice como der - Adriano comenta colocando o cinto.

Talita solta um profundo suspiro e confessa:

- Quando chegar a hora, terei que me afastar de vocês.

- Me deixa ir com você Talita. Os guias vão me banir da equipe depois do que iremos fazer.

- Não. Eu preciso que fique e cuide da Ane por mim - pede fixando-o profundamente. - Ela vai sofrer muito quando eu for embora. Vai ser pior que me perder pra morte. Eles vão te perdoar e te aceitar de volta.

- Mas pra onde você vai?

- Eu ainda não sei, Dri. Não quero pensar nisso, não agora.

Adriano apenas faz que sim. É muita informação para ser digerida e não quer aborrecer Talita com indagações que nem mesmo ela possui as explicações exatas. Ficam em silêncio ao retornarem para a casa de Nair, cada qual ansiosamente preso em seus pensamentos, matutando no que terão que executar e na colheita de suas ações.

(...)

Ane está passando pelo corredor onde fica a biblioteca procurando pelos outros moradores, e ouve um choro abafado. Entra para ver de quem é, e o que acontece. Encontra Marjorie no meio de algumas prateleiras segurando um livro aberto.

- Jo o que você tem? Se emocionou lendo? - Ane coloca as mãos nos ombros dela sorrindo para descontrair.

A garota não se assusta com a presença da ruiva, como se a sentisse antecipadamente.

- Não é isso. É que... - ela dá uma pausa, desistindo do que ia dizer.

- Ei, sabe que pode confiar em mim, né? - Ane agacha para ficar da altura de seu rosto.

Ela assente cabisbaixa, mais segura para desabafar.

- Unrum. É que eu estou gostando de um menino, mas tenho medo dele não me corresponder por eu ser uma pessoa com deficiência.

- Eu sabia que tinha homem no meio - Ane solta uma gargalhada divertida que acaba contagiando a moça que sorri de canto um pouco envergonhada. - Jo, se ele gosta mesmo de você, isso não será impedimento - a vidente prossegue já séria. - Não vê a Talita e eu? Ela não me deixou mesmo depois de eu ter perdido a visão.

- Eu sei, mas é que não tenho coragem de me declarar. Acho que ele me vê apenas como amiga.

- Me admira você ainda não ter usado sua tatovidência pra descobrir isso - Ane ri.

- Sua boba. As coisas não funcionam assim. Não tenho o direito de invadir a intimidade das pessoas. Mesmo que às vezes me dê vontade - um sorriso suave sapeca brota nos lábios da garota.

- Deixa eu ver; esse garoto por um acaso é o Fe? - a alva franze a testa.

- Como você sabe?

- Eu usei minha vidência agora - Ane zomba.

- Sua sem graça - a moça dá uma livrada de leve no braço de Ane num tom de brincadeira.

- Enfim, ele parece que é meio devagar, então você que vai ter que chegar nele e ver se isso vai além de uma amizade.

- Pois eu digo que ele anda quase parando - Marjorie sorri do próprio comentário.

Ane a acompanha:

Minha Cowgirl na Cidade ( Sáfico) Onde histórias criam vida. Descubra agora