Cap. 31

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Ane fecha a porta na mesma velocidade que abriu.

- O que foi sardentinha? - Talita questiona estranhando a atitude da noiva.

- O quarto está ocupado - a voz da loira falha.

- Como assim? - Talita abre a porta novamente num suspiro de incredulidade, vasculhando o dormitório - Não tem ninguém aqui, Ane!

A eterna ruiva ultrapassa a namorada, e para alguns centímetros da entrada.

- Não que você consiga enxergar - ressalta.

- Ah, oh... - Talita balança a cabeça de baixo para cima, finalmente entendendo o que ela quer dizer - E o que faremos?

Ane passa os olhos pelo quarto, e os espíritos que estão ali parecem alheios a presença de ambas, continuando com seus afazeres.

- Eles não sabem que estão desencarnados, Talita. Nem sequer nos notaram.

- E o que fazemos nesses casos? - Talita joga a mala no chão, retira o casaco, e dobra as mangas da camisa.

- Bom, - Ane dá mais uma longa examinada. Há uma senhora trajando um vestido de época e um homem com as mesmas características, usando um chapéu - eles parecem inofensivos. Vamos esperar os outros dormirem e avisamos o Dri e a Iaska para então tomarmos alguma providência.

- Ah, e teremos que dividir o quarto com eles até lá? - Talita leva as mãos no cabelo e inclina a cabeça levemente para trás, inconformada.

- Sim - Ane ri. - Não quer que os nossos amigos pensem que somos malucos, não é?

- Isso não deixa de ser uma loucura! - Talita vai em direção do banheiro.

- Se eu fosse você procuraria outro banheiro, o homem acabou de entrar aí! - Ane cruza os braços rindo do contexto.

Talita arregala os olhos e sai do quarto a todo vapor.

- Sua medrosa!

Talita ainda tem tempo de ouvir Ane debochando dela, do corredor, numa risada estridente, mas não dá a devida importância, simplesmente vai parar no banheiro do segundo andar.
Ela faz suas necessidades fisiológicas, e quando está lavando o rosto e as mãos na pia, a porta se abre.

- Oh, desculpe! Não sabia que estava ocupado! - Iaska pede envergonhada.

- Ah, tudo bem, Iaska, já terminei e estou saindo. Eu é que peço desculpas, pois esqueci que não estou mais em casa, e não tranquei a porta.

- Sem problemas, Talita.

O silêncio se faz total. As duas sustentam os olhares num clima indescritível. E só são interrompidas por Patrícia fingindo uma tosse.

- Atrapalho?

- Claro que não! - Talita puxa a toalha do descanso e se seca rapidamente.

- Não mesmo - Iaska responde se afastando.

- Então posso? - a moça interroga com ironia apontando o interior do banheiro.

- Fica a vontade! - Talita vai atrás de Iaska, sob o olhar desconfiado de sua rival. - Não ia usar?

- Perdi o foco - Iaska sorri. - Você parece assustada! Aconteceu alguma coisa?

- Ah, tirando o fato de que tem um casal de mortos-vivos no nosso quarto, não.

- Eu ouvi mortos-vivos? - Adriano surge animado atrás delas e as enlaça no pescoço.

- Sim. Lá em cima.

Minha Cowgirl na Cidade ( Sáfico) Onde histórias criam vida. Descubra agora